O deslumbramento com que olhámos, no Domingo, para a cidade é uma boa amostra de uma característica genética das gentes da Covilhã, o amor à neve e ao frio. Quando Amália interpretou a “Covilhã cidade neve” certamente não previa que os nevões na cidade fossem escasseando e com eles também a memória. Mas é como o Camões escreve e o Zé Mário canta, “todo o Mundo é composto de mudança” e com o passar dos anos a neve na cidade deixou de figurar uma regra para figurar numa excepção.
Mas se os nevões vão escasseando e rareando, a frieza com que muitos outros limitam o seu pensamento, essa, mantém-se intacta ao desgaste e à erosão histórica e social. A intransigência fria da incompreensão dos sentimentos dos outros, das suas aspirações e angústias tem se assentado plenamente por cá. Na semana passada estava eu, como de costume, a tentar aprender a interpretar a “Mensagem” em mais uma aula de Português quando o meu colega da frente começa a dizer que recolheu não sei quantas dezenas de assinaturas para referendar o casamento homossexual: amigos, família, missas etc… Alias, o termo como que ele se refere a pessoas homossexuais é bem elucidativo: “esses”.
Esse jovem é acolito e todo ligado à religião mas isso só por si não explica tudo. E se os casamentos homossexuais não tornam ninguém, absolutamente ninguém, menos feliz ou com menos direitos, só por frieza pura e crua se fazem intifadas sociais contra estas pessoas. Frieza religiosa?, social? Bem… Podemos fazer múltiplas interpretações só que aqui na Covilhã a Igreja teve a sua palavra a dizer (erradamente porque vivemos num país laico).
Alias as declarações do bispo D. Manuel Felício são uma profunda insensibilidade: deverá certamente o senhor bispo saber que a legalização do casamento gay custa 0€ ao estado e que não impede a actuação política noutras frentes, saberá o senhor bispo que isso é o argumento mais falso e falacioso que se pode ter sobre esta matéria… mas cola-se bem à frieza que herdámos de 48 anos de ditadura conservadora de influência cristã.
Mas deixando a frieza de valores que vão marcando grande parte das gentes da Covilhã, devo também registar a frieza com que a administração da Vesticon mandou 95 para a rua (). É realmente vergonhoso que a frieza patronal mine a vida das pessoas e não haja qualquer sentido de responsabilidade social em empresas que até pelo estado foram ajudadas. Onde existem processos duvidosos, incógnitas por definir e muita coisa por explicar. Mais e mais desemprego num distrito que tem sofrido profundamente o custo da irresponsabilidade. E já dizia a Nobel da Paz Jane Addams, "De todos os aspectos da miséria social nada é tão doloroso quanto o desemprego."O sindicato já fez o seu papel e pediu uma investigação à empresa. O sindicato vai também para congresso. Não se esperam grandes novidades, Luís Garra não vai ter sucessor e vai prolongar-se na direcção do sindicato, nada de muito novo…
… E nada de muito novo também da Câmara Municipal da Covilhã: não resisto a comentar as declarações do senhor presidente da câmara na última assembleia municipal a respeito das comemorações do 25 de Abril . Parece-me que em tempos de delindo da memória, de reformulação da história e até de tentativas eufemísticas de suavizar o horror, o papel de uma autarquia é exaltar os valores da liberdade e da democracia que Abril nos trouxe. O papel de uma autarquia enquanto órgão do sistema democrático é de levar às pessoas o 25 de Abril, exaltando a memória celebrando o fim de um regime assassino e tirano para um regime livre e democrático.
Poderiam fazer-se sessões de cinema dedicadas ao tema, debates, tertúlias, apontamentos culturais, convívios, teatros, concertos (etc etc etc) mas o que nos tem a dizer Carlos Pinto é que nas comemorações do 25 de Abril vão ser inauguradas duas obras em Cantar Galo e na Coutada. Enfim… com um Roberto Leal ao vivo no Pelourinho a coisa ficava prefeita. Já que tudo aponta para uma festividade barata e “pimba” de uma das mais importantes datas da história de Portugal teremos de ser nós a exaltar essa memória na nossa escola, no nosso trabalho, na nossa casa, na nossa rua. Porque se estamos à espera dos outros… mas vale ficarmos sentados.
Por falar em Neve , passem no Teatro das Beiras para ver a nova peça baseada em contos do Vergílio Ferreira, uma peça fantástica mas para a crítica cá estaremos numa próxima.
Esse jovem é acolito e todo ligado à religião mas isso só por si não explica tudo. E se os casamentos homossexuais não tornam ninguém, absolutamente ninguém, menos feliz ou com menos direitos, só por frieza pura e crua se fazem intifadas sociais contra estas pessoas. Frieza religiosa?, social? Bem… Podemos fazer múltiplas interpretações só que aqui na Covilhã a Igreja teve a sua palavra a dizer (erradamente porque vivemos num país laico).
Alias as declarações do bispo D. Manuel Felício são uma profunda insensibilidade: deverá certamente o senhor bispo saber que a legalização do casamento gay custa 0€ ao estado e que não impede a actuação política noutras frentes, saberá o senhor bispo que isso é o argumento mais falso e falacioso que se pode ter sobre esta matéria… mas cola-se bem à frieza que herdámos de 48 anos de ditadura conservadora de influência cristã.
Mas deixando a frieza de valores que vão marcando grande parte das gentes da Covilhã, devo também registar a frieza com que a administração da Vesticon mandou 95 para a rua (). É realmente vergonhoso que a frieza patronal mine a vida das pessoas e não haja qualquer sentido de responsabilidade social em empresas que até pelo estado foram ajudadas. Onde existem processos duvidosos, incógnitas por definir e muita coisa por explicar. Mais e mais desemprego num distrito que tem sofrido profundamente o custo da irresponsabilidade. E já dizia a Nobel da Paz Jane Addams, "De todos os aspectos da miséria social nada é tão doloroso quanto o desemprego."O sindicato já fez o seu papel e pediu uma investigação à empresa. O sindicato vai também para congresso. Não se esperam grandes novidades, Luís Garra não vai ter sucessor e vai prolongar-se na direcção do sindicato, nada de muito novo…
… E nada de muito novo também da Câmara Municipal da Covilhã: não resisto a comentar as declarações do senhor presidente da câmara na última assembleia municipal a respeito das comemorações do 25 de Abril . Parece-me que em tempos de delindo da memória, de reformulação da história e até de tentativas eufemísticas de suavizar o horror, o papel de uma autarquia é exaltar os valores da liberdade e da democracia que Abril nos trouxe. O papel de uma autarquia enquanto órgão do sistema democrático é de levar às pessoas o 25 de Abril, exaltando a memória celebrando o fim de um regime assassino e tirano para um regime livre e democrático.
Poderiam fazer-se sessões de cinema dedicadas ao tema, debates, tertúlias, apontamentos culturais, convívios, teatros, concertos (etc etc etc) mas o que nos tem a dizer Carlos Pinto é que nas comemorações do 25 de Abril vão ser inauguradas duas obras em Cantar Galo e na Coutada. Enfim… com um Roberto Leal ao vivo no Pelourinho a coisa ficava prefeita. Já que tudo aponta para uma festividade barata e “pimba” de uma das mais importantes datas da história de Portugal teremos de ser nós a exaltar essa memória na nossa escola, no nosso trabalho, na nossa casa, na nossa rua. Porque se estamos à espera dos outros… mas vale ficarmos sentados.
Por falar em Neve , passem no Teatro das Beiras para ver a nova peça baseada em contos do Vergílio Ferreira, uma peça fantástica mas para a crítica cá estaremos numa próxima.
10 comentários:
Desta vez a estupidez é tanta que fiquei sem palavras.........
meu deus!!!! só cá faltava mesmo este chico esperto. será que o senhor não consegue ver mais além?! É que escrever o que toda a gente sabe!!
Tão jovem e tão preconceituoso...
o colega que até é acólito e tal...
No more comments.
Eu quero lá saber se ele é acólito ou não. Eu tenho amigos católicos, hindus, gays, heterossexuais, africanos, com deficiência, ricos, pobres, de esquerda e de direita. Eu fiz uma critica baseada em argumentos específicos… Não tenho culpa que nem o texto tenha lido.
Neste espaço, é-lhe dada a oportunidade de apresentar perante os leitores e visitantes deste blogue, a sua posição perante o tema que escolhe, porém, esta semana penso que foi um pouco longe demais. Tem que respeitar as opiniões e as diversas visões de cada um, por mais retrógadas que possam parecer. É só um conselho...
Força
quem é este garoto?
Ja sei o motivo deste burrinho andar a fazer estas figurinhas por aqui..................é para haver coments. Scorpio Mab no seu melhor.
Malandro do acólito...Só há um tipo de criatura que aindo odeio mais...Os putos pseudo-qualquer-coisa-com-a-mania-que-são-revolucionários.Os tais das t-shirts do Che, esse tal assassino ranhoso que tomava banho poucas vezes por ano..Quanto ao escrito aqui,nada de especial,as bacoradas de sempre,afinal, é o R'etretes à sexta!
Eu compreendo o seu argumento. Mas não acho que tenha desrespeitado a opinião seja de quem for. Eu fiz criticas com argumentos. Critiquei o facto de uma pessoa estar recolher assinaturas para se meter na vida dos outros. Critiquei o facto de um bispo usar uma falácia formal como forma de contestar um direito de uma minoria. Talvez possa ter sido rígido mas eu tenho muitos amigos homossexuais que já sofreram brutais opressões neste país e não consigo baixar e seguir quando me estão constantemente a atirar areia para olhos principalmente falsos moralistas. Compreendo que possa parecer que estou a levar a minha opinião de forma muito forte mas as pessoas que me conhecem sabem que podem falar comigo sobre tudo que eu respeito embora por vezes tenha opiniões mesmo fortes.
Obrigado pela crítica.
João Mineiro
deixai o garoto meus animais ...
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