Os últimos viajantes da
Linha da Beira Baixa
Ano após ano, o troço entre a Guarda e a Covilhã vai perdendo passageiros
No total, são 47 quilómetros, percorridos em 1h15. A linha segue impetuosa, implantada a meio das encostas das sucessivas serranias. Ao lado, numa directriz paralela, serpenteia a A23: por ali demora-se menos de meia hora a chegar à Covilhã. O traçado é sinuoso e faz-se entre os 20 e 60 quilómetros por hora. O ritmo da automotora Allan (que foi às oficinas do Porto fazer um "lifting" e voltou "modernizada") apenas é quebrado pelas cinco paragens que separam as duas cidades. Estações e apeadeiros mergulhados no mais profundo silêncio e abandono, importunado pela passagem, seis vezes por dia – para cima e para baixo – da vagarosa carruagem. Até Maçaínhas viajamos a 50 quilómetros por hora, seguimos para Caria a 40 e depois a 60 – um luxo – até à Covilhã. Nas 10 pontes que fazem parte do percurso, a velocidade é sempre reduzida para 20 à hora.(...)
«A linha não tem passageiros, atravessa uma zona desertificada e tem a fatalidade histórica de ter os apeadeiros longe das aldeias, o que não é prático», refere Hélder Bonifácio, do Grupo de Amigos da Linha da Beira Baixa – 6 de Setembro. «A linha está arcaica e o principal problema está na velocidade do automotora. Quando o troço foi inaugurado, em 1893, havia um comboio rápido que percorria o trajecto demorando o mesmo tempo que actualmente», acrescenta. Para o responsável, os caminhos-de-ferro da região «só ganharão no dia em que se aumentarem as velocidades».
De resto, Hélder Bonifácio não poupa críticas à forma como a REFER tem vindo a conduzir a modernização na Linha da Beira Baixa: «Passou-se de comboios a diesel para comboios eléctricos, suprimiram-se passagens de nível e melhorou-se a sinalização e só isto», afirma. A viagem inaugural na linha da Beira Baixa ocorreu há 114 anos, no dia 6 de Setembro de 1891, quando o rei D. Carlos fez o percurso entre Abrantes e a Covilhã. Só em Maio de 1893 a linha foi concluída com a abertura do troço Covilhã-Guarda. Ao longo de 11 quilómetros deste último troço, entre Caria e Maçaínhas, ainda há carris originais, segundo Hélder Bonifácio. «Não admira, por isso, que a velocidade máxima permitida seja ali de apenas 40 quilómetros por hora», sublinha. A electrificação e melhoria da linha até Castelo Branco foi inaugurada em Julho pelo primeiro-ministro, José Sócrates. Na ocasião, foi anunciado que a modernização nos restantes 120 quilómetros, até à Guarda, estaria concluída no ano passado, num investimento total anunciado superior a 75 milhões de euros.
Notícia na Íntegra
Kaminhos
Linha da Beira Baixa
Ano após ano, o troço entre a Guarda e a Covilhã vai perdendo passageiros
São 18h30 em ponto e o chefe de estação dá o apito que assinala o início da viagem. Deixamos a Guarda e rumamos à Covilhã pela linha da Beira Baixa. Aqui não passam comboios rápidos, a electrificação é uma miragem e, ano após ano, os passageiros são em menor número.
No total, são 47 quilómetros, percorridos em 1h15. A linha segue impetuosa, implantada a meio das encostas das sucessivas serranias. Ao lado, numa directriz paralela, serpenteia a A23: por ali demora-se menos de meia hora a chegar à Covilhã. O traçado é sinuoso e faz-se entre os 20 e 60 quilómetros por hora. O ritmo da automotora Allan (que foi às oficinas do Porto fazer um "lifting" e voltou "modernizada") apenas é quebrado pelas cinco paragens que separam as duas cidades. Estações e apeadeiros mergulhados no mais profundo silêncio e abandono, importunado pela passagem, seis vezes por dia – para cima e para baixo – da vagarosa carruagem. Até Maçaínhas viajamos a 50 quilómetros por hora, seguimos para Caria a 40 e depois a 60 – um luxo – até à Covilhã. Nas 10 pontes que fazem parte do percurso, a velocidade é sempre reduzida para 20 à hora.(...)
Entre Caria e Maçaínhas ainda há carris de 1893
«A linha não tem passageiros, atravessa uma zona desertificada e tem a fatalidade histórica de ter os apeadeiros longe das aldeias, o que não é prático», refere Hélder Bonifácio, do Grupo de Amigos da Linha da Beira Baixa – 6 de Setembro. «A linha está arcaica e o principal problema está na velocidade do automotora. Quando o troço foi inaugurado, em 1893, havia um comboio rápido que percorria o trajecto demorando o mesmo tempo que actualmente», acrescenta. Para o responsável, os caminhos-de-ferro da região «só ganharão no dia em que se aumentarem as velocidades».
De resto, Hélder Bonifácio não poupa críticas à forma como a REFER tem vindo a conduzir a modernização na Linha da Beira Baixa: «Passou-se de comboios a diesel para comboios eléctricos, suprimiram-se passagens de nível e melhorou-se a sinalização e só isto», afirma. A viagem inaugural na linha da Beira Baixa ocorreu há 114 anos, no dia 6 de Setembro de 1891, quando o rei D. Carlos fez o percurso entre Abrantes e a Covilhã. Só em Maio de 1893 a linha foi concluída com a abertura do troço Covilhã-Guarda. Ao longo de 11 quilómetros deste último troço, entre Caria e Maçaínhas, ainda há carris originais, segundo Hélder Bonifácio. «Não admira, por isso, que a velocidade máxima permitida seja ali de apenas 40 quilómetros por hora», sublinha. A electrificação e melhoria da linha até Castelo Branco foi inaugurada em Julho pelo primeiro-ministro, José Sócrates. Na ocasião, foi anunciado que a modernização nos restantes 120 quilómetros, até à Guarda, estaria concluída no ano passado, num investimento total anunciado superior a 75 milhões de euros.
Notícia na Íntegra
Kaminhos
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