O vídeo circulou, mas poucos se deram ao trabalho de questionar tamanho disparate. Pois a senhora Rauni Kilde era médica e directora-geral da Saúde quando, em 1986 (há mais de 20 anos), teve um acidente de viação e ficou, digamos, com uma diminuição acentuada da sua lucidez. Por essa razão, foi declarada inapta e passou a ser uma entusiasta da ovnilogia, ou seja, o que trata de discos voadores e ET, tendo publicado inclusivamente um livro em que afirma ter sido salva três vezes por extraterrestres.
Infelizmente, este tipo de argumentação - que nada tem de científico nem de lógico - tem grassado na sociedade, promovido pela circulação de e-mails e pelo sensacionalismo de alguma imprensa (é tão fácil mistificar títulos de artigos ou "cachas"!).
2. A vacina anti-gripe A
A vacina da gripe A é uma vacina segura e eficaz. Repito: segura e eficaz. E é bom que as pessoas assumam isto como um facto científico. Os efeitos colaterais que pode ter - como qualquer vacina - não a tornam insegura e resumem-se a febre baixa, dores musculares, inflamação no local da vacina e, nos adolescentes, sensação de desmaio. Os casos de reacção grave são raríssimos (menos de um caso para um milhão de vacinas!), e apenas em pessoas que tiveram reacções anafilácticas ao comer ovo (não são as inofensivas alergias da pele, mas ao verdadeiro choque "de cair para o lado").
Uma das questões que muita gente levanta é a "pressa" com que a vacina foi feita. Pois a dita "rapidez" (entre aspas) foi a necessária e suficiente, semelhante a todas as vacinas antigripais. Não houve, portanto, qualquer pressa e tudo foi feito com o controlo de qualidade adequado. Outro argumento: as multinacionais andam a ganhar muito dinheiro com as vacinas; ao que eu contesto: então os vendedores de lenços de papel também ganham com as constipações e com a gripe, o que não quer dizer que estejam envolvidos em qualquer teoria da conspiração ou de manipulação.
Mais um argumento: o adjuvante, de seu nome tiomersal, que causaria autismo e outras coisas mais. Não é verdade, e tal já foi bastamente clarificado quando da polémica, aqui há alguns anos, sobre a vacina do sarampo. O facto de alguns países retirarem estas vacinas tem a ver com pressões ambientalistas referentes ao uso de mercúrio, mas as alternativas ainda são muito escassas. Obviamente que, um dia que haja capacidade de produzir vacinas em massa sem tiomersal, serão estas que ocuparão o espaço vacinal em todos os países.
3. As grávidas e a morte fetal tardia
No nosso país, ocorrem todos os anos, em média, 300 mortes fetais após as 22 semanas de gestação. Em muitos destes casos não é possível encontrar uma explicação. Como o número de grávidas vacinadas com a vacina anti-gripe A está felizmente a aumentar, é natural que os casos como os relatados nestas duas últimas semanas - morte fetal em grávida vacinada - sejam cada vez mais frequentes, sem que isso permita extrair qualquer relação de causa-efeito.
Relembro também que a gripe A pode ter efeitos mais desastrosos na grávida do que na população em geral, devido às alterações do sistema imunitário que ocorrem na gravidez.
4. Em conclusão
As doenças matam, as vacinas não. Em Portugal, centenas de milhares de pessoas estão vivas e de boa saúde graças às vacinas. A gripe A, apesar de ser uma variante benigna e "mansa" da gripe, pode ter consequências graves, designadamente nas grávidas e noutros grupos de risco acrescido, bem como (segundo os dados da monitorização da pandemia que vão chegando) nas crianças de menos idade. Por outro lado, a contenção da pandemia passa por travar a transmissão entre as crianças, que têm sido, provadamente, as maiores disseminadoras da doença.
É tempo de optar: independentemente do que viermos a fazer (só se vacina quem quer!), há dois tipos de atitudes: a que é lógica, científica, lúcida e isenta, ou a que é sensacionalista, mal informada e não fundamentada... como os ovnis e extraterrestres da ex-ministra que nunca foi ministra...
Mário Cordeiro, Pediatra e professor de Saúde Pública - Faculdade de Ciências Médicas (Universidade Nova de Lisboa)
Infelizmente, este tipo de argumentação - que nada tem de científico nem de lógico - tem grassado na sociedade, promovido pela circulação de e-mails e pelo sensacionalismo de alguma imprensa (é tão fácil mistificar títulos de artigos ou "cachas"!).
2. A vacina anti-gripe A
A vacina da gripe A é uma vacina segura e eficaz. Repito: segura e eficaz. E é bom que as pessoas assumam isto como um facto científico. Os efeitos colaterais que pode ter - como qualquer vacina - não a tornam insegura e resumem-se a febre baixa, dores musculares, inflamação no local da vacina e, nos adolescentes, sensação de desmaio. Os casos de reacção grave são raríssimos (menos de um caso para um milhão de vacinas!), e apenas em pessoas que tiveram reacções anafilácticas ao comer ovo (não são as inofensivas alergias da pele, mas ao verdadeiro choque "de cair para o lado").
Uma das questões que muita gente levanta é a "pressa" com que a vacina foi feita. Pois a dita "rapidez" (entre aspas) foi a necessária e suficiente, semelhante a todas as vacinas antigripais. Não houve, portanto, qualquer pressa e tudo foi feito com o controlo de qualidade adequado. Outro argumento: as multinacionais andam a ganhar muito dinheiro com as vacinas; ao que eu contesto: então os vendedores de lenços de papel também ganham com as constipações e com a gripe, o que não quer dizer que estejam envolvidos em qualquer teoria da conspiração ou de manipulação.
Mais um argumento: o adjuvante, de seu nome tiomersal, que causaria autismo e outras coisas mais. Não é verdade, e tal já foi bastamente clarificado quando da polémica, aqui há alguns anos, sobre a vacina do sarampo. O facto de alguns países retirarem estas vacinas tem a ver com pressões ambientalistas referentes ao uso de mercúrio, mas as alternativas ainda são muito escassas. Obviamente que, um dia que haja capacidade de produzir vacinas em massa sem tiomersal, serão estas que ocuparão o espaço vacinal em todos os países.
3. As grávidas e a morte fetal tardia
No nosso país, ocorrem todos os anos, em média, 300 mortes fetais após as 22 semanas de gestação. Em muitos destes casos não é possível encontrar uma explicação. Como o número de grávidas vacinadas com a vacina anti-gripe A está felizmente a aumentar, é natural que os casos como os relatados nestas duas últimas semanas - morte fetal em grávida vacinada - sejam cada vez mais frequentes, sem que isso permita extrair qualquer relação de causa-efeito.
Relembro também que a gripe A pode ter efeitos mais desastrosos na grávida do que na população em geral, devido às alterações do sistema imunitário que ocorrem na gravidez.
4. Em conclusão
As doenças matam, as vacinas não. Em Portugal, centenas de milhares de pessoas estão vivas e de boa saúde graças às vacinas. A gripe A, apesar de ser uma variante benigna e "mansa" da gripe, pode ter consequências graves, designadamente nas grávidas e noutros grupos de risco acrescido, bem como (segundo os dados da monitorização da pandemia que vão chegando) nas crianças de menos idade. Por outro lado, a contenção da pandemia passa por travar a transmissão entre as crianças, que têm sido, provadamente, as maiores disseminadoras da doença.
É tempo de optar: independentemente do que viermos a fazer (só se vacina quem quer!), há dois tipos de atitudes: a que é lógica, científica, lúcida e isenta, ou a que é sensacionalista, mal informada e não fundamentada... como os ovnis e extraterrestres da ex-ministra que nunca foi ministra...
Mário Cordeiro, Pediatra e professor de Saúde Pública - Faculdade de Ciências Médicas (Universidade Nova de Lisboa)
Público
4 comentários:
Pois pois....Os laboratórios Baxter devem estar a pagar bem a este senhor.
E a vacina que quando injectada (por acaso) em furões de laboratório, os matou todos e depois veio-se descobrir que tnha os dois virus (A e normal) na vacina?
E já agora se a gripe A não é tão perigosa (em mortalidade) como a sazonal, porque a OMS alterou a designação de pandemia e a alterou para o nivel máximo?....Não venham com tretas...Os laboratórios vão meter milhões ao bolso.....Espalham o pânico e depois gozam do dinheirinho....
E se querem falar de especulações, nem vou falar da pretensa de reduzir a população mundial para 2/3...
Exactamente! E a mim não me interessa de grande coisa se a sra k fala no vídeo em questão acredita em ovnis e afins, e o k é certo é k no vídeo não pareceu sofrer propriamente de insanidade, pareceu-me até saber mto bem do k falava, só k algumas pessoas quando são confrontadas com este tipo de informações, como são muito cépticas ou até algo mais, pensam sempre em grandes teorias da conspiração relacionadas com ovnis e et`s. Ers bem melhor k fossem et´s a terem as ideias desta maçonaria internacional, pelo menos ñ era tão preocupante...como é óbvio cada um acredita no k acredita, mas se tiverem dispostos a gastarem uns euros e comprar o livro "Bilderberg", comprem e leiam...Depois as conclusões são as k voçês entenderem...Hasta!
...e claro k ñ tou aki a defender k as vacinas ñ devem ser tomadas, mas estes Rockfellers, Bushs, Rumsfelds, and so on, são tão dementes k sei lá se o k a sra diz ñ é verdade...só tomo mesmo em último caso, se precisar mesmo. Abraço aos mânfios eheh
Chega a ser hilariante a resposta do Mr. científico Mário Cordeiro.. não meto em causa que acredite no que escreve.. Rapaziada continuem a tomar vacinas, a beber água com fluoreto de sódio, a beber sumo e mascar pastilhas com aspartame..a lista não acaba. Nenhum motivo de preocupação, afinal de contas só querem reduzir a população em 80% .
Rockefeller és um génio.
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