sábado, março 21, 2009

«Baptista-Bastos na Covilhã, por masoquismo?»

«A agenda municipal inchou com a presença de Baptista-Bastos. A imprensa fotografou-o, deu destaque aos convivas, mas esqueceu-se do mais importante: o eco das palavras proferidas no tasco literário (na cabeça do Silva Ramos ou do Paulo Rosa, por exemplo). Desprovido de cachet, o Grémio* vê-se na obrigação de citar o escritor. Apesar da modéstia, lendo-o talvez se percebam as razões da sua vinda e o silêncio posterior, ou não. Terá sido por masoquismo?

"A ascensão da mediocridade é estimulada nas épocas em que a paralisia cívica coloca em órbita o que de pior existe na sociedade." "A descredibilização da política advém do facto de os políticos estarem na política para organizar as suas vidinhas." "Um homem sério não é, apenas, o que não põe a mão nos bolsos dos outros. É aquele, quase irrepreensível, que espalha, em seu redor, a ética do despojamento e da integridade, com a exigência do espírito de missão."

"Há qualquer coisa de podre, há qualquer coisa de decadente e de vil neste tempo. Repare-se no rosto dos que estão no poder, e no daqueles que estão preparados para os substituir. Sempre aquelas caras que pouco se alteram. Sempre os mesmos hábitos. Sempre o mesmo sarro da aldrabice, da dissimulação, do desdém por todos nós." "O afastamento das pessoas da política e do acto cívico resulta do facto de os dirigentes não se distinguirem uns dos outros - a não ser no modo de vestir." "É raro, no historial da Imprensa, um jornal conseguir grandes tiragens e associá-las a um total equilíbrio informativo. As grandes tiragens destinam-se a um público menos exigente ou mais propenso à leveza do que à reflexão."

"Os partidos converteram-se em agências de empregos, desprovidos de ideais morais, com clientelas domesticadas porque as sinecuras e o nepotismo são compensadores." "A política, tal como é exercida em Portugal, abandonou a ideia de espírito de missão, e tornou-se num generosíssimo meio de se governar a vidinha." "O descrédito na política e o desprezo pelos políticos são impulsos de autodefesa. Mentem-nos e prosseguem, impunes, uma «carreira» que não deixa nunca de ser afortunada." O Citador »

3 comentários:

Anónimo disse...

Uma referência literária que, cada vez mais, se reveste de uma actualidade indiscutivel!

Anónimo disse...

O Paulo Rosa é o vereador da cultura não é? Esteve lá?

Unknown disse...

Cultura na COvilhã?!

hahahahah so para rir mesmo..nem precisam de vereador...não existe.
Ou se existe é completamente oposta á procura do publico!

E nem a propósito, a cultura ou é dirigida a um publico infantil ou no outro extremo a uma faixa etária sénior, a ultima presenteada com cantores pimba e almoços lanche!

Só rir..