sexta-feira, março 21, 2008

Bom "Dia da Árvore"

Um fim e um novo começo



Podia ter escolhido qualquer outra árvore mas escolhi esta...Porque representa, em simultâneo, uma esperança no futuro e o desaparecimento de outra que, por razões desconhecidas, foi sacrificada à incompreensível vontade humana.

Sobram as hipocrisias nesta dia dito da Árvore (assim mesmo, com A maiúsculo! Como deveria ser todos os dias...). Haja esperança no futuro, nas vidas que agora começam e na capacidade do ser humano aprender.

Ainda acredito na árvore.



As árvores


Eu espero, sim, que essas árvores cresçam. Adormeço com elas todas as noites, embalado pela sua sombra. Lembro-as de memória, sobre a relva verde. Lembro as suas folhas, caindo de noite. Mesmo as que ainda não vi, eu espero que cresçam, que me esperem, que me abriguem nesse dia em que mais precisarei delas, ouvindo o ruído do mar não muito longe. Tenho, a cada minuto, saudades dessas árvores.

Francisco José Viegas



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Requiem por uma árvore

Era assim no Inverno...


Tília (Tilia tomentosa Moench.), Covilhã (passado)





E era assim na Primavera...



Tília (Tilia tomentosa Moench.), Covilhã (passado)



E assim no Verão...


Tília (Tilia tomentosa Moench.), Covilhã (passado)




Infelizmente, nunca a fotografei no Outono e agora já é tarde...Porque hoje alguém a mandou decepar e a condenou a uma morte certa, lenta e degradante.



A mesma tília transformada num cepo (fotografia do José)




Sobre ela falei aqui, aqui, aqui e aqui. Neste texto lamentei a resposta negativa da Direcção-Geral dos Recursos Florestais ao pedido que tinha feito para classificar esta tília como árvore de interesse público. Nesse dia escrevi com mágoa o que hoje escrevo com raiva:

"Concordo (...) que não poderemos proteger todas as árvores por sabermos que daqui a 10 ou 20 anos irão ser notáveis (descontados eventuais acidentes de percurso...).
Mas, como fiz questão de sublinhar na carta que escrevi aos serviços da Direcção-Geral dos Recursos Florestais, a classificação desta tília notável poderia servir como incentivo para ajudar a população local e as autoridades municipais a mudar a forma como encaram e tratam o património arbóreo da cidade. Dirão que essa não é a missão da Direcção-Geral dos Recursos Florestais. Concordo.
Mas com toda a certeza mudarei de opinião no mesmo dia em que a vir tombar, como já aconteceu a várias outras tílias deste bairro, às mãos das podas assassinas
".


Sinceramente, não me interessa muito em saber quem foi o mandante desta estupidez; se a decisão partiu da Câmara Municipal da Covilhã ou da Junta de Freguesia da Conceição. Apenas me interessa saber qual o destinatário da carta de protesto que irei escrever.


Não sei o que lhes causava incómodo nesta árvore: as folhas que caíam no Outono? A sombra no Verão? O som dos pássaros que aí procuravam refúgio? A mente humana pode ser muito mesquinha e absurda.

Resta-me a convicção profunda que qualquer dos meus alunos de 10 anos seria mais competente e responsável na gestão do património arbóreo do que estes políticos sem estatura moral que nos governam. A esses, aos mandantes, os meus parabéns pela meia dúzia de votos que terão ganhado com esta infâmia!

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