quarta-feira, janeiro 17, 2007

Sal-gema não lesa nascentes da Estrela

Feitas análises periódicas no rio Zêzere
O uso de sal-gema (vulgo cloreto de sódio) para manter transitável a estrada de acesso à Torre não é nocivo para o meio ambiente. Desde Outubro que a Direcção de Estradas do Distrito da Guarda está a realizar análises periódicas no rio Zêzere e em locais mais sensíveis da serra da Estrela, cujos resultados "são normais e nada alarmantes", garante António Martins.

"Os primeiros dados revelam que, a existir salinidade, ela dilui-se e não se acumula, não sendo, por isso, prejudicial à fauna e flora da zona", acrescenta o director daquele organismo, que gasta anualmente centenas de toneladas de sal-gema nas estradas do maciço central para evitar a formação de gelo ou a acumulação da neve.
Esta vigilância está a ser feita mensalmente pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do Instituto Politécnico da Guarda "Se detectarmos níveis mais elevados, comunicaremos o caso às autoridades competentes, mas, até prova em contrário, não há motivos para alarme", tranquiliza. O engenheiro recorda, de resto, que o sal-gema também é usado nas estradas de França e Suíça, não sendo conhecidos quaisquer problemas ambientais pela sua aplicação.

"Se fosse perigoso, com certeza que esses países, muito mais avançados que nós em termos ambientais, desistiriam da sua aplicação", refere António Martins, acrescentando que "uma garrafa de água de consumo contém mais cloreto e sódio que as amostras já recolhidas". Recentemente, a Associação dos Amigos da Serra da Estrela (ASE), sediada em Manteigas, alertou para "níveis alarmantes" de salinidade nos aquíferos mais próximos da estrada Piornos-Torre-Seia, para além do sal-gema poder ser prejudicial à fauna, flora e até às rochas. Uma situação que poderá ser "nociva" para a população nas próximas décadas.

Apesar de ainda não haver certezas quanto a uma relação de causa a efeito, o vice-presidente da ASE afirmou que estão a ser feitos estudos sobre os riscos de contaminação. "Tendo em conta que a água da serra da Estrela dá de beber a 43 por cento da população portuguesa, este é um problema grave que se vai reflectir daqui a umas décadas", alertou José Maria Saraiva.

O dirigente refere ainda que "quando aplicado em doses elevadas, o sal-gema pode ter efeitos nefastos na fauna, flora e também nas rochas", acusando as entidades competentes de nada terem feito para pôr cobro a este problema.

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