sábado, julho 29, 2006

O orgulho da Estação


YANNICK DJALÓ está a mostrar-se a grande revelação do Sporting neste início de temporada. Anteontem marcou dois golos ao Benfica, tendo já um total de quatro. Começou a dar nas vistas desde muito novo: foi de Lisboa para a Covilhã, integrou uma espécie de Academia da Associação Desportiva da Estação (ADE) e por lá ficou três anos. Podia ter ido para o Benfica, mas foi o Sporting que ficou com o jovem Yannick, por 2500 euros (500 contos). Hoje já deve valer bem mais. Para o presidente da ADE, o Benfica-Sporting foi um jogo de emoções mistas: orgulho pelo miúdo, desgosto pelo seu Benfica.
O presidente da AD Estação, Vítor Rebordão, ficou radiante quando viu um dos seus miúdos brilhar numa noite de futebol algarvia. Yannick Djaló, que facturou por duas vezes na baliza de Moreira e chegou definitivamente à ribalta. E Vítor como que sentiu o que ia fazer o miúdo, como carinhosamente o trata na conversa telefónica com A BOLA... «Sendo adepto do Benfica, parece que foi a primeira vez na vida que o Benfica perdeu e não fiquei chateado. O miúdo marcou dois golos e eu fiquei muito feliz por isso. O curioso é que estava a ver o jogo pela televisão com amigos e disse-lhes que não me importava que o Yannick marcasse dois golos... desde que o Benfica marcasse três. Afinal, tudo bem no que respeita ao miúdo, só que o Benfica nem um conseguiu fazer », diz meio irónico meio desgostoso. Entusiasmado, Vítor Rebordão repete-se e reforça: «Fiquei muito feliz por ver o miúdo marcar dois golos. Porque, afinal, sempre está ali alguma coisa do nosso trabalho. É um orgulho grande para a AD Estação ter participado num produto da sua formação.» Instado a contar a história de Yannick Djaló, Vítor Rebordão recorda o seu percurso até à saída para o Sporting: «Sabe? Nós temos um lar para jovens futebolistas, pagamos a estada e os estudos, lembro-me que na altura vieram cinco miúdos e o Yannick, que é da Guiné-Bissau, veio de Lisboa para cá. Era infantil, esteve três anos connosco e começou a dar nas vistas. O nosso coordenador, o professor Cruz, que é um grande benfiquista, deu a informação ao Nené, disse que tínhamos cá um miúdo muito bom e que o Sporting já andava atrás dele. Só que o departamento de formação do Benfica disse que já tinham muitos estrangeiros e como ele era guineense... » Falhado o Benfica, o Sporting resolveu avançar. E o negócio acabou por fazer-se, por cerca de 2500 euros. Vítor Rebordão aponta o bom funcionamento da detecção de talentos dos leões, ao contrário do seu clube: «O Sporting tem várias pessoas ligadas ao Sporting da Covilhã e vários sportinguistas desta região a funcionar como olheiros no futebol juvenil. Um deles é o professor João Paulo, que é o seleccionador distrital de Castelo Branco. Penso que foi ele quem indicou o Yannick ao Sporting. Foi visto duas ou três vezes em competição por elementos da captação leonina e, por fim, foi o próprio Aurélio Pereira [director do departamento de prospecção] quem o observou e levou para lá. Já foi há cinco anos. Sou benfiquista, ando há 30 anos no futebol, o mesmo tempo que sou dirigente neste meu clube, que é a Estação, tem 600 sócios e é da cidade da Covilhã, não dos arredores, como tenho visto escrito. Infelizmente, o clube da minha simpatia não está a fazer um bom trabalho... Porque, por exemplo, já saíram daqui vários jovens para o FC Porto e também para o Benfica, mas até agora só o Yannick vingou.»
*retirado do jornal "aBola"

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