[Covilhã, 1927]
Ensaísta, ficcionista e memorialista. Formado pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, aqui exerceu advocacia entre 1950 e 1957. Em 1961 e 1969 foi candidato pela Oposição Democrática nas eleições para a Assembleia Nacional e, de 1971 a 1974, foi assessor para a Cultura do então ministro da Educação Nacional, Prof. Veiga Simão. Funcionário da Secretaria de Estado da Cultura desde 1978, presidiu aos trabalhos da criação do Instituto Português do Livro, de que foi presidente até 1986 e no âmbito do qual incrementou as relações culturais com o Brasil, Cabo Verde e Moçambique e promoveu a organização do presente Dicionário Cronológico, para além de outras acções de promoção da leitura e de apoio à edição e à difusão do autor português. Entretanto, como responsável pela programação editorial da editora Moraes a partir de 1957, prestou nos anos sessenta e nos primeiros anos da década de setenta um valioso contributo para a revelação ou divulgação de autores hoje seguramente consagrados mas cuja edição era ao tempo de considerável risco comercial: ou porque ainda desconhecidos do público, embora tendo-se afirmado já no seio da geração literária de cinquenta, ou pelas suas posições iconoclastas no quadro ideológico e cultural dominante, ou por ambas as coisas. São os casos, entre outros, de Jorge de Sena, Alexandre O'Neill, António Ramos Rosa, que, reunidos em torno da colecção "Círculo de Poesia", deram novo impulso a uma valorização da palavra poética e marcariam assim, também formalmente, o curso da poesia portuguesa da sua geração e das gerações seguintes; e são os casos daqueles que, como Nuno Bragança com A Noite e o Riso ou Maria Velho da Costa com Maina Mendes, em "Círculo de Prosa" encontraram o corajoso acolhimento a uma ficção que deliberadamente rompia com tabus de uma ordem social acomodada e puderam aí expressar a correspondente linguagem inovadora. Uma colecção de divulgação do pensamento pedagógico mais moderno dava entretanto a conhecer nomes como o de Paulo Freire, ao passo que a colecção "O Tempo e o Modo" e a revista homónima que António Alçada Baptista fundou e dirigiu na sua primeira fase (1963-1969), segundo o modelo da revista francesa Esprit, promoviam a divulgação e o debate de ideias em torno do pensamento católico progressista, nos difíceis anos de combate intelectual anteriores ao 25 de Abril.
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in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. V, Lisboa, 1998
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in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. V, Lisboa, 1998
Instituto Português do Livro e das Bibliotecas
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