terça-feira, outubro 03, 2006

Pinto compara proposta do Governo às leis de Salazar

Para o presidente da Câmara da Covilhã, a proposta de lei das finanças locais é “uma mudança de regime” digna das políticas de Salazar. Carlos Pinto (PSD) falava no final da reunião de ontem do executivo camarário, em que a maioria PSD (cinco vereadores, face a dois socialistas) aprovou uma moção contra a proposta de lei.
“Não haverá um único presidente de câmara satisfeito com esta lei. Contém todos os ingredientes para se dizer que estamos perante a página mais negra da intervenção governamental [após o 25 de Abril]”, referiu o autarca. “Isto é uma mudança de regime na relação entre poderes centrais e os poderes locais em Portugal. Eu diria mesmo que, se Salazar viesse ao mundo, já não podia evitar que houvesse eleições, nem teria a pretensão de nomear os presidentes de câmara a partir de Lisboa”. “Mas faria exactamente o que está a ser feito agora, ao nível da redução da autonomia político-administrativa, financeira e operacional das autarquias”, sublinhou o autarca.
Os dois vereadores do PS votaram contra a moção e defenderam as virtudes da proposta de lei das finanças locais apresentada pelo Governo. “Apenas 40 municípios passarão a receber menos do que actualmente”, sublinham.
Por outro lado, criticaram a gestão da maioria PSD, fazendo referência ao facto de a câmara da Covilhã ser a segunda mais endividada do País, numa lista do Governo que inclui 70 municípios que, de acordo com a proposta de lei, ficam impedidas de recorrer ao crédito.

COVILHÃ COMO SEGUNDA MAIS ENDIVIDADA, “É UMA FRAUDE”
A lista foi divulgada no final da última semana pelo jornal “Correio da Manhã” e refere que a Covilhã já utilizou 227 por cento da capacidade de endividamento. Dados que Carlos Pinto considera “uma estupidez e uma fraude”. “A lei ainda nem está em vigor”.
“Essas listas fazem parte da campanha do secretário de Estado, Eduardo Cabrita, contra o municipalismo. É uma tentativa de meter medo, mas a mim não me impressiona”, sublinhou Pinto. “O saldo médio da nossa tesouraria é de cinco milhões de euros, perguntem às outras câmaras quanto é”, referiu o autarca aos jornalistas.
O Governo vai apresentar na Assembleia da República a 11 de Outubro um pacote legislativo sobre as autarquias, no qual está incluída a nova Lei das Finanças Locais e diplomas relativos às taxas e empresas municipais. A proposta da nova Lei foi aprovada em Julho no Conselho de Ministros.


Diário XXI

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