quarta-feira, março 07, 2007

Viagens na Linha da Beira Baixa

Viagens na nossa terra

Os tempos mudam, incluindo os da duração de uma viagem. Se em 1891, data em que decorreu a primeira viagem na linha da Beira Baixa - através da ligação entre Abrantes e Covilhã -, o percurso era moroso, hoje em dia em pouco mais de três horas chega-se de Lisboa a Castelo Branco em qualquer comboio regional.

Entre o ponto de origem e o de destino, é difícil escolher qual o local de passagem mais aliciante, dada a diversidade do conjunto e a singularidade de cada estação. Partindo de Santa Apolónia, passando logo a seguir para a também lisboeta mas contrastante estação do Oriente, a viagem tem início com uma curiosa ligação entre tradição e modernidade, dada a oposição entre uma estação com uma estrutura convencional e outra com um design mais futurista.

Nas proximidades de Vila Franca de Xira e Santarém a despedida da Estremadura e a entrada no Ribatejo é feita com a proeminência dos azulejos de ambas as estações e com as primeiras lezírias que as interligam, onde se torna claro que as paisagens urbanas ficaram para trás. Os azulejos de Vila Franca são prova disso, uma vez que as suas imagens referem-se a actividades da vida rural e antecipam já a entrada em cenários vincados por atmosferas bucólicas.

Ao chegar ao Entroncamento, o fluxo de passageiros aumenta e a sua heterogeneidade alarga-se, e a viagem passa por outras zonas envolventes como Vila Nova da Barquinha e, claro, Almourol, localidade conhecida sobretudo pelo seu castelo situado atipicamente em pleno rio Tejo. Este monumento secular é um dos marcos históricos mais emblemáticos da região e contemplá-lo impõe-se como um dos requisitos obrigatórios deste percurso.

Para além de acolher o castelo de Almourol, o Tejo surge como um ocasional companheiro de viagem, sendo adornado ora por vastas planícies ora por terrenos mais acidentados, estes maioritariamente na segunda metade do trajecto. Abrantes é uma das cidades que se encontra banhada pelo rio, e é a partir desta estação que os montes se tornam mais predominantes, não raras vezes ocupados por densos pinhais.

Em pouco mais de uma hora o comboio chega já a Castelo Branco, marcando no caminho a passagem por Alferrarede, Barragem de Belver ou Ródão, entre outras estações da linha da Beira-Baixa. Apesar da viagem pelos caminhos-de-ferro poder ficar por aí, a cidade convida à descoberta de mais espaços verdes, nomeadamente os do Jardim do Paço, um dos pontos de visita obrigatória.

No regresso, pode repetir-se a viagem em sentido contrário, voltando à capital, ou então continuar rumo ao norte para visitar, daí a pouco mais de uma hora, a Covilhã ou um dos locais de passagem até lá. De preferência do lado da janela, já que vistas como estas são uma irrecusável mais-valia.

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