Artesão da Guarda mostra artefactos
As albardas utilizadas pelos burros continuam a ser as “meninas dos olhos” do albardeiro António Ferreira, que com a escassez na procura dos artigos em tamanho real se dedicou à produção de miniaturas
Ciclicamente, o Diário XXI tem dado a conhecer "formas de fazer" tradicionais da Beira Interior e, mais importante, pessoas que ainda as mantêm vivas.
As albardas utilizadas pelos burros continuam a ser as “meninas dos olhos” do albardeiro António Ferreira, que com a escassez na procura dos artigos em tamanho real se dedicou à produção de miniaturas
Ciclicamente, o Diário XXI tem dado a conhecer "formas de fazer" tradicionais da Beira Interior e, mais importante, pessoas que ainda as mantêm vivas.
Na edição de hoje mostra-se mais uma história desse lote. Um albardeiro da Guarda continua a manufacturar a arte ensinada pelo seu pai. Na semana passada, apresentamos Ti Zé Marques, um dos últimos tosquiadores de ovelhas da região da Guarda, que só faz tosquias "para matar o tempo", confiante de que a arte morrerá consigo, pois ninguém a quer aprender. Contamos também as histórias de outros artesãos, a propósito do Portal Cova da Beira.
Estes exemplos recentes têm algumas diferenças entre si. O albardeiro encontrou uma oportunidade de negócio, passando a produzir miniaturas das albardas em tamanho real que deixaram de ter procura. O tosquiador que, para além de tosquiar, consegue realizar desenhos no dorso das ovelhas com as suas antigas tesouras, não encontra, aparte de amigos, interessados na sua arte.
"Quando o interesse diminui com a memória ocorre o mesmo", escreveu um dia o pensador alemão Johann Wolfgang von Goethe, nas suas "Máximas e Reflexões". O choque entre a perpetuação da tradição e a criação de novos hábitos, quase sempre tecnologicamente mais evoluídos, é uma marca de evolução que sempre marcou a Humanidade.
"Quando o interesse diminui com a memória ocorre o mesmo", escreveu um dia o pensador alemão Johann Wolfgang von Goethe, nas suas "Máximas e Reflexões". O choque entre a perpetuação da tradição e a criação de novos hábitos, quase sempre tecnologicamente mais evoluídos, é uma marca de evolução que sempre marcou a Humanidade.
Num tempo em que as mudanças acontecem apenas um pouco mais devagar do que à velocidade da luz, convém perguntar: como preservar a memória? Sendo certo que os tempos são bem diferentes de quando estes homens escolheram as suas profissões e de que não existem fórmulas mágicas para convencer jovens a optar pelas artes tradicionais, todos devemos estar atentos ao caminho do esquecimento que percorremos.
Daniel Sousa e Silva
DiárioXXI
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