terça-feira, fevereiro 21, 2006

Porque não querem os Portugueses ser Comunistas?

Se são eles os paladinos da Verdade, os defensores dos trabalhadores, os que estão contra os ricos e poderosos que oprimem os mais fracos, aqueles que têm a solução para todos os problemas do nosso tempo, aqueles que, iluminados pela (oh fabulosa!) dialética acreditam que podem mudar o mundo de facto para melhor. Se são eles a panaceia para os males económicos e sociais que corrompem o Mundo... Porque é que não ganham eleições?!
Será que as pessoas não sabem que existe uma cura para a sua infelicidade...
Será que as pessoas não acreditam o suficiente no ilusionista para conseguir ver o passe de mágica?!
Porque será que as pessoas não querem o melhor para elas?
Num plesbicito Universal votam todos, e não só os detentores/administradores de bancos, seguradoras, terras e meios de produção ou os opinion-makers da moda(seja a Joana Amaral Dias ou o Ribeiro e Castro, o J.P.P. ou o António Vitorino). Votam os estudantes, os agricultores, os operários, os repositores de livraria, os analfabetos, os políticos e os intelectuais. Ora todos eles no seu conjunto exprimem uma vontade, que em democracia se chama de ditadura da maioria, e ao votarem desta forma, cada um por si, rejeitam todas as outras formas de ditadura!
Será porventura um sistema incompleto e defeituoso por vicissitudes várias, por natureza é um sistema que em sí se assume imperfeito e procura nos sucessivos e periódicos actos eleitorais reformular-se para que seja o mais possível representativo da vontade da maioria, e isso deve-se à sua função primordial que é escolher quem escolhe/governa. A sua legitimidade é sem dúvida superior à do dogma marxista, que desenhado num outro tempo nunca soube lidar com eleições democráticas, sempre preferiu a tomada do poder pela via das armas ou outro modo de transição violenta de regime, quase sempre com consequências dramáticas para as populações em geral(veja-se no nosso país o P.R.E.C.).


No nosso país desde as primeiras eleições democráticas e livres, para a Assembleia Constituinte (que viria a produzir o documento orientador e norma base de todo o sistema Jurídico/Económico e Social ainda em vigor entre nós) até às últimas eleições partidárias, as legislativas de 2005, nunca o Eleitorado, a Universalidade, o Povo se inclinou para esse absoluto sistema Comunista. Bem pelo contrário a expressão dos números tem vindo a indicar uma diminiução significativa da confiança dos Portugueses Eleitores no sistema Comunista(ou Partido Comunista, faça-se a leitura que se entenda melhor). Porque apesar de tudo, o nível de vida dos Portugueses em geral melhorou meteoricamente nos últimos 30 anos e não foi graças ao Partido Comunista em exclusivo. Contribuiu em grande medida a entrada nas Comunidades Europeias em 1986 posterior União Europeia, o aumento da escolaridade obrigatória, a redução da taxa de analfabetismo(bastante à custa, é certo, dos que foram morrendo), a modernização das estruturas de saúde e higiéne pública, o controlo da inflação e o aumento real dos salários e do poder de compra, o aumento de aquisição de habitação própria. Enfim, um conjunto de factores que não fazem do Partido Comunista actor principal, ou interlocutor priviligiado nas relações que os Portugueses mantêm com a Política. O P.C. como partido extremista degenera numa lógica de autofagia, veja-se a centrifugação feita ao Movimento Renovador.


(boletim de voto para a A.Constituinte de 1975)



(resultados percentuais de 1975)


PS
2145618 eleitores
37,86 %

PPD
1495017 eleitores
26,38 %

PCP
709659 eleitores
12,52 %

CDS
433343 eleitores
7,65 %

MDP/CDE
233380 eleitores
4,12 %

Outros
256460 eleitores
4 %

De realçar o Número de Votantes Inscritos- 6177698, dos quais 5666696 votantes(91,73%) e apenas 511002 se abstiveram(8,27%)

Já em 2005, nas eleições legislativas:

Em 8785227 Eleitores Inscritos, votaram 5712027(65,02%), abstiveram-se 3072800(34,98%)

Com os seguintes resultados:


Surgem estes dois momentos eleitorais descritos, porque e apenas a título exemplificativo, demontram o primeiro e o último acto eleitoral pós 25 de Abril de 1974 com expressão partidária. Mais resultados em
http://www.stape.pt/.

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