Podem consultar aqui o relatório que tanta polémica tem gerado de Norte a Sul do país relativo à proposta de encerramento de várias maternidades e ao qual a Beira Interior parece não escapar.
Para muitos esta é mais uma medida economicista deste Governo. Eu prefiro-lhe chamar uma medida de eficiência. A verdade é que a taxa de natalidade tem decrescido ao longo dos anos no nosso país fruto de uma sociedade que tem cada vez menos tempo e dinheiro para poder pensar em ter filhos. E é no interior que isso mais se nota. Um bloco de partos para ser eficiente tem que efectuar 1500 partos por ano, número esse que muitos estão longe de atingir e daí a recomendação de este relatório em concentrar serviços.
Mas, é claro que existem outras questões a ser levadas em linha de conta e que vão muito para além dos números. Por exemplo faz-me sentido que em Cascais e Vila Franca de Xira se concentrem os partos em Lisboa, que está logo "ali ao lado" e com excelentes condições. E até me faz sentido que por exemplo os habitantes de Elvas tenham os seus filhos em Badajoz (aliás, actualmente já muitos os lá vão ter). Outros casos existem em que por proximidade geográfica, quanto a mim, se justifica a concentração, como o caso de Barcelos em Braga, Santo Tirso em Famalicão ou Amarante em Penafiel.
Agora, relativamente ao Interior e nomeadamente o Nordeste Transmontano e a Beira Interior, creio que o caso deve ser analisado com mais ponderação. Desde há anos que as populações do interior são menosprezadas em termos de cuidados de saúde e apesar de existirem unidades de saúde recentes isso nem sempre reflectiu uma melhoria da qualidade de serviços, até porque muitos serviços continuam a não existir e as populações do interior continuam a ter que deslocar-se a Hospitais Centrais (Coimbra, no caso da Beira Interior) e pelos vistos continuamos a ser cada vez mais e mais menosprezados pelo poder central. Sou a favor de todas as medidas que tragam eficiência desde que não afectem o bem estar das populações. E é nestes casos que o poder central deve zelar para que assimetrias e desigualdades não se verifiquem.
Reportando-me agora ao caso concreto da Beira Interior, pretende-se concentrar os blocos de partos da Covilhã, Guarda e Castelo Branco num só com o argumento de que actualmente os mesmos não são eficientes, o que aliás não deixa de ser verdade.
Dando esta concentração como dado adquirido, resta agora saber onde se irá concentrar este serviço?? É claro, que se perguntarem a um Egitanense ele dirá que é na Guarda, o Covilhanense dirá que é na covilhã e o Albicastrense dirá que é em Castelo Branco. Para mim todas estas opiniões são válidas e legitimas.
Olhando para o número de partos dos últimos anos constata-se que a Guarda foi onde se efectuaram mais partos (851 em 2004 e 838 em 2005) seguida da Covilhã com 650 e 675 respectivamente e no fim da lista aparece Castelo Branco com 400 partos em 2004 e 505 em 2005. Perante estes números é natural que quem viva na Guarda ache que a maternidade deve ser na Guarda
Por outro lado, olhando para as condições oferecidas pelos diferentes hospitais, possivelmente a Covilhã por ter a unidade mais recente, tem também equipamentos e salas com outras condições, para além de que é o hospital que "fica a meio do caminho", daí ser legítimo pensar que aqui é que a maternidade ficava bem.
Mas, depois faltam as gentes de Castelo Branco, que poderão argumentar que são capital de distrito e que não têm que fazer 60 km (caso a maternidade fosse na covilhã) ou 100 km( caso a maternidade fosse na Guarda) para ter um filho, para nem falar de quem vive a sul do distrito em que a maternidade mais próxima poderia ficar a muitos mais quilómetros.
Esta decisão de concentrar os 3 blocos de partos num só promete ainda fazer correr muita tinta e muitos argumentos poderão ainda ser esgrimidos.
Para finalizar, mais duas questões que deixo para reflexão no modo como o poder central está a tratar a Beira Interior:
1ª As únicas capitais de distrito que poderão ser afectadas por esta decisão do Governo situam-se na Beira Interior.
2ª Olhando para todos os outros casos que falei de maternidades em risco de encerrar, creio que a população que utiliza essas mesmas maternidades, nunca terá que percorrer mais de 50 km para a "nova" maternidade a não ser na Beira Interior (corrijam-me se estiver enganado)
Para muitos esta é mais uma medida economicista deste Governo. Eu prefiro-lhe chamar uma medida de eficiência. A verdade é que a taxa de natalidade tem decrescido ao longo dos anos no nosso país fruto de uma sociedade que tem cada vez menos tempo e dinheiro para poder pensar em ter filhos. E é no interior que isso mais se nota. Um bloco de partos para ser eficiente tem que efectuar 1500 partos por ano, número esse que muitos estão longe de atingir e daí a recomendação de este relatório em concentrar serviços.
Mas, é claro que existem outras questões a ser levadas em linha de conta e que vão muito para além dos números. Por exemplo faz-me sentido que em Cascais e Vila Franca de Xira se concentrem os partos em Lisboa, que está logo "ali ao lado" e com excelentes condições. E até me faz sentido que por exemplo os habitantes de Elvas tenham os seus filhos em Badajoz (aliás, actualmente já muitos os lá vão ter). Outros casos existem em que por proximidade geográfica, quanto a mim, se justifica a concentração, como o caso de Barcelos em Braga, Santo Tirso em Famalicão ou Amarante em Penafiel.
Agora, relativamente ao Interior e nomeadamente o Nordeste Transmontano e a Beira Interior, creio que o caso deve ser analisado com mais ponderação. Desde há anos que as populações do interior são menosprezadas em termos de cuidados de saúde e apesar de existirem unidades de saúde recentes isso nem sempre reflectiu uma melhoria da qualidade de serviços, até porque muitos serviços continuam a não existir e as populações do interior continuam a ter que deslocar-se a Hospitais Centrais (Coimbra, no caso da Beira Interior) e pelos vistos continuamos a ser cada vez mais e mais menosprezados pelo poder central. Sou a favor de todas as medidas que tragam eficiência desde que não afectem o bem estar das populações. E é nestes casos que o poder central deve zelar para que assimetrias e desigualdades não se verifiquem.
Reportando-me agora ao caso concreto da Beira Interior, pretende-se concentrar os blocos de partos da Covilhã, Guarda e Castelo Branco num só com o argumento de que actualmente os mesmos não são eficientes, o que aliás não deixa de ser verdade.
Dando esta concentração como dado adquirido, resta agora saber onde se irá concentrar este serviço?? É claro, que se perguntarem a um Egitanense ele dirá que é na Guarda, o Covilhanense dirá que é na covilhã e o Albicastrense dirá que é em Castelo Branco. Para mim todas estas opiniões são válidas e legitimas.
Olhando para o número de partos dos últimos anos constata-se que a Guarda foi onde se efectuaram mais partos (851 em 2004 e 838 em 2005) seguida da Covilhã com 650 e 675 respectivamente e no fim da lista aparece Castelo Branco com 400 partos em 2004 e 505 em 2005. Perante estes números é natural que quem viva na Guarda ache que a maternidade deve ser na Guarda
Por outro lado, olhando para as condições oferecidas pelos diferentes hospitais, possivelmente a Covilhã por ter a unidade mais recente, tem também equipamentos e salas com outras condições, para além de que é o hospital que "fica a meio do caminho", daí ser legítimo pensar que aqui é que a maternidade ficava bem.
Mas, depois faltam as gentes de Castelo Branco, que poderão argumentar que são capital de distrito e que não têm que fazer 60 km (caso a maternidade fosse na covilhã) ou 100 km( caso a maternidade fosse na Guarda) para ter um filho, para nem falar de quem vive a sul do distrito em que a maternidade mais próxima poderia ficar a muitos mais quilómetros.
Esta decisão de concentrar os 3 blocos de partos num só promete ainda fazer correr muita tinta e muitos argumentos poderão ainda ser esgrimidos.
Para finalizar, mais duas questões que deixo para reflexão no modo como o poder central está a tratar a Beira Interior:
1ª As únicas capitais de distrito que poderão ser afectadas por esta decisão do Governo situam-se na Beira Interior.
2ª Olhando para todos os outros casos que falei de maternidades em risco de encerrar, creio que a população que utiliza essas mesmas maternidades, nunca terá que percorrer mais de 50 km para a "nova" maternidade a não ser na Beira Interior (corrijam-me se estiver enganado)
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