quinta-feira, janeiro 10, 2008

Correio do Leitor

Estou a ouvir o podesquerda nº 47, extra, é claro ou talvez não tanto, é um programa dedicado aos 20 anos do falecimento do Zeca (para quem não sabe: José Afonso).

Perguntam-me o que este cantor de baladas, tem a ver com a subida do petróleo até aos 100 euros, o que tem a ver com o pagamento de 68 cêntimos de reforma do ano passado, mas como tudo funciona na perfeição, e os nossos governantes não têm cheta, antes de pagarem os 9euros e tal de uma só vez, dividem em 14 meses.

Posso falar da falta de acessibilidades não só para as pessoas portadoras de deficiência, os mais desprezados dos desprezados, mas as mães que empurram os seus carrinhos de bebe, dos idosos que lhes custa a levantar os seus membros, ou aqueles que já têm de ter apoios logísticos (bengalas, cadeiras de rodas, canadianas, etc. etc.).



Gostaria que me informassem como subo as escadas da Câmara Municipal da Covilhã? (Esqueci-me de dizer que sou um deficientes motor, não é caso para chorarem) Subir as escadas do tribunal, as das finanças, talvez estas perguntas sejam um pouco difíceis, para quem preside a uma Câmara municipal? Vou tentar ser um pouco burro (não é nada de anormal), a percentagem das inclinações para pessoas portadora de deficiência em toda a área do pelourinho, é a correcta? Pela lei que nunca foi cumprida o máximo de inclinação é de 8%. Traduzindo: aqueles declives nas passadeiras que em principio é para se conseguir subir com uma cadeira de rodas, sem uma cambalhota para trás, só deveriam ter no máximo 8% de inclinação, há, há, há…

Não exister um funcionário na autarquia, que saiba medir a inclinação da inclinação de um passeio???

Não me lembro das carreiras (autocarros) que vêm da Bouça, terem condições de transportar pessoas portadoras com deficiência. Mas será que as da Erada, do Sobral, do Tortosendo, do Teixoso, do Canhoso, etc, etc.., também as têm?

Mas será por serem pouco conhecidas?

Será por serem carreiras de zonas rurais, para esquecer, para desertificar? Então perdoem-me a minha ignorância.

O Rodrigo, a Estação, Stª António, Penedos Altos, todas, todas, carreiras urbanas, essas sim, têm elevador.

Lembrar-nos da Birmânia, do Paquistão, do Iraque, do Afeganistão, e vamos fazer-nos de esquecidos, dos países de africa, da América Latina e até de Timor. E por pura coincidência, esquecemo-nos de um pequeno jardim à beira mar plantado – calma não estou a falar de um tal Jardim do Lago – estou a falar de um país chamado Portugal, se não se lembrarem do país lembrem-se de um jogador de futebol chamado Cristiano.

Quem quer informação, hoje é querer aprender, é acreditar que só depois da morte temos dúvidas se é ou não possível apreender.

Há uns anos um grupo de pessoas portadoras de deficiência, lembraram-se de fundar uma delegação da Associação Portuguesa de Deficientes no distrito de Castelo Branco.

Mas o poder (que de poder não tem nada, mas … entendem), resolveu transformar a delegação num escritório particular.

Organizar uns comes e bebes, 2 ou 3 vezes por ano, e autenticaram-se defensores dos direitos humanos, tipo as festas anuais nas aldeias dos grupos dos josés, dos antónios, e muitos que fazem regularmente as mesmas actividades (deviam-se inscrever como sócios da delegação da APD do distrito) as festas os copos não devem variar assim tanto.

Quando a delegação foi constituída, organizaram-se debates, um torneio internacional de basquetebol em cadeiras de rodas (sem prejuízos financeiros).

Hoje uma sede cedida pela CMC, numa zona histórica, não passa de um gabinete particular de um pseudo escritor.

E talvez por esquecimento, nada se fez no dia 3 de Dezembro, Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.

Como é possível estranhar os 100 dólares do barril? Como é possível estranhar o fecho de maternidades e de SAP’s, das urgências, etc?

Quando pessoas, que têm problemas motores, preferem uns jantares, a exigir os seus direitos.

Os cortes dos direitos adquiridos pelas finanças públicas, na medicação, nas próteses, etc. nada dizem a estas pessoas. Esquece-se de ler o Jornal nacional “Associação”, esquece-se de ler os decretos da Assembleia da Republica sobre estas questões, que mais se pode dizer sobre a ignorância?

Talvez… se conseguissem, ler a Sétima Porta, o entendimento sobre as pessoas com deficiência e sobre os direitos humanos, tivesse para essas pessoas mais sentido, mais amor.

PS: Talvez seja hora de todas as caixas multibancos, sejam para todos.

José Guerra

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