A poucos meses de eleições, o Plano Tecnológico tem que ganhar a maioridade da sua relevância estratégica nacional. Tem que conseguir dar resposta às questões que continuam por responder:
1 – O modelo de criação de valor na maior parte dos sectores económicos do país continua a enfermar da falta de “leitura” estratégica dos novos drivers do crescimento – a “mecânica” de Porter e de outros discípulos da competitividade ainda não está suficientemente internalizada na prática da maior parte das empresas que a montante (utilização de recursos) e jusante (integração nos circuitos comerciais internacionais) patenteiam ainda falhas estruturais incompreensíveis;
2 – A dimensão social do paradigma nacional está esgotada. Novos desafios exigem soluções pragmáticas e claramente que a integração social e fomento da empregabilidade, próprios duma sociedade justa e equilibrada, têm que assentar na sustentabilidade do mercado económico e não (apenas) em dinâmicas artificiais de política pública meramente conjunturais. A justiça social potenciada pelo emprego tem que assentar na capacidade dos actores sociais criarem aquilo que recebem, para que o sistema funcione de forma sustentada;
3 – A aposta na Inovação Tecnológica tem que ser lida a partir do mercado e da fase final da Cadeia de Valor. Criar novos produtos e serviços, melhorar processos, qualificar a utilização dos circuitos internacionais, dando-lhes dimensão e escala, é o caminho exigido por quem procura. Continua a haver uma utilização inadequada de recursos e esforço em I&D a partir da Oferta, quando o pragmatismo da Economia Global o que exige é respostas claras, atempadas e marcadas pela criatividade.
4 – A relação dos Cidadãos com o Estado tem que duma vez por todas ser clara, transparente e eficaz. Numa sociedade sem tempo, exigem-se respostas rápidas, simples e sobretudo potenciadoras do “valor” mais importante que é a noção da qualidade de vida no exercício do direito da cidadania. Por isso, importa qualificar e sustentar essa relação, cabendo ao Estado o papel central de criação das condições de salvaguarda dessa relação.
Num tempo global cada vez mais difícil, as pessoas e as empresas precisam de soluções. As Agendas de Mudança, como a que o Plano Tecnológico pretende protagonizar, não se podem fazer por decreto. Impõem um “sentido de urgência” em que a vontade da participação de todos e a capacidade de apresentar alternativas com sentido tem que ser o “enabler da diferença”. É aí que o Plano Tecnológico deverá ser capaz de dar novas respostas. Mostrar a Portugal que há uma oportunidade de reinvenção de identidade que tem por base as capacidades dos portugueses na implementação de um Modelo Estratégico de Desenvolvimento diferente e com outros resultados.
Francisco Jaime Quesado
Gestor do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento
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