terça-feira, maio 19, 2009

Crime: Dia em que incendiaram autocarro acabou com agressões violentas_Polícia ajuda No Name a atacar Super Dragões

No dia em que incendiaram um autocarro dos adeptos do FC Porto, a 21 de Junho do ano passado, os No Name Boys tiveram uma ajuda preciosa para a violência que se seguiu. Foi um elemento dos Spoters, os agentes da PSP que têm precisamente por missão escoltar e proteger as claques visitantes, a dar os Super Dragões à morte. Hugo Caturna, perigoso membro dos No Name a ser alvo de escuta telefónica, acalma os amigos: um polícia já o informou de que iam “largar” os rivais.

E a noite acabou com pontapés e garrafas partidas na cabeça das vítimas.

O crime teve lugar em plena área de serviço à saída da ponte Vasco da Gama, depois de um jogo de hóquei em Lisboa – e os agressores dos No Name Boys, para conseguirem emboscar e espancar os rivais, terão tido informação da própria polícia.

Caturna diz ao telefone, lê-se na Acusação do Ministério Público a que o CM teve acesso, que “um dos que o deteve [polícia] lhe disse que os iam ‘largar’ [S. Dragões] e que, por isso, iam andar por aí à deriva – referindo-se a informações de um Spoter [da PSP] que teria ligações com os arguidos [No Name Boys] e lhe teria fornecido informações sobre aspectos de acompanhamento de adeptos”.

BENFICA DESMENTE A PRÓPRIA PSP E AMEAÇA COM PROCESSO

Depois de o CM ter citado ontem um relatório final da Polícia de Segurança Pública sobre a investigação aos No Name Boys – em que é a própria polícia a concluir que Luís Filipe Vieira apoia a claque; que despediu o chefe de segurança do clube por este colaborar com a polícia e que pediu ao comandante da PSP para “aliviar” a presença policial junto dos No Name Boys –, o Benfica anunciou em comunicado que vai processar o nosso jornal.

Diz o comunicado que “é sabido o esforço” que o presidente Luís Filipe Vieira fez no sentido da “legalização das claques, tendo, inclusive, apresentado propostas que visavam a alteração do actual quadro legal” e que, verificada a não-legalização das mesmas, lhes “retirou qualquer tipo de apoios”.

PORMENORES

ASSISTIDOS NO HOSPITAL

As vítimas de agressões na ponte Vasco da Gama no Verão passado, depois de uma perseguição na 2.ª Circular, Lisboa, tiveram de ser assistidas no hospital devido a hematomas.

CRIADOS NO EURO 2004

Os Spoters são agentes da PSP que se dedicam ao acompanhamento de claques. Foram criados na sequência do Euro’ 2004.

POLÍCIA ESCAPA IMPUNE

O polícia que deu informações aos No Name Boys sobre os rivais nunca foi identificado.

NOTA DA DIRECÇÃO: É A NOTÍCIA QUE NOS MOVE

Para o Correio da Manhã, todos os cidadãos são iguais perante o trabalho jornalístico. É a notícia que nos move. É dela que é feita a nossa relação de lealdade com o Leitor.

No caso em apreço, pretenderia o presidente do Benfica que ignorássemos as conclusões de um extenso relatório com a chancela da PSP, qual árbitro que deixa passar um penálti? Ora a notícia que ontem chamámos à manchete tem relevância indiscutível, o interesse público dos factos impõe ao jornalista o dever de informar. Sem alinhar em campanhas, mas sem temer ameaças. Como sempre fazemos e faremos.

Henrique Machado

Correio da Manhã

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O Ministério Público (MP) acusou um total de 38 pessoas no inquérito relativo ao grupo de apoiantes do Benfica designado por "No Name Boys", precisou hoje a Procuradoria-Geral Distrital (PGD) de Lisboa.


Aquela estrutura do MP adianta na sua página na internet que foram imputados "crimes de associação criminosa, tráfico de estupefacientes, detenção de arma proibida, distribuição irregular de títulos de ingresso, incêndio, dano com violência, roubo qualificado, ofensa à integridade física e arremesso de objectos".

Refere também que "três arguidos estão em prisão preventiva, quatro estão em prisão domiciliária e dois estão sujeitos, desde o primeiro interrogatório judicial, a interdição de entrada em recintos desportivos". Acrescenta que foi requerida a aplicação a mais sete arguidos da medida de interdição de entrada em estádios de futebol. O inquérito esteve a cargo do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa.

O caso tornou-se conhecido há cerca de seis meses, com a detenção de mais de 30 pessoas no âmbito da "Operação Fair Play", ação realizada pela Unidade Especial de Combate ao Crime Especialmente Violento (UECCEV) do DIAP de Lisboa, em colaboração com a PSP, que investigou situações relacionadas com atos de violência de que foram vítimas adeptos do FC Porto e Sporting.

A operação permitiu ainda, entre outras coisas, a apreensão de armas proibidas, material pirotécnico e droga.

Protegidos por Vieira

O presidente do Benfica garantiu ao Ministério Público nem sequer reconhecer os No Name Boys, acusando a polícia e a segurança privada pelo mau controlo de armas e material incendiário nos estádios. Só que a PSP, num relatório a que o Correio da Manhã teve acesso, arrasa Luís Filipe Vieira.

Pode ler-se que o líder reúne com a claque para lhes dar todo o apoio, deixando entrar as tochas nas bancadas da Luz, despediu o chefe de segurança do clube por ajudar a PSP a identificar os criminosos e almoça com o comandante da polícia para lhe pedir que facilite na presença policial junto dos No Name. Muitos deles entretanto presos por droga, armas, roubos, incêndios e espancamentos a adeptos rivais.




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