BATIA a meia-noite, foragido momento na cidade em recolhimento. No esparso silêncio destes dias, desdenhado, alvitrado, ameaçado, avisado, desenhavam-se novos contornos de turbulência.
No abrigo do breu, a mão soltou o clarão. A primeira bomba rebenta à porta do industrial Francisco Nave Catalão. A madeira estilhaçou-se. Foi só o susto. Quebrou-se o silêncio. Parte da Covilhã acordava, agora, em surdina, nesta madrugada de 4 de Maio de 1923. No rasto da escuridão, o sobressalto voltou a tomar a cidade operária em voo picado. Quinze minutos depois, sem espaço para recobro, o negro recolhido no efémero da noite volta a ser violado pela faísca da explosão. Nova bomba rebenta junto da residência de outro industrial dos lanfícios: Francisco Ranito, que vivia na rua Conde do Refúgio. Novamente, e felizmente, sem vítimas a registar. Mas a assinatura estava a ser colocada num dos períodos mais violentos da história na cidade do Covilhã. Viviam-se dias agitados. Vivia-se a Greve das Oito Semanas.
O sindicato dos lanifícios local, controlado por anarco-sindicalistas, e afecto à Confederação Geral de Trabalhadores (CGT), decretou greve geral a 14 de Abril. As exigências eram as esperadas: aumento dos salários, tidos como demasiado baixos para fazer face à carestia de vida deste país ainda a lamber as feridas do pós-I Guerra Mundial, na indolência de uma inflação galopante. Os industriais não puderam sustentar as reivindicações, a greve prolongou-se e o tom agudizou-se, assumindo repercussões nacionais. Até porque a elite dirigente do sindicato não era conhecida pela sua brandura. Os anarco-sindicalistas, ao contrário dos socialistas que controlaram o sindicato até 1918, não primavam pela moderação.
António Rodrigues Assunção, o autor do segundo livro da trilogia sobre o movimento operário da Covilhã, que irá ser apresentado em Dezembro, levantou ao JF o véu sobre o período tratado nesta segunda obra, que engloba de 1907 a 1926.
O sindicato dos lanifícios local, controlado por anarco-sindicalistas, e afecto à Confederação Geral de Trabalhadores (CGT), decretou greve geral a 14 de Abril. As exigências eram as esperadas: aumento dos salários, tidos como demasiado baixos para fazer face à carestia de vida deste país ainda a lamber as feridas do pós-I Guerra Mundial, na indolência de uma inflação galopante. Os industriais não puderam sustentar as reivindicações, a greve prolongou-se e o tom agudizou-se, assumindo repercussões nacionais. Até porque a elite dirigente do sindicato não era conhecida pela sua brandura. Os anarco-sindicalistas, ao contrário dos socialistas que controlaram o sindicato até 1918, não primavam pela moderação.
António Rodrigues Assunção, o autor do segundo livro da trilogia sobre o movimento operário da Covilhã, que irá ser apresentado em Dezembro, levantou ao JF o véu sobre o período tratado nesta segunda obra, que engloba de 1907 a 1926.
Por: Nuno Francisco
JF
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