segunda-feira, julho 03, 2006

Jovens fazem corridas ilegais em locais públicos

São jovens entre os 18 e os 26 anos oriundos de famílias das classes alta e média alta. Em comum têm o gosto pela velocidade nas estradas. “Gostamos de dominar a fera”, confessa ao Diário XXI, Guga, de 19 anos, proprietário de um comercial aparentemente normal, mas que debita uma potência superior àquela com que foi fabricado: 120 cavalos. Quem olha para o carro não diz o que lá vai dentro. “Nós não embelezamos os carros. Nós mexemos é nos motores, na centralina e na electrónica, para ter melhores performances e não estragar”, salienta Guga, que já foi mecânico e se iniciou na velocidade mesmo antes de ter carta condução. “Não é a carta que conduz”, argumenta.
O jovem que acedeu falar ao Diário XXI sob anonimato afirma que há muitas formas de “tuning” (do verbo inglês “to tune”, que significa “afinar, sintonizar”). Alguns carros modificados “são baixa cilindrada e baixa potência, com a mecânica vinda directamente da fábrica. Esses são bonitos por fora, mas chegam às curvas e não são carros, são autênticas bailarinas”.
Com ou sem bailarinas, as corridas no Parque Industrial do Tortosendo, Senhora do Carmo (Teixoso) ou no Martinho (Belmonte) são feitas, quase sempre, em rectas, nas madrugadas de sexta e sábado. E não são meras corridas. “Envolvem quase sempre apostas com valores nunca inferiores a 500 euros”, diz o jovem, que já viu apostar cinco mil euros numa corrida. “Perde-se dinheiro e até carros”, acrescenta Guga, sem explicar se alguma vez se envolveu nessas apostas.

(...)

GNR aparece de surpresa, mas sem detectar grandes irregularidades

A concentração de carros de “tuning” em pelo menos dois locais do concelho da Covilhã está a merecer especial atenção por parte da Guarda Nacional Republicana e da Brigada de Trânsito, que já surpreenderam mais de uma dezena de adeptos com carros alterados.
Segundo o comandante da GNR da Covilhã, David Martins, as rectas de Senhora do Carmo, na Estrada Nacional 18, perto do Teixoso, e o Parque Industrial do Tortosendo, têm sido o locais mais frequentados nas madrugadas de sexta e sábado. “Detectámos as concentrações e agimos em conformidade”, disse David Martins, acrescentando que “foram feitas acções de fiscalização, nomeadamente no parque industrial do Tortosendo”, não tendo sido, entretanto, observadas irregularidades nos veículos transformados. “Levantámos autos de contra-ordenação, por exemplo, por utilização indevida de faróis de nevoeiro”, acrescentou o comandante, considerando que “as alterações feitas nos carros estavam todas dentro da legalidade”.
Segundo Hélder Almeida, comandante do Grupo Territorial de Castelo Branco da GNR, as concentrações de carros alterados têm-se verificados “um pouco por todo o distrito”, com um número de veículos que não ultrapassa a meia-dúzia.
“A situação que mais nos preocupa e à qual estamos atentos verifica-se na Covilhã, embora tenham sido detectados casos pontuais no Fundão”, nomeadamente, na Avenida Eugénio de Andrade.

Diário XXI

Sem comentários: