Andar com um computador portátil de um lado para o outro já não tem de ser sinónimo de dor nas costas. Eles encolherem, ficaram mais leves e potentes. Também os leitores de música minguaram, a ponto de caberem facilmente no bolso, mas onde se pode guardar cada vez mais informação. Dois físicos são responsáveis por um grande salto na miniaturização dos discos rígidos usados nestes e noutros dispositivos electrónicos, por causa de uma descoberta que fizeram há quase 20 anos. Por ela, ganharam hoje o Nobel da Física 2007.Em 1988, o francês Albert Fert e o alemão Peter Grünberg descobriam, sem saber um do outro, um fenómeno novo da física, a magneto-resistência gigante. Neste fenómeno, pequeníssimas variações do campo magnético, como as existentes na superfície dos discos rígidos dos computadores, desencadeiam grandes alterações na resistência eléctrica de determinados materiais. Em meados dos anos 80, tanto Fert como Grünberg dedicavam-se às suas experiências na área do magnetismo, procurando fazer materiais com camadas finíssimas. O físico francês criou 30 camadas alternadas de ferro e crómio, cada uma feita com alguns átomos apenas, enquanto o alemão construía um sistema semelhante, mas com apenas duas ou três camadas de ferro com crómio no meio. Com isto, ambos conseguiram detectar uma significativa mudança na resistência eléctrica dependente da magnetização. Por que razão a descoberta da magneto-resistência gigante revolucionou o tamanho dos discos rígidos? Antes de mais, os discos rígidos armazenam informação em pequenas áreas microscopicamente magnetizadas em diferentes direcções. Para extrair essa informação, é preciso usar uma cabeça de leitura capaz de varrer o disco detectando as alterações magnéticas. Quanto mais pequeno e compacto for um disco, mais pequenas e fracas são as áreas magnetizadas. Por isso, mais sensíveis têm de ser as cabeças de leitura para se conseguir ler o que está densamente empacotado no disco. Ora, a utilização da magneto-resistência gigante na construção de cabeças de leitura permitiu que se convertessem pequeníssimos registos magnéticos dos discos rígidos em diferenças significativas na resistência eléctrica e, por sua vez, em diferenças observáveis na corrente emitida pela cabeça de leitura. A partir daí a informação era passível de ser lida. Em 1997, era comercializada a primeira cabeça de leitura baseada na magneto-resistência gigante, pela IBM. Depressa se tornou a tecnologia padrão. Está nos computadores pelo mundo fora, em algumas câmaras digitais e leitores de MP3, como o iPod. É também considerada a primeira aplicação real de nanotecnologia, a manipulação da matéria ao nível dos átomos e das moléculas.
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