Fernando Paulouro escreveu um editorial de um realismo verdadeiramente assustador. É assustador de facto, mas felizmente que ainda há quem tenha a sobriedade necessária para o fazer. Fernando Paulouro Neves é exacto e concreto na sua análise: “É uma realidade indisfarçável, cuja consciência parece muito difusa na sociedade, a falência da participação cívica na democracia portuguesa. Dirão alguns que essa doença é congénita, que a intervenção cidadã é (e sempre foi) de via reduzida, e que a crise de participação é global. São desculpas de mau pagador., “a verdade, porém, é que pressentimos no quotidiano excessivos sinais de silêncios e indiferenças”.
Quando lia o seu “pensar em voz alta, ou cidadania de via reduzida” e ao mesmo tempo via a cidade desaparecer ao longe dentro da carruagem 21 do Intercidades, lembrei-me de um exemplo que, mesmo sendo particular, quebra a tendência que Fernando Paulouro tão habilmente descreve: a demolição da ponte do Corges.
Enquanto que na sua crónica se cita a indiferença com que os Fundanenses agiram em relação ao Parque das Tílias, a mim parece-me relevante a atitude inconformista que muita gente tem tido em relação às intenções da REFER de demolir a Ponte do Corges, citada na “Construção Magazine”. E note-se que a diferença entre a Covilhã e o Fundão a nível de audição cidadã não é muito relevante.
Com efeito, desde que a intenção da REFER foi expressa muita tinta já escorreu sobre este assunto. Muita gente não se calou.
Quando aqui escrevi sobre a importância da cidadania na cidade, citando peculiarmente a blogosfera, pelos visto não estava tão enganado assim (ao contrário desses pseudo intelectuais da treta que ignobilmente insultam os outros anonimamente, também neste caso…).
Com efeito, a blogosfera assume uma grande importância na expressão cidadã, e é um excelente veículo de intervenção. Este caso não foi excepção. O “Carpinteira” e o “Manufacturas” estiveram na vanguarda desta luta, isso é inegável. Com a rapidez necessária que este caso pedia, a denúncia sobre destruição de um marco histórico da cidade surgiu em tom crítico, mas não insultuoso. Essa denúncia chegou ao parlamento, pelo deputado Pedro Soares do BE e, à que dize-lo, devido à pronta intervenção da blogosfera.
Este caso serve-me de exemplo paradigmático. E faz-me reafirmar um dos votos que aqui deixei para 2010: “que mais haja mais e mais cidadania activa na cidade”, “mais espaços de democracia e participação, mais vontades colectivas e mais discussão e debate (incluindo na blogosfera).”
Se a Ponte do Corges for salva muito se deve ao inconformismo e ao papel cívico com que vários cidadãos vêm a sua cidade. Nesta última edição do Jornal do Fundão, até o Presidente de Junta do Canhoso, e dirigentes de outros partidos se manifestavam sobre o assunto.
Sendo imperativa a análise de Fernando Paulouro (que o é e sabemo-lo), é também imperativo citar os exemplos que contrariam a regra.
A isto chamo cidadania: urge (re)valorizá-la!
6 comentários:
A forma como eu vejo a cidadania liga-se com o esforço de quem muito trabalha. O muito trabalho é a verdadeira força motriz do interesse público e que “empodera”o esforço de participação.Enquanto houver gente que trabalha a cidadania está garantida:)
Mas...Vivemos a ordem cósmica do sensacionalismo, muitos dos que se auto-entronizam estandartes de cidadania, apenas procuram satisfazer os seus apetites de sumptuosidade no orgulho, vaidade de aparecer e luxúria psicológica, as tão afamadas falsas virtudes. A grande vontade de poder afivela a dissimulada e travestida preocupação com o cidadão e com o interesse público, sendo mesmo predatória desta.
Lembro que, em privado, no nosso distrito, me confidenciava: “pertencer a este partido faz com que seja uma gaja respeitada e consigo “papar” mais gajos”… satisfazem-se inclinações e apetites sem olhar a meios e consequências.
“TRABALHEMOS, POIS!”
...quando conhecimento ao Pedro Soares desta situação, não foi pelo desfolhar do malmequer da cidadania... nem esteve presente no meu espírito... mas aterroriza-me pensar que a ponte vai do meu horizonte:)é uma questão de justiça para quem a construiu e para o que representa... só isso...
Nem sei se foi dessa forma que o deputado entendeu,mas tudo isto me faz um curso de filosofia que se chamava:"o imperativo categórico: seis maneiras de o usar em proveito próprio."
QUANTO MAIS CONHEÇO ESTE "ASPIRANTE A LAMBE-BOTAS" MAIS RESPEITO AS PROSTITUTAS.
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oh Odeio lambe-botas, sabes pk gostas mais de prostitutas ???? pk mais ninguém te pega só mesmo pagando - IGNORANTE
Que lindo texto........(mais uma vez)bbbbbbbbbbbbbzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz.
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