sexta-feira, maio 08, 2009

R'etratos à sexta...com JM (6)

O desenvolvimento local está hoje numa encruzilhada brutal: o associativismo está hoje em decadência e a resposta que a política local tem de dar é a de como ultrapassar este arquétipo perigoso de desvitalização das colectividades na Covilhã e em particular nas áreas rurais da cidade. O debate em torno das colectividades locais tem sido esquecido mas tem de se reavivar porque dele depende o futuro do desenvolvimento social e cultural dos espaços de vivência citadinos mas também e sobretudo “sub citadino”...

Não basta que a CMC construa aprazíveis e desafogadas sedes para as colectividades… Isso é uma parte do caminho: o que é urgente agora é pensar as políticas culturais e sociais e também fiscais de desenvolvimento das colectividades.


As questões que hoje se colocam à cidade – enquanto pólos amplos e abrangentes de complementaridade com os espaços rurais –, são, até que ponto, as colectividades locais tem gente pronta a assegurar o seu funcionamento futuro… Até que ponto o financiamento das colectividades é um financiamento sustentado, equilibrado e eficaz… Até onde pode ir a autarquia no apoio não monetariamente directo às colectividade mas sim no apoio monetário indirecto… (por exemplo na descentralização de espectáculos e eventos centrais …) …, até que ponto existe hoje uma cultura jovem de participação cívica nas colectividade… e sobretudo ate que ponto as colectividades são hoje vistas, pela política central, como factores de desenvolvimento local - das regiões, das freguesias, das seus gentes.


Há uns tempos o Máfia escrevia, ou melhor, citava que as colectividades estavam em vias de extinção e como criar afinal uma cultura política e social local de valorização das colectividades na Covilhã, que acabe com a realidade perigosa e desastrosa que encontramos em muitas das delas?


Sabemos das potencialidades e da importância actual das colectividades. Por exemplo, o grupo de Santo António promove aulas de judo para crianças do bairro dando-lhes assim a oportunidade de aprenderem um desporto saudável e de desenvolverem competências desportivas importantes que no mínimo os tornam mais felizes e que desenvolvem espírito de amizade, companheirismo e camaradagem , promove caminhadas pela serra e almoços em que já participei e onde dá gosto ver a alegria estampada no rosto das pessoas (…) … O Oriental de São Martinho promove por exemplo aulas de musica para os jovens possibilitando a aprendizagem de vários instrumentos musicais e aulas de vários tipos de dança tornando assim, dezenas de jovens na colectividade mais ricos culturalmente, além de viagens, eventos culturais (…)


… o Grupo desportivo da Mata tem por exemplo uma equipa de futsal muito importante na cidade e que dá oportunidades a muitos jovens de se afirmarem no desporto, tem uma sede dinâmica e activa… (etc, etc, etc)


São apenas e meros exemplos “miúdos” porque para falar em profundidade das colectividades teria de falar, falar e falar…

Importam-me não só falar do trabalho feito que é imenso e riquíssimo e que a nossa sociedade reconhece, mas também de futuro…


Os organismos políticos tem hoje de redefinir o financiamento das colectividades, têm de redefinir os apoios, as ideias e os projectos… têm de criar novos laços de complementaridade… tem de estar presentes lá, no terreno.


A oposição na Covilhã (enquanto organismos políticos capazes de apresentar alternativas para o desenvolvimento) tem de deixar de passar nas colectividades só para os “copos” e para o convívio, é preciso mais que isso. A responsabilidade social é a pressão mais forte à autarquia, à oposição, e às próprias colectividades em si.


As colectividades sabem que são necessárias ideias, alternativas, projectos e sobretudo discussão livre entre a Câmara, a oposição, elas próprias.

Das colectividades depende a felicidade, a amizade, e a alegria de muita gente… gente que muitas vezes não tem mais nada, não tem espaço, não tem acesso à cultura centralizada… ou simplesmente não a entende porque não foi educada para a entender.


Desenvolver as colectividades, torna-las dinâmicas e activas é investir na humanização das relações sociais, é investir na cultura e na educação das gentes, é dar uma machada profunda e forte na desertificação cultural que impigem ao interior principalmente nos meios mais rurais ou menos urbanos.


Investir nas colectividades é investir no progresso.


Saudações.

João Nuno Mineiro

7 comentários:

José Pedro Dias disse...

Eu li isto e fiquei um bocadinho abismado... Há aqui uma série de ideias erradas! O associativismo não está a morrer, aliás, não consigo perceber de onde veio essa ideia.

Um bocadinho de estudos sociológicos faziam muito bem à mente e à leitura! Aconselho, antes de falarem destes assuntos, uma leitura exaustiva sobre o tema, que bem o merece!

Cumprimentos

Oi?? disse...

Mr_mac, mas fazer o quê? Este miúdo é tão iluminado que até já consegue encontrar problemas onde os não há.
É este o problema de se dar tempo de antena a quem nãp tem o mínimo de conhecimentos nem de engenho para falar do que quer que seja...

Continua, grande JM, pelo menos sempre tenho um bom motivo pra me rir às gargalhadas quando o fim-de-semana está à porta! ;)

Anónimo disse...

Se o Pinto ler isto vai ficar satisfeito com a maioria do texto, acho que até foi inspirado nos discursos dele sobre associativismo. Mais um seguidor do lider.

Anónimo disse...

A justificação para a morte do associativismo pode ter várias evidências… em primeiro lugar as contas, o financiamento, a sustentabilidade, (ler noticia do máfia em que coloquei link) mas também e muito importante o afastamento dos jovens do associativismo. Até que ponto num futuro em media escala (30\40) as colectividades da cidade tem gente para as continuar a manter em pé? Isso é imprevisível mas olhar pelo interesse que hoje se tem por elas o cenário não é animatório. Mas o que foco especialmente no texto é a relação entre a perda demográfica, com a extinção das colectividades. Quando eu vou por exemplo ao grupo de santo António 90 por cento das pessoas que lá estão são reformados ou pessoas com mais de 50. Apesar de haver alguns jovens por amor ao bairro, com a desfixação deles desses locais as colectividades morrem porque deixam de ter fundamento. Essa é a ideia principal do texto.
É obvio que temos excelentes colectividades como o Oriental, a Mata mas temos outras em que se não houver intervenção política, social e cultural seria vão extinguir-se a médio prazo. Para mim investir em tudo isto é investir contra a desertificação do interior.

Anónimo disse...

continua... parabens pela coragem... só espero que os partidos politicos nao te influenciem como o acabam por fazer com todos os jovens...

José Pedro Dias disse...

Concordo mais com este teu ultimo comentário, no entanto terei de intervir e dizer em que é que discordo! Tu começaste por falar na ideia de que o associativismo estava a morrer em Portugal, que é uma ideia errada, basta leres alguns artigos científicos sobre o tema, os jovens é que estão a contribuir cada vez menos para o funcionamento das associações, mas pertencem a elas!
Outra ideia, agora em relação ao teu comentário de resposta, o grupo de Santo António pode até estar a desaparecer, mas se reparares, ano após ano, tal como em todo o país, desaparecem colectividades e nascem outras. Tens o exemplo de associações estudantis e juvenis que têm aparecido por aí, não digo no interior, porque a realidade do interior é-me algo de desconhecido, por isso não falo no que não sei e penso que deverias fazer o mesmo e não vai ser com base em notícias jornalísticas que vais tirar grandes conclusão!

Continua, gosto da tua forma de escrever, agora têm é que ser coisas sustentadas e conhecedoras da realidade!

Cumprimentos

Anónimo disse...

Concordo contigo Mr.Mac, há neste texto algum desconhecimento da realidade, mesmo da realidade, e falta de sustentabilidade argumentativa.São ideias que andam por aí e que toda a gente repete.