segunda-feira, janeiro 16, 2006

Post de estreia.

Ora ao fim de muito tempo de estágio e após testes de acesso inimagináveis na sede da Máfia, aqui estou eu para por on-line o meu primeiro post naquele que é já hoje um blog de referencia na cidade da Covilhã e um ponto de passagem obrigatório para o cibernauta "covilhoco".
Espero que as minhas contribuições estejam à altura da celebridade do blog.
Começo esta minha participação com o tema do momento e aproveitando um "bitaite" que deixei num post anterior d 'O Padrinho que citava o Paulo Gorjão In http://www.bloguitica.blogspot.com/ .
Falo obviamente das eleições Presidenciais do próximo 22 de Janeiro.
Já muito se escreveu neste e noutros espaços sobre o tema e aquilo que aqui pretendo deixar são breves apontamentos de título pessoal sobre o tema procurando deixar alguns contributos para o debate.
Tem-se tentado passar a ideia de que Aníbal Cavaco Silva ganharia à primeira volta e que isso não seria assim tão mau quanto isso para o país e para os portugueses...
Discordo da ideia.
Desde logo Aníbal Cavaco Silva definiu um caminho e dele não se desvia um milímetro, é verdade. Só a ferros se lhe consegue arrancar uma ideia, um compromisso.
Que é um neo-liberal de direita que tem sido apresentado travestido num social-democrata com preocupações sociais que por vezes faz inveja a alguns que se dizem de esquerda também não é mentira...
Mas Aníbal Cavaco Silva não é aquele produto do marketing politico que nos esta a ser vendido diariamente à muitos meses pelos órgãos de comunicação social e pelo seu gabinete de imagem. Aníbal Cavaco Silva é o mesmo que foi Primeiro Ministro durante 10 anos, e que não discutindo agora a bondade das medidas que tomou, ficou conhecido pela sua arrogância, pela prepotência, pela dificuldade em conviver com a critica e com opiniões diferentes da sua. Eu lembro-me das cargas policiais na ponte 25 de Abril, ou na Marinha Grande ou ainda sobre os estudantes, que como eu que altura, se manifestavam contra a famosa PGA e as "Provas Globais"...
Aníbal Cavaco Silva não é aquilo que agora querem vender. Aníbal Cavaco Silva é ele próprio, o seu carácter, com os seus defeitos e certamente com algumas virtudes mas que eu sintetizaria numa frase infeliz (ou não) que há uns anos o próprio proferiu na comunicação social e que curiosamente tem sido esquecida pelos media nesta campanha e que em minha opinião o caracteriza como nenhuma outra. Falo do celebre "nunca me engano e raramente tenho duvidas"!! Para além do despotismo e prepotência que a própria afirmação encerra revela uma tremenda falta de humildade tendo-se como alguém acima do comum dos mortais os quais lhe devem reverencia pela sua iluminação divina.
Ora Portugal está numa situação difícil. O Governo está a tomar medidas corajosas e indispensáveis para que o país ultrapasse o atraso estrutural que consequentemente promove a crise económica e social em que vivemos. Estas medidas mexem com muitos interesses em praticamente toda a sociedade. É portanto natural, tal como já acontece, que exista uma maior crispação social com greves, manifestações, etc. O que se exige a um Presidente da República é que seja portanto o elemento congregador das partes para que se estabeleça um consenso e uma mobilização nacional em torno daquilo que são as grandes causas do desenvolvimento para o nosso futuro enquanto nação próspera e desenvolvida. O que se exige do próximo Presidente da República é que tenha a capacidade de criar consensos entre a sociedade portuguesa. Entre o Governo sindicatos e associações patronais. Que garanta o cumprimento da Constituição e daquilo que são os valores e os direitos fundamentais dos trabalhadores no contexto de construção e aprofundamento do Modelo Social Europeu, mas que garanta as condições de estabilidade necessárias e indispensáveis ao Governo para que se façam as reformas necessárias por forma a garantir exactamente a sustentabilidade do próprio Modelo Social Europeu.
Ora dadas estas exigências não me parece que Aníbal Cavaco Silva seja a pessoa indicada para estabelecer estes consensos. Com a sua "ausência de dúvidas" o senhor acha que tem sempre razão, qual mente iluminada por um poder superior enviada para orientar e iluminar esta cambada de leigos...
Há ainda outros motivos pelos quais me arrepia pensar que Cavaco Silva pode estar em Belém nos próximos 10 anos. Alguns prendem-se com uma avaliação mais subjectiva e por isso mesmo discutível, mas confesso que me irrita bastante a sua presença esfíngica, magistral e a sua indisfarçável dificuldade em lidar com as pessoas.O endeusamento que se faz, com o seu consentimento, em torno da sua pessoa como se não fosse tão mortal quanto qualquer um de nós, tiram-me do sério...
Entre muitos outros motivos, estes são alguns, segundos os quais entendo que a eleição de Aníbal Cavaco Silva para Presidente da República é um erro que pode vir a juntar à crise económica, financeira e social que o país já enfrenta, uma crise politica e institucional que colocaria em causa sem duvida a organização do sistema democrático em Portugal, tal como o conhecemos e construímos desde o 25 de baril de 1974.
Há depois um ultimo que é exclusivamente de gosto e capricho pessoal e que se prende com o facto de Portugal completar durante o mandato do próximo Presidente da República, no dia 5 de Outubro de 2010, o Centenário da Implantação da Republica Portuguesa. Sendo esta uma data altamente simbólica, gostaria muito enquanto português de ter como Presidente da República aquele que foi um dos fundadores da democracia e que será visto na história, daqui a umas décadas, a par de Salazar, como a personalidade que mais marcou o País no século XX. Gostaria de ter como Presidente da República o Dr. Mário Soares, um verdadeiro republicano e um vulto político reconhecido e respeitado internacionalmente.

Para terminar, espero sinceramente que no dia 22 todos vão às urnas votar. Independentemente do sentido de voto nalgum dos candidatos, branco, nulo ou n'O Padrinho. O custo da liberdade e do direito de voto foi demasiado elevado, em vidas humanas, para que actualmente nos demos ao luxo e ao egoísmo de não cumprir com aquilo que é um direito mas em primeiro lugar um dever de cidadania.

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