CENTRO de INTERPRETAÇÃO “da” TORRE
- A medida CERTA no Local ERRADO! -
A Serra da Estrela é uma área protegida singular em Portugal (Parque Natural), possuindo mais 3 estatutos de protecção. Contudo, é paradoxa e incompreensivelmente uma área que sofre, desde há várias décadas até a actualidade, de um desenvolvimento insustentável sem precedentes no sector do Turismo de montanha ao nível Europeu, agravado por ser uma área protegida e única do género a nível Nacional. Na TORRE, na Serra da Estrela, no ponto mais alto de Portugal continental, a visitação de massas e turismo com pouco civismo tem agredido severamente a natureza e as belas paisagens de montanha. Possivelmente representa o melhor exemplo do que pior existe em termos de Desenvolvimento INsustentável na nossa Rede Nacional das Áreas Protegidas, devendo Portugal ser o único (?) país no mundo onde na montanha mais alta chegam os poluidores automóveis particulares, onde existem parques estacionamento, um centro comercial, cafés, fazem-se passagem de modelos, etc. ... enfim, como se de uma cidade se tratasse! Nenhuma edificação e acesso asfaltado deveria existir no topo de uma montanha, especialmente na montanha mais alta de um país. Levanta-se a questão: o que é um Parque Natural e para que (quem) serve? Onde está o TURISMO SUSTENTÁVEL?, onde está ECOTURISMO ?
Sem prejuízo de desconsiderar como mais gravosos a existência de estradas asfaltadas, automóveis, poluição variada, edificações, vandalismo, a hipotética implementação de um teleférico para o topo da Serra da Estrela, e sem pôr em causa, de forma alguma, a enorme importância do CIT (Centro de Interpretação da TORRE), a localização deste na TORRE (é possível reverter o processo) foi um incompreensível e GRAVE ERRO ESTRATÉGICO, pois agrava, objectivamente, os principais impactes no maciço central.
1º O CIT fomenta, ainda mais, a massificação de visitantes na TORRE, situação que, paradoxalmente, o próprio ICNB quer evitar. Afirma que permite depois dispersar (como?) os visitantes por outros pontos de interesse da SE, situação esta absurda quando não existe um sistema de transporte colectivo específico para fazer tal função, e já que, ao mesmo tempo, se pretende condicionar a visitação automóvel (e muito bem) e se pondera a instalação de um teleférico (um severo atentado ambiental para a SE, que não dispersa ninguém mas sim concentra). No mínimo absurdo! Não favorece, NEM EDUCA, de forma alguma (fomenta exactamente a sua antítese) para uma estratégia de visitação sustentável e para o incentivo do exercício físico em contacto directo em plena natureza, em oposição à promoção (Sustentável) dos Desportos de Natureza e do PROGRAMA NACIONAL DE DESPORTO PARA TODOS - “MEXA-SE” do IDP (Instituto do desporto de Portugal). O CIT na TORRE é a cereja em “cima do Bolo” (já com pouco “Chantilly” no topo) e de forma alguma uma “Porta de Entrada” para a SE (as Portas de Entrada de uma casa situam-se na periferia). A Educação ambiental/cívica dos visitantes e populações começa no vale e não no topo da montanha!
Alternativa Sustentável: Deslocalização do CI (ou, idealmente, 3 Centros de Interpretação pensados à dimensão local, patrocinados por mecenas) para as localidades que se situam junto às principais vias de acesso (as verdadeiras Portas de Entrada) principalmente, mas não só, ao maciço central (e.g. Covilhã, Seia, Manteigas).
2º O CIT colocado na TORRE não poderia estar nos antípodas de uma estratégia de mobilidade sustentável para os territórios de montanha com procura turística. Quando deveria estar à entrada da AP, relativamente perto das populações, dos transportes colectivos, principalmente o comboio, encontra-se no ponto mais “inacessível” (mais alto – topo da montanha - mais sensível, mas mais massificado) e quem viaje de forma sustentável e pretenda conhecer o Centro de Interpretação previamente, terá que pagar a um táxi uma quantia exorbitante (mínimo 50€ desde a Covilhã, ida e volta, incluindo uns ridículos 30min para a visita relâmpago ao CI). Palavras para quê!
Alternativa Sustentável: Independente da existência ou não do CI na TORRE, o que seria sensato (interdição do acesso com automóvel particular) seria a criação de um Sistema de Eco-bus (movidos a energia eléctrica, híbridos) com partida junto aos Centros de Interpretação criados, programados segundo a respectiva procura semanal e sazonal de visitantes, que os aproximaria do Maciço Central (mas não terminando na Torre) e que, necessariamente, permitiria também aos visitantes, turistas e populações locais, deslocarem-se de forma sustentável entre vários pontos de interesse turístico, vilas e aldeias Serranas de toda a SE. Um sistema de autocarros para pontos turísticos de montanha com elevada concentração, são cada vez a regra na Europa.
3º O CI situado na TORRE não estará aberto todos os dias das 10h às 17h, mas sim abrirá nos dias em que os nevões não bloqueiem o acesso à TORRE. Sem funcionários, sem visitantes ,o CIT estará assim, sub-aproveitado e longe, bem longe, da visitação das populações locais. Como é possível dar a conhecer, de forma eficiente, aos visitantes e populações as riquezas da SE quando a instalação com essa informação se situa o mais afastado dos mesmos e a sua visitação é condicionada pelo tempo atmosférico? Evoluir é preciso!!!
2 comentários:
epá..........saíste cá um cromo.... então EMBARGO - como se lê no texto - pressupõe impossibilidade de divulgação até à hora determinada. Ganha juízo, pá! lê e interpreta.
cromo....é o que é!
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