quinta-feira, março 12, 2009

Serra da Estrela: antigas torres de radar "não vão ser vendidas", diz entidade regional de turismo

As duas antigas torres de radar da Serra da Estrela "não vão ser vendidas", ao contrário do que deu a entender um anúncio do Estado, publicado em Diário da República, disse hoje à Agência Lusa o presidente da Entidade Regional de Turismo local.

"Edifícios em locais de características únicas, como este, não são passíveis de ser vendidos", referiu Jorge Patrão, que diz ter recebido essa garantia da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças.

"Podem ser objecto de negociação de uso ou recuperação, mas não de venda. E no caso da Torre, ainda não está nada previsto", acrescentou.

A lista de imóveis a rentabilizar pelo Ministério da Defesa foi publicada em Diário da República a 12 de Novembro de 2008 e inclui as antigas instalações da Força Aérea na Torre.

A possibilidade de o Estado alienar aqueles edifícios motivou o protesto da associação Amigos da Serra da Estrela (ASE), por não terem sido ouvidos os baldios e devido a receios ambientais.

O assunto foi inclusive levado ao Parlamento através pelo deputado comunista Bernardino Soares.

"Qual o destino das infra-estruturas? Como vão ser preservadas e melhoradas as condições ambientais", perguntou o deputado num requerimento endereçado em Janeiro à presidência do Conselho de Ministros.

Apesar de desactivados, os edifícios continuam a ser utilizados para apoio das forças de segurança, que operam no ponto mais alto de Portugal Continental, mas estão muitos degradados.

Segundo Jorge Patrão, já foi analisada com o Governo a possibilidade de se lançar "um concurso de ideias para a zona da Torre", que espera venha a concretizar-se.

"Cabe-nos também agora dar um contributo, com propostas para intervenção naqueles edifícios, de maneira a melhorar toda a zona da Torre, inclusivamente do ponto de vista comercial", concluiu.


Público

2 comentários:

ljma disse...

Se bem percebo a notícia, Jorge Patrão está contente porque as torres das bolas já não vão ser vendidas. Ainda assim, pretende que sejam aproveitadas turística ou comercialmente.
Eu cá não sei, mas diria que as reservas que a associação Amigos da Serra da Estrela e o PCP demonstraram continuam igualmente justificadas. A questão não é simplesmente a da posse dos imóveis, é que contrapartidas é que os baldios recebem do seu aproveitamento e que papel é que esse aproveitamento terá na correcção ou agravamento do degradante estado ambiental da zona da Torre.

Que aquilo passe a ser propriedade de privados (leia-se: Turistrela) por tuta e meia ou que, mantendo-se a propriedade do estado, passe a ser explorado por privados por tuta e meia, não me parece grande a diferença.

Saudações
José Amoreira

Rui Peixeiro disse...

E o problema não é só das "torres das bolas", o centro comercial, casa dos "guardas da torre", ... podem ser questionados.

Se os baldios cederam os terrenos ao estado com o fim de ser lá instalado uma infraestrutura militar, sendo que essa função deixou de existir, os terrenos deveriam reverter aos seus donos!

Seja para venda ou para centros comerciais, o estado está a ter ganhos com terrenos que não tinham esse fim.