sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Histórias (In)Confessáveis da nossa Terra e da nossa Gente_O "Mestre Abílio"

O Zé Luís Moraes Alçada tinha chegado de férias, de Castelo Branco onde estudava, e estava ali no paleio com uns amigos à porta do Montalto, quando se junta à conversa, o Mané Trindade, um famoso cromo da região.

O Mané era do Dominguiso, e fazendo jus às origens, era negociante de farrapos e afins, e, muito merecidamente, tinha-se tornado um bem sucedido empresário do ramo. No início, tempos de sacríficio, percorria as ruas da Covilhã, apregoando: “peles de coelho ou farrapos que queiram vender”. Mas esses, eram tempos que já iam longe...

Bom de conversa e bom contador de histórias, o Mané desata a contar mais uma, ali à malta:
- Vejam só como são as coisas. Na semana passada, dei uma escapada a Lisboa, que, como vocês sabem que gosto de fazer de vez em quando, e encontro o Mestre Abílio a passear no Rossio, com o seu inseparável charuto no canto da boca.

- Ficamos ali à conversa, fomos beber umas ginginhas e o Mestre convida-me para irmos até ao Casino do Estoril jogar umas partidinhas de chichon, roleta... – vai contando o Mané todo entusiasmado.

- E tu gostas pouco disso, não é? – comentava o Zé Luis.

- Pois é, e vocês sabem como é o mestre. É no tudo ou nada. E vocês já imaginam no que acabou:

- No nada!!! Saíram de lá tesos que nem uns carapaus – adivinha o Zé Luís, dando uma sonora gargalhada.


- Metemo-nos no comboio de volta para Lisboa, logicamente numa carruagem de primeira classe, e eu pergunto ao mestre: “então ó mestre e o bilhete?” “Fica aí quietinho, que se aparecer o revisor, eu conto uma história triste “pró”gajo, fazemo-nos de parolos e pronto. Sempre dá certo, porque é que havia de dar errado agora?- respondeu o Mestre todo senhor de si, demonstrando ter grande intimidade com a capital.
Entretanto a “rodinha” já contava com uns dez, todos atentos à história do Mané Trindade, que de vez em quando diziam:
- Continue, continue Mané.

- Chegados ao Cais do Sodré, sãos e salvos, pois o revisor não apareceu, pergunto eu ao Mestre:”Então ó mestre agora é que são elas...onde é que eu vou dormir? Tô teso, pá!”
- Vejam só vocês o coração grande que tem o mestre – continua o Mané empolgado.
- Diz-me o mestre:”olha ó Mané, não te apoquentes. Vais a dormir ali à Pensão Bem Estar, e dizes que vais ficar no meu quarto, que me apareceu um compromisso e que eu cedi o quarto para ti, ok?”

- Mas e vossemecê? Para onde vai? – perguntei muito curioso.
- Olha ó Mané, agora vai entrar em cena o doutor Abílio. Tás a ver esta bata branca de barbeiro que trago aqui na malinha? Pois é, vou dormir ao Hospital de Sta.Maria, tenho lá sempre um bom quarto à minha espera, tomo um duche de manhã, depois como um belo pequeno almoço, e ainda me chamam de doutor. – contava o mestre ao Mané.
A rapaziada ria a bandeiras despregadas, alguns já se sentavam nos degraus da porta do Montalto escangalhando-se de tanto rir. E aí arremata o Mané:

- E o melhor vocês não vocês sabem. O mestre quando chega para dormir, diz à enfermeira de plantão: “olhe menina, só me acorde, se o caso for muito urgente!”

via facebook

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O livro encontra-se para aquisição nos seguintes lugares:

Ourivesaria Fernandes - Serra Shopping - Covilhã
Livraria Central - Pça.Almeida Garret, 5 - Centro - Tortosendo
Hotel Turismo da Covilhã - Covilhã
Hotel H2otel - Unhais da Serra



pimentelonline.com

paulocpimentel@hotmail.com



1 comentário:

Ubuntu disse...

grande foto do Mestre...