Depois de nos últimos meses ser acusada de não cumprir a lei ou favorecer privados em dossiers imobiliários e de ordenamento do território, a gestão PSD da Câmara da Covilhã acusou o toque. Na última assembleia municipal, respondeu à oposição com a mesma moeda.
Por um lado, desenterrou a venda de baldios nas Penhas da Saúde, há anos atrás, para criar uma comissão de inquérito ao processo - dirigido sem planos de ordenamento por uma junta de freguesia comunista. Por outro lado, acusou a Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior (DRABI) de há quase 10 anos (numa altura em que, como agora, era dirigida pelo socialista Rui Moreira) ter autorizado um empreendimento para onde havia solo agrícola, quando agora não o faz. Recorde-se que a Câmara se viu obrigada a embargar recentemente as obras da urbanização da Quinta do Freixo, à entrada da cidade, por ocuparem uma parte da Reserva Agrícola Nacional (RAN). Carlos Pinto tem criticado muito Rui Moreira desde então. Na sexta-feira realçou de novo que o Estado já confirmou que aquela terreno RAN já não vai ser utilizado pelo Regadio da Cova da Beira (não compreendendo por isso a posição da DRABI) e destacou a urbanização, com cerca de mil fogos, como importante para a cidade. Confrontou depois a Assembleia com a desanexação de uma área de RAN (maior que na Quinta do Freixo) autorizada pela DRABI, em 1996, para construção de um armazém grossista (pela firma Irmãos Costa Pais), junto ao antigo restaurante LP (cruzamento Tortosendo - Ponte Pedrinha da EN18). Na altura, a Câmara da Covilhã era socialista, presidida por Jorge Pombo, que deliberou a favor do armazém."Se calhar justificava-se para o desenvolvimento, na época. Mas não pode haver esta dualidade de critérios", acusou Carlos Pinto, num tom ríspido, no que classificou como "escandaleira de um director regional sem estatura". Segundo Pinto, o líder da DRABI actua de forma "deselegante e irresponsável" e tenta fazer "política partidária a partir de um cargo público".Dada a quadra natalícia, o Diário XXI não ouviu ainda Rui Moreira, o que contamos fazer na edição de amanhã.Carlos Pinto lançou as acusações contra a DRABI, quando se discutia a suspensão do Plano Director Municipal na área do aeródromo da cidade. A oposição considerou a suspensão mal fundamentada e acusou-a de ser um expediente para aprovar a estrada, já em construção, à margem do Plano Director Municipal (PDM). Uma obra para trazer mais valias imobiliárias a quem beneficia do crescimento urbano, "que não se deve confundir com desenvolvimento", salientou Vítor Reis Silva (CDU). Mas a intervenção do presidente da Câmara foi maioritariamente ocupada com as acusações à DRABI. A suspensão do PDM seria aprovada com cinco votos contra e oito abstenções, com Carlos Pinto a referir que os empreendimentos (por entre habitação e comércio) previstos para a área, podem criar 100 postos de trabalho.
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