A Serra da Estrela, uma das áreas estratégicas do turismo português nos próximos dez anos, tem pendentes investimentos de 101 milhões de euros, em 20 projectos de alojamento e animação turística que devem ficar concretizados até 2008.
A maior fatia do investimento, pouco mais de 85 milhões de euros, distribuídos por 13 projectos hoteleiros e de animação, será feita pelo sector privado. Nos restantes, de natureza pública, serão investidos mais de 15 milhões de euros, neles se destacando a construção da estância das Penhas da Saúde e a requalificação urbana da judiaria na Covilhã.
No final deste ano deverá arrancar o projecto da telecabine Penhas da Saúde-Torre-Sabugueiro, um teleférico parecido com o existente no antigo recinto da Expo 98, mas cujos cabos serão adaptados aos ventos de montanha. Com este equipamento, e de acordo com Jorge Patrão, presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE), será possível retirar milhares de automóveis do núcleo central da serra.Também este ano irão começar as obras de recuperação e transformação em hotel do antigo Sanatório dos Ferroviários, um imponente edifício que há vários anos se encontra abandonado nas Penhas da Saúde. O projecto, de iniciativa privada, tem um orçamento de 12,5 milhões de euros e deverá abrir ao público, com uma centena de quartos, em 2008.
Redução da área protegida.
A aposta no turismo, numa região onde as oportunidades de emprego e fixação de população não abundam, é aplaudida pelos autarcas locais, que ficaram satisfeitos com a intenção do Instituto de Conservação da Natureza (ICN) em desclassificar algumas áreas do Parque Natural da Serra da Estrela. O reordenamento daquela área protegida levará à desanexação de vários hectares nas faldas da serra e à integração de outros, procurando adaptar a zona protegida aos limites da Rede Natura 2000.
A zona de protecção passará dos actuais 101 para 89 mil hectares, sendo excluídas áreas de transição em Seia e Gouveia e incluídas outras na Covilhã e Guarda, onde soutos de castanheiros e carvalhos obrigam a necessidades especiais de protecção.A intenção do ICN, suportada pela vontade política do Ministério do Ambiente, está a ser contestada pelos ecologistas, que adivinham na redução da paisagem protegida um convite à especulação imobiliária. Essa hipótese é rejeitada pelos autarcas de Seia e de Gouveia, municípios beneficiados pela redução, e pelo presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE), Jorge Patrão, que tece duras críticas à actuação dos ambientalistas: "Nunca os vi indignados com o estado de ruína do sanatório dos ferroviários, nem com a construção clandestina nas Penhas da Saúde".
Numa região que tem visto crescer o desemprego, com a falência das indústrias de lanifícios, e a fuga de população para o litoral e para o estrangeiro, o turismo tem sido a única actividade a promover investimentos. "É o único sector que tem ganho emprego, não aos milhares, mas às centenas." Os investimentos turísticos, afirma Jorge Patrão, recuperam muitos dos projectos inacabados, casos do sanatório, com os quais ninguém se preocupou. "Ainda há poucos anos o Hotel Serra da Estrela e a Estalagem da Varanda dos Carqueijais estavam em ruínas e destelhados e hoje são investimentos de qualidade na serra". O presidente social-democrata da câmara de Gouveia nota que a paisagem só é protegida se for gerida. Por norma, indica Álvaro Amaro, "assistimos ao abandono e à preguiça do Estado que quando não faz nem deixa fazer proíbe". E, pelo mesmo diapasão, Eduardo Brito, o socialista que preside à câmara de Seia, só lamenta que a área a desafectar ao Parque Natural seja escassa, porque "há outras zonas onde não faz sentido haver protecção". O director do Parque Natural da Serra da Estrela quer manter-se afastado da polémica. O parque, sublinha, só se deve preocupar com o que deve ser protegido. Lembrando que o actual ordenamento é de 1990, Fernando Matos indica que nesse plano as áreas a desclassificar surgem na zona de transição "por constituírem territórios marginais com elevado índice de humanização". http://dn.sapo.pt/2006/07/22/cidades/turismo_esperanca_a_vida_serra_estre.html
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