sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Não Tenho Solução Para os Problemas do Mundo, não sou o Messias pá! ;)

Chama-me de mentiroso, apelida-me de enganador, por certo tem-me em consideração, vou respeitar isso. Mas de cada vez que se insurge contra a minha arrogância, note que a sua dialéctica apenas lhe permite, reescrever a doutrina emanada do partido, como se fossem encíclicas papais. Vivem os seus argumentos enclausurados nesse ciclo de tese, antítese e síntese. Pena é que apenas tenha lido a síntese, e se contente com ela...
Inverti propositadamente, no meu último post, o argumento que usou para denunciar uma situação de trabalho precário, e fi-lo por considerar que lhe falta eficácia, por muito válido que seja (colorem habet subtantia verum nullum). O meu post constava de duas situações que validavam um argumento ad horrorem, para lhe tentar dizer que não é dono da verdade meu caro.
Não leve as coisas tão a peito, eu não tenho consideração política por si, nem pelo que escreve, apenas por aquilo que transcreve. A mensagem de que é Portador é que é insidiosa e enganadora, e se se desse ao trabalho de ler para além da dialéctica marxista-estalinista, veria, como o mundo viu nos finais dos anos 80 do séc. XX, que o país com quem o Partido Comunista Português mantinha tão boas relações soçobrou, e expôs paradigmaticamente o inverso daquilo que se presumia defender, os direitos dos oprimidos face ao opressor, e olhe que o Goulag existiu, e o racionamento também, e as deportações, e o anti-semitismo; não queira enveredar pela senda dos revisionistas do Nacional Socialismo.
Também em Portugal chegou a haver racionamentos, e indivíduos saneados de cargos públicos (eram todos fascistas ou simplesmente não comunistas o suficiente?), o PREC existiu! Digo-lhe eu - digo 25 de Novembro de 1975 sempre, Totalitarismos nunca, mas nunca mais mesmo!
Mais lhe digo, quando fala em combatentes da liberdade, quando é que fala nos combatentes do Ultramar, a gente humilde e trabalhadora à qual partiram a vida ao meio, prefere defender os Cubanos de Luanda, ou as negociatas PAIGC/URSS ali tão perto do Tarrafal que citou? Foram mais de dez mil que morreram por uma pátria, espero que não me diga que não era a sua “Selecção” que estava a jogar, mas a de um país fascista qualquer ao qual é alheio. É que nem todos puderam dar o salto, ou viajar e ser recebidos como Heróis no País dos Sovietes. Para a maioria o exílio não foi “dourado” em Paris, mas “bronzeado” em África. E não eram só comunistas; muitos, a maior parte nem eram políticos, nem tinham nada que ver com a Política.
Fico triste, sinceramente quando pessoas como você, querem experimentar modelos: socialistas, comunistas, ditaduras enfim. Anda para aqui tudo a brincar às pilinhas maiores ou quê? E, chama-lhe arrogância... pois bem talvez tenha razão, talvez não me devesse travar de razões com a sua política. Talvez esteja confuso, mas é por uma questão mais moral que metafísica; O modelo de emancipação do Homem que essa sua política preconiza e que parece defender cegamente, de querer ensinar o Homem a Ser função do rebanho e só lhe atribuir valor em função deste rebanho provoca-me um profundo transtorno.
O homem é um fim em sí mesmo, e não um meio para...

"Age de tal modo que uses a humanidade, ao mesmo tempo na tua pessoa e na pessoa de todos os outros, sempre e ao mesmo tempo como um fim, e nunca apenas como um meio"

“A liberdade é uma simples ideia cuja realidade objectiva não pode ser evidenciada de nenhuma maneira segundo as leis da natureza, portanto em nenhuma experiência possível, que, em consequência, justamente porque jamais se pode colocar um exemplo sob ela, segundo alguma analogia, jamais pode ser compreendida nem mesmo apenas percebida.”
Emmanuel Kant, in 'Fundamentos da Metafísica dos Costumes'
Eu nem sequer a consigo explicar…

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