segunda-feira, junho 11, 2007

A maior barragem do mundo



Localizadas no Distrito de Sandouping, Município de Yichang, Província de Hubei, na
República Popular da China, as obras do Aproveitamento de Recursos Hídricos de Three Gorges estão sendo construídas a uma distância de 38 km da Barragem
de Gezhouba.

A construção da polémica barragem das Três Gargantas, a maior estrutura do género no mundo, vai ser hoje concluída na bacia do rio Yangtzé, na China, nove meses antes da data prevista.

A barragem só estará totalmente operacional a partir de 2009, já que há ainda uma série de geradores que terão que ser ali instalados, mas os trabalhos de construção propriamente ditos chegam hoje ao fim, o que será devidamente assinalado com uma cerimónia oficial no local.

Para trás, ficam 13 anos de trabalhos de construção -a barragem arrancou em 1993 -, muita polémica e algumas pressões internacionais, devido aos estragos ambientais e ao impacto humano da megabarragem denunciados ao longo da última década e meia por inúmeras organizações ambientais e por múltiplos observadores (ver texto em baixo).

Para a frente, esperam as autoridades chinesas, está um passo de gigante no caminho da independência energética do país.

A barragem das Três Gargantas, que o governo chinês espera que venha a gerar anualmente algo como 84,7 mil milhões de kwh (kilowatts) e que regularize as cheias, beneficiando a navegação no Yangtzé, foi, no entanto, responsável pela deslocação das cerca de 1,3 milhões de pessoas que viviam nas zonas que já estão desde há três anos a ser inundadas pela gigantesca albufeira.

Uma longa polémica

É tudo em grande, o que diz respeito a esta barragem. O rio é o maior do mundo (são pavorosas as suas cheias cíclicas), é a mais ampla de sempre, a parede da barragem (2,3 quilómetros) e o número de deslocados excede todos os anteriores.

Iniciada em 1993, a controversa barragem começou a funcionar em Junho de 2003, o que obrigou ao deslocamento, por essa altura, de cerca de 700 mil pessoas no perímetro da albufeira. De então para cá, esse número subiu quase para o dobro.

Mas, para as autoridades chinesas, as vantagens no futuro superam largamente estes duros custos humanos, já que se espera que este empreendimento gigantesco venha a produzir um décimo do total das necessidades energéticas do país.

Quanto aos impactos ambientais, as autoridades desvalorizam os aspectos negativos na conservação de espécies e poluição, nomeadamente, e em vez disso põem a tónica no controlo que a barragem vai permitir sobre as cíclicas e devastadoras cheias causadas pelo regime de chuvas na bacia do maior rio do mundo.

Se vai ser assim, ou não, só o tempo dirá. Os que se opõem desde o início à construção da megabarragem - sonho de longa data dos dirigentes chineses, que remonta a 1919 e ao tempo de Sun Yat Sen, mas que teve que ser adiado por falta de tecnologia adequada - não acreditam nessa anunciada capacidade controladora das cheias por parte da barragem. Mas uma coisa é certa: ela aí está, concluída a partir de hoje e, e se tudo correr como esperado, a trabalhar em pleno daqui a três anos.

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