quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Histórias (In)Confessáveis da nossa Terra e da nossa Gente_"Ena pá!!! Olha o Zé aqui!!! O Café Primor estava de empregado novo"

"Ena pá!!! Olha o Zé aqui!!! O Café Primor estava de empregado novo. O António, completara 18 anos, tinha sido chamado para o serviço militar, e o Sr.Cunha – dono do estabelecimento - teve que contratar um substituto. O Café Primor, ou simplesmente Primor, era para nós muito mais que um café, era realmente um ponto de encontro. Qualquer intervalo entre as aulas, qualquer cabulada de aula, enfim qualquer sobra de tempo, lá íamos nós para o Primor. Lá namorávamos, estudávamos – por incrível que pareça – fazíamos cábulas para as provas e eventualmente tomávamos café.

Quando saíam as notas de final dos períodos, se não eram más de todo, lá íamos nós, comemorar para o Primor, bebendo uns finos sempre acompanhados dos tremoços. O Sr.Cunha, era um sujeito de uns cinquenta anos, sisudo, tinha uma simpatia que se limitava ao bom atendimento. Atendia-nos com competência e atenção, mas não passava muito disso.

Havia um respeito recíproco entre nós. Ele sabia, que cada vez que nos deixava insatisfeitos, trocávamos o açúcar dos pacotinhos, por Alka-Selzer, para “ferver” os cafés dos “fregueses”, ou por sal, para as bicas ficarem mais salgadinhas, ou deixávamos as bisnagas da mostarda semi abertas, que obviamente provocavam uma grande lambuzeira no cliente desavisado. O Zé, o novo empregado, tinha chegado há quatro dias da Peraboa – aldeia localizada perto da Covilhã, onde o Sr.Cunha nasceu e foi criado, e onde habitualmente seleccionava os seus empregados.

O empresário, deu-lhe ali dois dias de treinamento, tendo lhe ensinado o básico: tirar um café, fazer umas sandes, abrir as garrafas e “põe-te a andar que prá frente é que é o caminho”. - Ó Zé “tás” a ver aquela malta na mesa do canto lá do fundo? Toma cuidado com eles, hein... Não lhes dês muita conversa, que os gajos não são “flor que se cheire” – alertava o Sr.Cunha. Aquela malta a que ele se referia, era eu, o Paulo Jorge, o Nuno Ramos, o Pedro Ramos, o Ilídio, o Jorge Carrilho...sempre os mesmos, os do costume, sentados na tal mesa do canto, a fumar um SG Gigante cravado ao Pedro Ramos, pois o nosso já tinha acabado. Lá vem o Zé, com um jeito matarruano, ainda meio pacóvio, todo sisudo, de cabelinho empastelado, e a cara cheia de espinhas, a tirar o pedido: - “Atão” boa tarde, façam o favor de dizer o que vossemecês querem.

-Olha ó Zé são quatro bicas, e um batido Maria Amália, mas não demores que estamos atrasados “prá” aula, ouviste? – digo-lhe eu. O Zé chega perto do balcão e grita, todo senhor de si: - Sr.Cunha, saem quatro bicas e um batido Maria Amália, e já foi se dirigindo a outra mesa para tirar novo pedido. Dali a uns minutos, já estavam no balcão as quatro bicas. O Zé pega o pedido e serve as bicas na mesa dos “bonzinhos”.

- Ó Zé, e o batido Maria Amália? – perguntou o Nuno. - Ó Sr.Cunha, e o batido Maria Amália, sai ou não sai? – gritou o Zé cá do fundo do Café, com a voz toda empostada. - Já vi que acabei de contratar um burro...esse Zé acredita em tudo! – pensa o Sr.Cunha, já emendando uma resposta: - Ó Zé diz lá aos distintos, que a Maria Amália, está agora a batê-lo!!! É melhor irem à aula, que na volta “tá” pronto!!! E assim fez o “obediente” Zé, conosco todos a partir o côco a rir...

Do álbum:


O livro encontra-se para aquisição nos seguintes lugares:

Ourivesaria Fernandes - Serra Shopping - Covilhã
Livraria Central - Pça.Almeida Garret, 5 - Centro - Tortosendo
Hotel Turismo da Covilhã - Covilhã
Hotel H2otel - Unhais da Serra



http://www.pimentelonline.com

paulocpimentel@hotmail.com


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