segunda-feira, março 22, 2010

R'etratos à sexta...com JM (28)

No dia 11 de Janeiro de 1924 foi inaugurado o magistral Teatro-Cine por João Ferreira Bicho, que trouxe a palco um espectáculo da Companhia Amélia Rey Colaço. Esse espaço, apesar do encerramento nos anos 80, foi adquirindo um crescente protagonismo para as práticas culturais do concelho e da região. Diversos nomes na área do Teatro, da Música, da Dança ou das Artes Performativas encheram o Teatro-Cine de magia.

Proporcionaram à cidade, e também ao concelho, vivências incríveis e partilhas sensíveis de conhecimentos e de visões do Mundo e da vida. Milhares de pessoas durante dezenas de anos dirigiram-se ao Teatro-Cine, na ânsia de serem surpreendidos. Se o ano 1992 foi um ano importante para a reactivação do Teatro, 2001 foi um ano também ele importante para a regularização dos seus espectáculos. Actualmente o Teatro tem cerca de 984 lugares, e este ano de 2010 poderá ser um ano decisivo não só para o Teatro-Cine, como para toda a política cultural da cidade, do distrito e da região.


Com efeito, a CMC tomou a louvável decisão de compra do imóvel. Era um crime a Câmara pagar um aluguer de 75 mil euros por um espaço, que mesmo sendo privado no papel, é público pelas vivências que transborda e pela sua ligação às gentes do Concelho. Este será sem dúvida um passo histórico para a cidade e para o concelho. A compra do Teatro-Cine, e as oportunidades que dela podem surgir, são não só uma estratégia a nível de política cultural, como são uma estratégia a nível de desenvolvimento económico e social. Poderão haver ideias, projectos, propostas. A verdade, e já dizia o ensaísta e escritor Joseph Joubert, “quem tem imaginação mas não tem cultura, possui asas mas não tem pés”. Não há forma mais clara de dize-lo. Uma cidade com imaginação mas sem cultura, é uma cidade infecunda que vive na inércia.


Os políticos locais sabem-no. Não é por acaso que no passado dia 12, todas as bancadas da Assembleia Municipal se levantaram na hora de votar a compra do Teatro-Cine…


O que importa agora é pensar, e sobretudo colocar em discussão pública, o passo seguinte, que será tão ou mais importante quanto este primeiro. Sabemos que a Covilhã precisa de um espaço de teatro e outras artes bem mais sólido. A qualidade que o Teatro das Beiras, a Quarta Parede ou a ASTA tem trazido exige uma sala municipal de relevo. A discussão prende-se também com este aspecto. O que será melhor para as companhias de teatro e outras artes da Covilhã e da região? Manter a sala como actualmente se encontra (do ponto de vista estrutural), ou reduzir o número de lugares da “sala principal” e criar um novo auditório para os grupos culturais da cidade?


Que alterações deverão ser feitas no Teatro-Cine?


Como tornar o Teatro-Cine num espaço público de uso regular por companhias de teatro, grupos de música, dança, para o cinema, para a literatura e para as colectividades locais que tem dado grandes provas de dinamismo cultural?


Esta é uma discussão que tem de ser pública. Os agentes culturais têm de ser ouvidos e não há outra forma de faze-lo. Tão importante como a aquisição do Teatro-Cine é pensar no que é que daqui para a frente queremos fazer com ele…


… e apesar de algumas respostas já pairarem no ar, parece-me que esta, é uma discussão que ainda está por fazer.



Saudações.

João Nuno Mineiro

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