Raízes Musicais da Beira Baixa

Ritmos cardíacos de funda ancestralidade, as cantigas populares são retratos da alma de um povo.

À procura dessa alma antiga, e da invenção melódica do povo – uma das formas mais difíceis de invenção artística –, o maestro Fernando Lopes Graça recolheu criticamente cantigas tradicionais da Beira Baixa, incluídas na Antologia «A Canção Popular Portuguesa» lançada sábado último, e já apresentada por Kaminhos.
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Com polifonia espontânea – onde soam acordeões, concertinas, bombos, adufes, beiroas, ferrinhos, flautas, entre outros –, as composições poéticas da Beira Interior são retratos sociais, religiosos, agrícolas, propriedade espiritual das povoações. Acarinhar essa herança é dialogar com as raízes e fortificar a identidade. Estudá-la e saber extrair dela a arte é elevá-la a nível universal. Mas este é um repto aos músicos investigadores. A nós cabe-nos o papel de alertar para a inapreciável riqueza musical do nosso povo e, por isso, também nossa.
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Resultado da acumulação de elementos de civilização, as cantigas da Beira Baixa têm um reportório vastíssimo marcado pela diversidade e particularismo, prova da consciência que as diferentes populações mostram das canções que lhe são «pertença exclusivamente sua, a pontos de se acusarem frequentemente de latrocínio uns aos outros», diz Lopes Graça.
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