terça-feira, novembro 14, 2006

Para que a jeropiga não seja esquecida

Quando o júri se reuniu para apreciar e pontuar as dez jeropigas a concurso, já a noite caíra sob o campo de futebol de Casegas. Valeram os faróis de um carro para que os quatro elementos do júri pudessem ver onde pôr a cruzinha na hora de apreciar a doce tentação de todos os anos, por altura do São Martinho. Meia centena de litros de jeropiga, em garrafão ou garrafa e 25 quilos de castanha, estavam à disposição de quase três dezenas de convivas que decidiram participar na iniciativa, organizada pela Casa do Povo de Casegas ao longo dos últimos dois meses, “para não deixar morrer a tradição”, como explicou ao Diário XXI Rui Jorge, presidente da direcção da colectividade.
Debaixo de um sol radioso, mais mulheres que homens iam fazendo a festa de copo na mão, trocando conversa e dançando ao som da tradicional música portuguesa que saía do interior de um carro. No mesmo espaço havia quem não resistisse a uns chutos na bola ou a um jogo da malha para ajudar a passar o tempo enquanto se preparava a fogueira para assar as castanhas.
“São poucos, mas são bons”, dizia o presidente da Casa do Povo de Casegas sem esconder a mágoa pela falta de participação da população da aldeia. “As pessoas julgam que é apenas um magusto”, lamenta Rui Jorge, explicando que a iniciativa visa chamar a atenção para uma iguaria de fabrico caseiro. “Queremos valorizar um produto tradicional que se faz cada vez menos nas nossas aldeias”, acrescentou o presidente da Casa do Povo, que estendeu o convite às populações vizinhas do Paul e Ourondo. Participar no concurso custava sete euros e meio. “É um preço simbólico que nos permite comprar os prémios para oferecer”, disse o responsável entre dois copos de jeropiga de marmelo, feita por ele. in Diário XXI


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