"O blog de Manteigas iniciou uma petição online de oposição à venda dos edifícios da antiga base da força aérea da Torre. Porque concordo com as razões invocadas e com o destino que se propõe para aqueles imóveis (devolução aos proprietários — Associações de Baldios de freguesias dos concelhos de Seia, Manteigas e Covilhã — expropriados aquando da construção daquela "indispensável" base), assinei a petição."
"A propósito do anúncio da intenção de venda dos edifícios e da reacção a esse anúncio por parte do Presidente do Pólo Turístico da Serra da Estrela (ou lá como é que se chama agora a Região de Turismo da Serra da Estrela), várias dúvidas se me colocam:"
- Quem poderia estar interessado em comprar aquelas coisas senão a Turistrela? É que nos termos da lei (Lei 3/70 de 28 de Abril de 1970, Decretos-Lei 325/71 de 28 de Julho de 1971 e 408/86 de 11 de Dezembro de 1986) existe uma concessão exclusiva do turismo e dos desportos atribuída àquela empresa desde o início dos anos setenta e válida ainda por várias dezenas de anos por vir, que limitam fortemente a actividade de terceiros, ou que, pelo menos, a condicionam ao arbítrio dos concessionários. Faz sentido investir sem saber ao certo se a concessionária tolerará a presença de eventuais concorrentes ou sem saber que condições irá impôr para magnanimamente os agraciar com essa tolerância?
- Além disso, aqueles mamarrachos horrorosos estão na sua maioria praticamente em ruínas e não dispõem das infraestruturas básicas. O seu aproveitamento exigirá investimentos muito vultuosos.
- Com que objectivo poderia alguém estar interessado em comprar aquelas coisas? Para além de serem arquitectonicamente horrorosas e completamente desenquadradas no local, estão situadas no centro de uma área protegida, com um regulamento que impõe alguns constrangimentos. Faz sentido investir sem saber ao certo se o que se pretende empreender será permitido?
- Porque é que o presidente do Pólo Turístico da Serra da Estrela (sr. Jorge Patrão) se opôs à venda dos mamarrachos? É que não parece muito crível que o actual proprietário (Ministério da Defesa) se venha a empenhar nos projectos turísticos que Jorge patrão afirmou ter para os ditos imóveis. A venda dos edifícios a investidores privados pareceria ser assim um passo na direcção desejada por Jorge Patrão. Mas ele opõe-se a essa venda, o que parece indicar que tem em mente um esquema alternativo, em que agentes turísticos (e quem mais poderá ser senão a Turistrela, sózinha ou liderando parcerias?) aproveitam os edifícios sem a maçada de ter que pagar por eles num processo de venda aberto e transparente. Será isso?
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