terça-feira, janeiro 29, 2008

“PELA TRAVESSIA, POR TÚNEL, DA SERRA DA ESTRELA”

No âmbito da Consulta Pública da Avaliação Ambiental Estratégica
Plano Rodoviário Nacional na Região do Centro Interior (IC6, IC7 e IC37)

Os abaixo-assinados vêm, no âmbito da Consulta Pública acima referida, dizer o seguinte:

1. Tendo sido apresentada pela Estradas de Portugal, SA uma avaliação ambiental estratégica relativa às possíveis soluções para ligação rodoviária de cidades como Viseu e Coimbra à Covilhã e Guarda, através de zonas vizinhas de Nelas, Oliveira do Hospital, Vide, Seia, Gouveia, Fornos de Algodres, Celorico da Beira, Unhais da Serra, Tortozendo, Teixoso e Manteigas, abrangendo um enorme conjunto de outras localidades, e cujo prazo de consulta pública termina no dia 12 de Fevereiro deste ano, parece importante fazer ouvir uma voz que represente alguns, na impossibilidade de a todos representar, dos que, conhecendo a realidade, pedem e esperam que os decisores em Lisboa não deixem de procurar saber qual das 3 soluções em confronto melhor satisfará as necessidades dos utentes e menos prejudicará a Natureza.
2. A solução dos túneis, considerada no Cenário B, é a que melhor satisfaz as populações na transposição da Serra da Estrela no que se traduza em rapidez, conforto, segurança, e consequentes níveis de poupança de combustível, libertação de CO2 e poluição. Além disso, esta solução é favorável às acessibilidades e ao desenvolvimento regional e coesão territorial, permitindo uma maior permeabilidade do maciço montanhoso que gera novas oportunidades de contacto entre os vários concelhos vizinhos da Serra da Estrela, alargando para o dobro o mercado de proximidade que se estenderá de Viseu à Covilhã, assim contribuindo para um maior dinamismo da actividade económica. Os inertes resultantes da abertura dos túneis, serão retirados da zona de Parque Natural e mantidos em estaleiros a localizar nas proximidades das linhas férreas da Beira Alta e da Beira Baixa, de modo a facilitar a sua utilização em obras de construção civil, pavimentação e outras aplicações que se mostrem úteis ou rentáveis.
3. Embora possa ser, num primeiro momento, mais cara que a solução do Cenário C, este será mais caro a médio prazo em termos de exploração, poluição, destruição da paisagem, consumo de combustível, tempo utilizado nos percursos, riscos de condução, sinistralidade e cortes de tráfego, pela ineficiência provocada pela impossibilidade de prevenir, evitar ou remediar os factores meteorológicos adversos, que só podem ser ignorados por quem não conheça o dia-a-dia da região.

4. Não se conhece quem, nem argumentos que privilegiem ou recomendem sustentadamente a solução do Cenário C, que é a que mais riscos envolve, especialmente ao nível da segurança, e objectivamente não serve a ligação Coimbra/Covilhã por não reduzir significativamente, nem a distância nem o tempo de viagem, face às opções actuais.

5. Apela-se às entidades responsáveis pela decisão de escolha do cenário mais conveniente que atentem nos riscos que a solução do Cenário C implicará, tendo em conta os seus três túneis, 9 viadutos, inúmeras estruturas “penduradas” na montanha ou apoiadas nos recortes das bacias hidrográficas do Alva/Mondego e do Zêzere/Tejo, e o aumento sensível de poluição que provocará em toda a sua declivosa e sinuosa extensão, a que acrescerão as normais e naturais consequências da neve, do gelo e da geada, dos fortes ventos e, sobretudo, dos inevitáveis e intransponíveis nevoeiros que durante todo ano cobrem grande parte daquele espaço potenciando a sinistralidade.

6. Assim, solicitam que qualquer decisão definitiva só seja tomada depois de avaliados os custos dos projectos de execução das várias soluções agora apresentadas bem como os efectivos impactes ambientais respectivos.

Blog de Manteigas


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