quarta-feira, novembro 26, 2008

"Rabasquinho, para os amigos"_Homenagem a José Felix Rabasquinho_GIRR_28nov08_21:00_Teatro Cine da Covilhã

Foi árbitro durante 30 anos. É, e sempre foi, um homem do associativismo

E agora, será homenageado pelo Grupo Instrução e Recreio do Rodrigo, zona onde mora. Uma “alegria” para Félix Rabasquinho, que enfrenta, de há uns anos a esta parte, um novo desafio na sua vida: a luta contra a esclerose múltipla


“Olho o Alves. Óh amigo, espera aí, que já aí vou, para conversarmos”. Mesmo acamado, e sem possibilidades de se levantar sozinho, tendo que pedir ajuda à sua esposa, é assim que Félix Rabasquinho nos acolhe em sua casa, no Bairro do Rodrigo. Um minuto depois, já instalado na sua cadeira de rodas, vem para a sala de sua casa e logo atira: “O que vai? Um portinho ou uma jeropiga? É caseira. É boa”. É assim o senhor Félix, Rabasquinho para os amigos. Uma pessoa com um sorriso nos lábios e sempre alegre, apesar de nos últimos anos, lutar contra aquele que é, possivelmente, o maior desafio da sua vida: a esclerose múltipla. Ele, que ao longo de 30 anos dedicados à arbitragem enfrentou os mais diversos desafios. “É frustrante, mas a vida continua” afirma.

No próximo dia 28, pelas 21 horas, no Teatro-Cine da Covilhã, o antigo árbitro vai ser homenageado pelo Grupo Instrução e Recreio do Rodrigo, numa cerimónia que conta com o apoio da Câmara e Junta de Freguesia da Conceição. “Sou dos sócios mais antigos e ainda sou dirigente” diz, orgulhoso. Mostrando-se, contudo, surpreso com esta homenagem. “Não sabia de nada, oficialmente. Só pelos jornais, rádios e pela revista da Câmara” afirma, mostrando-se satisfeito por ser “um tributo em vida e não em morte”. O Grupo apresenta como argumentos para esta distinção a defesa da cidadania, dos mais necessitados, dos indefesos e o papel desempenhado por Félix Rabasquinho como jogador e árbitro de futebol, bem como no associativismo. Foi ele que, em tempos, levou o cinema a várias instituições, na cidade. Foi um voluntário. Foi (e é) um dirigente associativo empenhado. “Penso que me homenageiam um pouco por tudo isso” revela.

Agora, na sua luta particular contra a doença, Rabasquinho não se deixa, contudo, desactualizar. Lê sempre jornais, ouve rádio e gosta de se manter informado. Sobre a região, a cidade e…a bola. “Olha, o teu (jornal) está ali em cima da mesa” afirma. Porém, após 30 anos de arbitragem, de 1976 a 2006, confessa: “Tenho saudades. Foi muito tempo, muitos anos. Mas o que é que a gente há-de fazer” pergunta. E depois, abre o baú das recordações. “O primeiro jogo que fiz, como fiscal de linha, porque era assim que se começava, foi na tua terra. Um Belmonte/Tortosendo. Aquilo correu mal, havia lá uma serração ao lado e ainda levámos umas pauladas” diz, a rir, o ex-árbitro. Para depois, sem qualquer dúvida, afirmar: “Essas coisas, agora, a gente ri-se delas. No fundo, no futebol, arranjei muitos amigos em todo o lado, entre dirigentes, colegas e jogadores. Fiz mais amigos que inimigos” garante.

“Há bons valores na arbitragem distrital”

A primeira equipa de arbitragem onde alinhou era liderada por Alfredo Moreno. O outro fiscal de linha é José Bernardes. “Isto era assim. Começava-se como fiscal, depois de alguns anos começava-se a apitar a garotada e só depois é passávamos a árbitro principal” recorda. Quando o foi, os seus fiscais foram Soares Dias e João Pinheiro, durante muitos anos. Depois, cada um seguiu o seu caminho e Félix continuou a apitar com muitos outros amigos, como Pinto da Conceição, por exemplo. Sobre a arbitragem do distrito, hoje, não tem dúvidas que “estão a surgir bons valores. Jovens entre os 18 e 23 anos, que têm qualidade. Depois, há aqueles mais experientes. Por isso, no geral, a arbitragem distrital está a surpreender-me pela positiva” afirma.

Nos nacionais, novos elogios. “Gosto muito de ver, e estou contente por ele, do Carlos Xistra. Mas cá na zona, também temos bons árbitros na Terceira Divisão e também no futsal” diz, para depois, qual pai babado, fazer uma pausa e falar o filho, Hélio. “Está na segunda divisão nacional de futsal e está a portar-se bem. É um orgulho para mim ter um filho na arbitragem. E já tenho netos que me dizem, avó, nos também queremos ser árbitros” assegura. Um mundo no qual “é preciso ter muita vontade e enfrentar sacrifícios. Em termos monetários, não compensa muito” garante.

A conversa chega ao fim, em termos de reportagem, mas Félix, satisfeito com a visita, lá continua a recordar. O distrital, os torneios de futsal, os clubes onde deixou amigos. Está tudo guardado. Nos álbuns de fotografias e…no coração. “Menino, volta sempre aqui a ver o velhote” pede.

2 comentários:

Anónimo disse...

GATUNO!!!!! :)

Anónimo disse...

grande homem! força!