sexta-feira, junho 15, 2007

Pelos caminhos de Portugal - Serra da Estrela

“Alta, imensa, enigmática, a sua presença física é logo uma obsessão. Mas junta-se à perturbante realidade uma certeza mais viva: a de todas as verdades emanarem dela. Há rios na Beira? Descem da Estrela. Há queijo na Beira? Faz-se na Estrela. Há roupa na Beira? Tece-se na Estrela. Há vento na Beira? Sopra-o a Estrela. Tudo se cria nela, tudo mergulha as raízes no seu largo e eterno seio. Ela comanda, bafeja, castiga e redime.” (Miguel Torga)

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Maciço Central da Serra da Estrela, denominado “Três Cântaros”, que são as três montanhas mais salientes da Estrela. Da esquerda para a direita, os cântaros Gordo, Magro e Comprido. Pensa-se que o nome venha da parecença (um pouco exagerada) do normal cântaro, um vaso grande e bojudo muito usado nesta zona para transportar a água das fontes, rios ou ribeiros.

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«Na minha última viagem à minha terra não poderia ter deixado de visitar a serra mãe de Portugal.
A partir da Covilhã, através de íngremes e serpenteantes estradas, tem-se o mais belo e panorâmico acesso à serra da Estrela. Passa-se pelo Parque Florestal da Covilhã, depois o Parque de Campismo do Peão e mais acima a Varanda dos Carqueijais, onde existe um miradouro e se pode contemplar o extenso vale da Cova da Beira e mais ao longe terras de Espanha.
Continua-se a subida até às Penhas da Saúde, onde há uma estância de férias, depois passa-se junto ao Lago Viriato, que antecede a nave de Santo António e os majestosos vales glaciários da Estrela. »

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Nave de Santo António, vendo-se ao longe o Poio do Judeu, um bloco de grandes dimensões com cerca de 150 m3.


«Ao longo da história registaram-se várias grandes glaciações que atingiram a Serra da Estrela, originando neves contínuas e grandes glaciares. Os glaciares moldaram a serra, com montes escarpados e vales, deixando testemunhos únicos de extrema beleza, como são os casos do vale glaciário do Zêzere, que nasce no sopé do Cântaro Magro (Covão da Ametade) e se prolonga até Manteigas e o vale glaciário de Alforfa, que se inicia na vertente nascente do Cântaro Gordo, passa pelas Cortes até Unhais.»

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Vale Glaciário do Zêzere numa extenção de 13 km.

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Vale Galciário de Alforfa.

«A caminho da Torre, admira-se a Nave de Santo António, um antigo glaciar aos pés dos grandiosos Três Cântaros, onde se inicia a estrada para a torre que em semicírculos percorre os Cântaros, circundada por morros de neve. Junto ao Covão do Boi encontra-se a Nossa Senhora da Estrela, um monumento esculpido em baixo-relevo numa enorme rocha granítica. Antes de se chegar à Torre, o ponto mais alto de Portugal Continental, avista-se o topo do Cântaro Magro.»

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Estrada através dos Cântaros até à Torre.

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Túnel na rocha a caminho da Torre.


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Barragem do Padre Alfredo, no Covão do Ferro

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Cântaro Magro manchado de neve

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Torre, lugar mais alto de Portugal Continental

«Depois da Torre é hora de descer novamente até à Nave de Santo António e depois até ao Vale Glaciário do Zêzere. No caminho encontra-se o resto de floresta de pinho bravo que escapou ao flagelo dos incêndios. Chega-se depois a uma grande curva em forma do chouriço e à esquerda encontra-se um belo local, o Covão da Ametada, situado no sopé do Cântaro Magro. »

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Covão da Ametada – relvão, podendo ver-se em cima parte do Cântaro Magro.

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Covão da Ametada – Rio Zêzere ainda menino, a escassos 100 metros da sua nascente, espelhado de árvores.

«O Covão da Ametade, é para mim o local mais belo da Serra. Se for visitado durante a semana, num dia calmo, ouve-se ali apenas o grasnar de águias e milhafres e o sussurro da água a correr no rio.
O silêncio daquele lugar invade-nos a alma e transmite-nos como magia, uma calma suave e regeneradora.»

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