O cenário repete-se a cada 4 anos. Há que retirar do banho-maria todas as obras, projectos e planos e inaugurar tudo, nem que se trate do lançamento da primeira pedra, do primeiro esboço ou simplesmente de uma ideia faraónica a executar “brevemente”.
Alguém propôs há uns anos como solução para o desenvolvimento do País que se fizessem eleições anuais, tal é a azáfama e a obra que é executada em períodos imediatamente anteriores a actos eleitorais. De facto, é nos anos eleitorais que o País realmente mexe: são betoneiras, retroescavadoras e andaimes por todo o lado; o que é preciso é que haja muito alarido, muito pó e muitas máquinas, talvez por vigorar em politica a velha máxima segundo a qual “o povo tem memória curta” e, por isso mesmo, a obra tem de ser feita em cima das eleições, não vá algum eleitor esquecer-se que o candidato trabalha, ou melhor, que obra…
Alguém propôs há uns anos como solução para o desenvolvimento do País que se fizessem eleições anuais, tal é a azáfama e a obra que é executada em períodos imediatamente anteriores a actos eleitorais. De facto, é nos anos eleitorais que o País realmente mexe: são betoneiras, retroescavadoras e andaimes por todo o lado; o que é preciso é que haja muito alarido, muito pó e muitas máquinas, talvez por vigorar em politica a velha máxima segundo a qual “o povo tem memória curta” e, por isso mesmo, a obra tem de ser feita em cima das eleições, não vá algum eleitor esquecer-se que o candidato trabalha, ou melhor, que obra…
A verdade, porém, é outra: muitas das obras lançadas, projectadas e prometidas em anos eleitorais não passam disso mesmo, de promessas. Muita da obra que põe o País a mexer de quatro em quatro anos, não passa de simples operação de cosmética. Lança-se a primeira pedra e, muito provavelmente e na maioria dos casos, a segunda pedra só será colocada daí a quatro anos. Haverá com certeza todo o tipo de culpados durante quatro anos pela não conclusão das obras, o Governo queixar-se-á das condições económicas, do deficit e de Bruxelas, e os autarcas apontarão o dedo ao Governo, mas a razão é muito simples: lançar uma obra ou fazer uma promessa não tem quaisquer custos económicos, já executá-la…
Em anos de eleições, há dois tipos de obras que são inauguradas um pouco por todo o País: por um lado temos as obras já concluídas há meses e por vezes há anos, e cujas primeiras pedras já foram anteriormente inauguradas, e que são concluídas com pompa e circunstância; por outro lado temos as obras que são lançadas, nem que esse lançamento seja apenas um esboço arquitectónico ou uma intenção. Tanto umas como as outras não passam de um embuste, uma mentira ao eleitor, e demonstram que o que realmente interessa é mais o impacto eleitoral da obra, do que propriamente a sua utilidade ou beneficio para o cidadão.
O verdadeiro prejuízo das obras eleitorais é que são na sua maioria obras desgarradas, pautadas pelo timming eleitoral, ou seja, o que interessa é que possam servir a propaganda, que é dizer sejam de rápida execução e vistosas, pouco importando que se englobem num “grande plano” ou que esvaziem a Tesouraria para o período pós eleitoral. Aliás é essa a principal razão para o facto de muitas obras lançadas imediatamente antes das eleições, parem logo após e se prolonguem depois por muitos anos. É interessante observar o verdadeiro paradoxo que muitas destas obras representam, pois se servem numa primeira fase a propaganda eleitoral, muitas vezes acabam elas próprias por ditar a queda daqueles que as lançaram: é que, e contrariamente ao que a maior parte dos candidatos acham, o povo não tem memória curta, e as promessas quando repetidas deixam de colher votos, tendo exactamente o efeito contrário.
Mas têm o efeito contrário, ou seja a perda do Poder, não apenas pela descredibilização perante a opinião pública e os eleitores, mas também, e infelizmente principalmente, pela descredibilização junto daqueles que são o suporte do poder político em Portugal, os senhores da construção civil. De facto, é a construção civil que sustenta o Poder, são eles os maiores financiadores das campanhas eleitorais e, consequentemente, são eles que sentem directamente o esquecimento, o atraso e a paragem das obras eleitorais. Se, com o lançamento da primeira pedra, muitas vezes obtêm como contrapartida do financiamento eleitoral, contratos de empreitada milionários, quando a obra para ou pura e simplesmente se desiste dela por ser economicamente inexequível, o prejuízo é inevitável.
Conheço e conhecemos todos, a nível local, empreiteiros e empresas de construção civil que são eles próprios os verdadeiros motores de campanha eleitoral, não pelo financiamento directo que fazem aos candidatos, mas pelo crédito de obras que abrem àqueles: são as piscinas, os lares, os centros de dia, os asfaltamentos que são feitos “à confiança” e que após as eleições são pagos não em dinheiro, mas com novas adjudicações, aumentando o bolo da dívida que muitas vezes acaba na insolvência das empresas. De que serve terem muitas obras se não são pagas?
Em anos de eleições, há dois tipos de obras que são inauguradas um pouco por todo o País: por um lado temos as obras já concluídas há meses e por vezes há anos, e cujas primeiras pedras já foram anteriormente inauguradas, e que são concluídas com pompa e circunstância; por outro lado temos as obras que são lançadas, nem que esse lançamento seja apenas um esboço arquitectónico ou uma intenção. Tanto umas como as outras não passam de um embuste, uma mentira ao eleitor, e demonstram que o que realmente interessa é mais o impacto eleitoral da obra, do que propriamente a sua utilidade ou beneficio para o cidadão.
O verdadeiro prejuízo das obras eleitorais é que são na sua maioria obras desgarradas, pautadas pelo timming eleitoral, ou seja, o que interessa é que possam servir a propaganda, que é dizer sejam de rápida execução e vistosas, pouco importando que se englobem num “grande plano” ou que esvaziem a Tesouraria para o período pós eleitoral. Aliás é essa a principal razão para o facto de muitas obras lançadas imediatamente antes das eleições, parem logo após e se prolonguem depois por muitos anos. É interessante observar o verdadeiro paradoxo que muitas destas obras representam, pois se servem numa primeira fase a propaganda eleitoral, muitas vezes acabam elas próprias por ditar a queda daqueles que as lançaram: é que, e contrariamente ao que a maior parte dos candidatos acham, o povo não tem memória curta, e as promessas quando repetidas deixam de colher votos, tendo exactamente o efeito contrário.
Mas têm o efeito contrário, ou seja a perda do Poder, não apenas pela descredibilização perante a opinião pública e os eleitores, mas também, e infelizmente principalmente, pela descredibilização junto daqueles que são o suporte do poder político em Portugal, os senhores da construção civil. De facto, é a construção civil que sustenta o Poder, são eles os maiores financiadores das campanhas eleitorais e, consequentemente, são eles que sentem directamente o esquecimento, o atraso e a paragem das obras eleitorais. Se, com o lançamento da primeira pedra, muitas vezes obtêm como contrapartida do financiamento eleitoral, contratos de empreitada milionários, quando a obra para ou pura e simplesmente se desiste dela por ser economicamente inexequível, o prejuízo é inevitável.
Conheço e conhecemos todos, a nível local, empreiteiros e empresas de construção civil que são eles próprios os verdadeiros motores de campanha eleitoral, não pelo financiamento directo que fazem aos candidatos, mas pelo crédito de obras que abrem àqueles: são as piscinas, os lares, os centros de dia, os asfaltamentos que são feitos “à confiança” e que após as eleições são pagos não em dinheiro, mas com novas adjudicações, aumentando o bolo da dívida que muitas vezes acaba na insolvência das empresas. De que serve terem muitas obras se não são pagas?
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