sexta-feira, julho 10, 2009

Parlamento dos Açores vai 'regulamentar' Twitter

O presidente da Assembleia açoriana, Francisco Coelho, mereceu esta tarde aplausos de todas as bancadas quando interveio para apaziguar os ânimos exaltados por mais um incidente parlamentar provocado pelo twitter (rede social da Internet em que são colocadas pequenas observações online), e que foi protagonizado entre as bancadas do PS e PSD.

Um incidente que opôs o deputado Alexandre Pascoal da bancada socialista e o líder do grupo parlamentar do PSD, António Soares Marinho, quando - após a votação que ‘chumbou’ o pedido de urgência para a constituição de uma comissão de inquérito à construção dos navios encomendados pela Região - atravessou o hemicíclo e disse: “não fala mais no meu nome no twitter”. Isto porque o deputado independente do grupo parlamentar socialista tinha escrito online: “António Marinho insulta o líder parlamentar do GPPS devido ao pedido de urgência sobre a Com. de Inquérito aos navios Atlântida/Anticiclone”.


Acontecia por essa altura um intervalo regimental, mas o episódio não passou despercebido e provocou um verdadeiro ‘burburinho’. Com o recomeço dos trabalhos, o líder da bancada rosa, Hélder Silva, fez uso imediato da palavra e em defesa da honra afirmou:”Não lhe admito senhor presidente do Grupo Parlamentar do PSD que entre por este Grupo Parlamentar dentro e vá ofender e atentar fisicamente contra um deputado desta bancada, aliás de tal forma que até pensei, no percurso, que o senhor deputado se viria dirigir contra mim! É algo que não lhe aceito! O senhor deputado está nervoso (...) aquilo que eu lhe recomendo é que tome um calmante...”


Soares Marinho retorquiu: “Aquilo que eu fui dizer ao senhor deputado Alexandre Pascoal foi que não punha mais o meu nome no twitter e tenho todo o direito de o fazer. Não quero! E portanto, aquilo que aqui se passou foi brincadeira de computador. Meus senhores, eu aqui estou como deputado e para ter intervenção política, aqui e de acordo com o que vem defenido no regimento. (...) Tenha a coragem de dizer as coisas às pessoas na sua cara, é isso que nós estamos aqui para fazer, é isso que é um deputado, nós não somos tecladores de computador, somos deputados”.


Perante estas trocas de acusações, Francisco Coelho interveio então: não teremos, com certeza, que chegar ao Irão onde quando há uma crise se cortam os telemóveis, para dificultar as comunicações, não precisaremos disso com certeza, não é isso que nós queremos, agora também queremos e teremos que arranjar (...) boas práticas (...) ou de retomar as boas práticas interpessoais que temos no relacionamento político e debate parlamentar, e de arranjar novas práticas e boas práticas se preciso for no relacionamento de acordo com os novos meios e que envolvam, já agora, neste espaço que é reservado e condicionado, os senhores deputados (...) mas também que envolvam todos aqueles que circulam ao serviço desta casa”


“Deixo-vos a promessa que na próxima conferência de líderes trataremos também destes problemas de forma, espero eu - tenho a certeza -, razoável, democrática, de forma livre e a garantir a liberdade e a comunicação e a democracia mas também a garantir um retorno rápido a um realcionamento interpessoal que, independentemente do calor do debate e da divergência política, é e costuma ser e voltará a ser, comcerteza, exemplar entre nós, acrescentou.

E passou ao ponto seguinte da ordem de trabalhos.

Recorde-se que também nesta sessão plenária, na última quarta-feira, Alexandre Pascoal, apelidou online de "sermão (...) pleno de preconceito, demagógico e ignorância " uma intervenção de Artur Lima, líder da bancada do CDS-PP, e o líder popular acusou-o em plenário de cobardia, provocando desde então o debate em torno do uso das novas formas de comunicação.

Olímpia Granada/Hélder Blayer


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