quarta-feira, julho 09, 2008

O velhote do burro...by João Jesus Nunes

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A história que segue vem na peugada das dificuldades emergentes, na altura, da vivência no conformismo em levar o sacrifício até ao fim.
O antigo industrial, Álvaro Paulo Rato, um daqueles homens de fibra, em que a palavra dita ainda fazia lei, deslocava-se na sua carrinha Peugeot 304, por uma das estradas da serra, quando deparou, mais à frente, com um homem acompanhando um burro, carregado de erva, e, a seu lado, seguia a mulher, com duas cestas de hortaliça.

Quase que ocupavam metade da estrada. O condutor, Álvaro Paulo Rato, vê acenar o homem do burro, que, ao passar por ele, lhe pede para levar a mulher mais uns quilómetros à frente.

- “Entre para aí!”- disse para a mulher, já sem grande espanto do João Brás, que seguia com o seu patrão, e que conhecia a índole do velho Paulo Rato.
Aproveitando-se da bondade do condutor que parara, o velho, dono do burro, suplica ao senhor do Peugeot para também lhe levar as cestas carregadas de hortaliça.

Num ápice, peculiar de Álvaro Paulo Rato, diz ao velhote: “Meta lá as cestas, e, olhe, se quiser, meta também o burro!”

Lá seguiram viagem: o Álvaro Paulo Rato, o João, a mulher do homem do burro, e a tralha. Atrás ficou, satisfeito, no seu caminhar lento, o homem e o burro.

Com o desenfrear do aumento dos combustíveis, e na alternativa aos transportes públicos, não será a vez de ter que se substituir o combustível por erva e andar de burro?
Kaminhos

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