Morreu aos 81 anos o escritor António Alçada Baptista. O «escritor dos afectos», como se auto intitulava admitia ter uma «sensibilidade feminina» e deixa uma vasta obra na área da ficção e ensaio e uma imagem de defensor da liberdade e dos direitos do homem.
Alçada Baptista, nasceu em 1927 na Covilhã e licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa, actividade que apenas exerceu entre 1950 e 1957
«A minha obra escrita vende-se muito por uma razão simples, porque eu sou talvez o primeiro escritor que não teve vergonha dos afectos», disse um dia o escritor sobre a sua obra - ao todo 14 títulos - que percorreu o ensaio, crónica, novela e o romance.
Nas suas obras, constam, entre outros, a «Peregrinação Interior - Reflexões sobre Deus» (1971), «Peregrinação Interior II - O Anjo da Esperança» (1982), «Documentos Políticos» (crónicas e ensaios, 1970), «O Tempo das Palavras» (1973), «Conversas com Marcello Caetano» (1973), «Os Nós e os Laços» (romance, 1985), «Catarina ou o Sabor da Maçã» (novela, 1988), «Tia Suzana, meu Amor» (romance, 1989) e «O Riso de Deus» (romance, 1994).
O escritor foi condecorado com a Ordem de Santiago, com a Grã Cruz da Ordem Militar de Cristo pelo Presidente Ramalho Eanes, em 1983 e com a Grã Cruz da Ordem do Infante pelo Presidente Mário Soares, de quem foi colaborador, em 1995, foi sócio da Academia Brasileira de Letras, da Academia das Ciências de Lisboa, e da Academia Internacional de Cultura Portuguesa, foi também presidente da Comissão de Avaliação do Mérito Cultural e administrador da Fundação Oriente.
Segundo o escritor Vasco de Graça Moura, Alçada baptista era «um indisciplinador da alma que contribuiu para a consciencialização de muitos cidadãos», além de um «excelente ensaísta, dotado de uma grande bagagem mental, sempre preocupado com a condição humana».
Jornal Digital
(...)No jornalismo destacou-se como director da revista O Tempo e o Modo, entre 1963 e 1969, e do jornal O Dia. Colaborou com várias publicações como A Capital, o Semanário ou a revista Máxima, tendo também participado em programas de rádio e televisão. Actualmente, desempenhava o cargo de Director da revista Oriente, publicação da Fundação Oriente.(...)
(...)Alçada Baptista publicou treze títulos, dos quais se destacam "Os Nós e os Laços" (1985), "Catarina ou o Sabor da Maçã" (1988), "Tia Suzana, Meu Amor" (1989), "O Riso de Deus" (1994), "Pesca à Linha – Algumas Memórias" (1998), "Um Olhar à Nossa Volta" (2002) e o seu último livro "A Cor dos Dias – Memórias e Peregrinações" (2003).(...)
JN
Nas suas obras, constam, entre outros, a «Peregrinação Interior - Reflexões sobre Deus» (1971), «Peregrinação Interior II - O Anjo da Esperança» (1982), «Documentos Políticos» (crónicas e ensaios, 1970), «O Tempo das Palavras» (1973), «Conversas com Marcello Caetano» (1973), «Os Nós e os Laços» (romance, 1985), «Catarina ou o Sabor da Maçã» (novela, 1988), «Tia Suzana, meu Amor» (romance, 1989) e «O Riso de Deus» (romance, 1994).
O escritor foi condecorado com a Ordem de Santiago, com a Grã Cruz da Ordem Militar de Cristo pelo Presidente Ramalho Eanes, em 1983 e com a Grã Cruz da Ordem do Infante pelo Presidente Mário Soares, de quem foi colaborador, em 1995, foi sócio da Academia Brasileira de Letras, da Academia das Ciências de Lisboa, e da Academia Internacional de Cultura Portuguesa, foi também presidente da Comissão de Avaliação do Mérito Cultural e administrador da Fundação Oriente.
Segundo o escritor Vasco de Graça Moura, Alçada baptista era «um indisciplinador da alma que contribuiu para a consciencialização de muitos cidadãos», além de um «excelente ensaísta, dotado de uma grande bagagem mental, sempre preocupado com a condição humana».
Jornal Digital
......................................
(...)No jornalismo destacou-se como director da revista O Tempo e o Modo, entre 1963 e 1969, e do jornal O Dia. Colaborou com várias publicações como A Capital, o Semanário ou a revista Máxima, tendo também participado em programas de rádio e televisão. Actualmente, desempenhava o cargo de Director da revista Oriente, publicação da Fundação Oriente.(...)
(...)Alçada Baptista publicou treze títulos, dos quais se destacam "Os Nós e os Laços" (1985), "Catarina ou o Sabor da Maçã" (1988), "Tia Suzana, Meu Amor" (1989), "O Riso de Deus" (1994), "Pesca à Linha – Algumas Memórias" (1998), "Um Olhar à Nossa Volta" (2002) e o seu último livro "A Cor dos Dias – Memórias e Peregrinações" (2003).(...)
JN
......................................
O deputado e poeta lamentou a morte do amigo, sublinhando o papel político do escritor "na luta pela democracia em Portugal".
"Era uma figura multifacetada, com uma cultura vastíssima, e um homem muito afectuoso nas suas relações com os amigos e a família", sublinhou Manuel Alegre, que não esqueceu "o papel importante" que Alçada Baptista teve, enquanto editor e presidente do Instituto Português do Livro, no estreitamento das relações de Portugal com o Brasil e os países africanos de língua oficial portuguesa.
Também Vasco Graça Moura fez questão de destacar o papel do escritor na luta pela democracia.
"Era um amigo de há muitos anos e é com muito pesar que o vejo partir", lamentou o escritor e político.
Era "um indisciplinador da alma que contribuiu para a consciencialização de muitos cidadãos", além de um "excelente ensaísta, dotado de uma grande bagagem mental, sempre preocupado com a condição humana", acrescentou Graça Moura, destacando o seu livro "Peregrinação Interior I - Reflexões Sobre Deus".
António Alçada Baptista foi ensaísta e ficcionista, admitindo ter na sua escrita uma sensibilidade feminina. Dizia ser dos poucos escritores que não tinha vergonha dos afectos.
"A minha obra escrita vende-se muito por uma razão simples, porque eu sou talvez o primeiro escritor que não teve vergonha dos afectos", afirmou.
Nascido na Covilhã em 1927, frequentou o colégio de jesuítas, sendo muito influenciado pelo Cristianismo e por pensadores como Emmanuel Mounier e Teillard de Chardin. Formou-se depois na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, exercendo advocacia entre 1950 e 1957.
"A Pesca à Linha - Algumas Memórias", obra de memórias, revelou o profundo sentido afectivo que caracteriza a escrita de Alçada Baptista.
"Um Olhar à Nossa Volta" serviu, por outro lado, de testemunho de uma vivência colectiva da década de 70 e 80, marcada por inquietações político-sociais.
A unanimidade da crítica e do público surgiria com "Peregrinação Interior - Reflexões sobre Deus" (1971) e "Peregrinação Interior II - O Anjo da Esperança" (1982).
"Documentos Políticos" (crónicas e ensaios, 1970), "O Tempo das Palavras" (1973), "Conversas com Marcello Caetano" (1973), "Os Nós e os Laços" (romance, 1985), "Catarina ou o Sabor da Maçã" (novela, 1988), "Tia Suzana, meu Amor" (romance, 1989) e "O Riso de Deus" (romance, 1994), são outros títulos da sua obra.
Foi também sócio da Academia Brasileira de Letras, da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Internacional de Cultura Portuguesa, presidente da Comissão de Avaliação do Mérito Cultural e administrador da Fundação Oriente.
Seria candidato pela Oposição Democrática nas eleições de 1961 e 1969 para a Assembleia Nacional e, de 1971 a 1974, foi assessor para a Cultura do ministro da Educação, Veiga Simão.
Funcionário da Secretaria de Estado da Cultura desde 1978, presidiu aos trabalhos da criação do Instituto Português do Livro, assumindo a presidência até 1986.
Manuel Alegre fala do amigo, "figura marcante da cultura portuguesa"
O deputado e poeta lamentou a morte do amigo, sublinhando o papel político do escritor "na luta pela democracia em Portugal".
"Era uma figura multifacetada, com uma cultura vastíssima, e um homem muito afectuoso nas suas relações com os amigos e a família", sublinhou Manuel Alegre, que não esqueceu "o papel importante" que Alçada Baptista teve, enquanto editor e presidente do Instituto Português do Livro, no estreitamento das relações de Portugal com o Brasil e os países africanos de língua oficial portuguesa.
Vasco Graça Moura lamenta "grande perda para a cultura portuguesa"
Também Vasco Graça Moura fez questão de destacar o papel do escritor na luta pela democracia.
"Era um amigo de há muitos anos e é com muito pesar que o vejo partir", lamentou o escritor e político.
Era "um indisciplinador da alma que contribuiu para a consciencialização de muitos cidadãos", além de um "excelente ensaísta, dotado de uma grande bagagem mental, sempre preocupado com a condição humana", acrescentou Graça Moura, destacando o seu livro "Peregrinação Interior I - Reflexões Sobre Deus".
Biografia de António Alçada Baptista
António Alçada Baptista foi ensaísta e ficcionista, admitindo ter na sua escrita uma sensibilidade feminina. Dizia ser dos poucos escritores que não tinha vergonha dos afectos.
"A minha obra escrita vende-se muito por uma razão simples, porque eu sou talvez o primeiro escritor que não teve vergonha dos afectos", afirmou.
Nascido na Covilhã em 1927, frequentou o colégio de jesuítas, sendo muito influenciado pelo Cristianismo e por pensadores como Emmanuel Mounier e Teillard de Chardin. Formou-se depois na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, exercendo advocacia entre 1950 e 1957.
"A Pesca à Linha - Algumas Memórias", obra de memórias, revelou o profundo sentido afectivo que caracteriza a escrita de Alçada Baptista.
"Um Olhar à Nossa Volta" serviu, por outro lado, de testemunho de uma vivência colectiva da década de 70 e 80, marcada por inquietações político-sociais.
A unanimidade da crítica e do público surgiria com "Peregrinação Interior - Reflexões sobre Deus" (1971) e "Peregrinação Interior II - O Anjo da Esperança" (1982).
"Documentos Políticos" (crónicas e ensaios, 1970), "O Tempo das Palavras" (1973), "Conversas com Marcello Caetano" (1973), "Os Nós e os Laços" (romance, 1985), "Catarina ou o Sabor da Maçã" (novela, 1988), "Tia Suzana, meu Amor" (romance, 1989) e "O Riso de Deus" (romance, 1994), são outros títulos da sua obra.
Foi também sócio da Academia Brasileira de Letras, da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Internacional de Cultura Portuguesa, presidente da Comissão de Avaliação do Mérito Cultural e administrador da Fundação Oriente.
Vida política
Seria candidato pela Oposição Democrática nas eleições de 1961 e 1969 para a Assembleia Nacional e, de 1971 a 1974, foi assessor para a Cultura do ministro da Educação, Veiga Simão.
Funcionário da Secretaria de Estado da Cultura desde 1978, presidiu aos trabalhos da criação do Instituto Português do Livro, assumindo a presidência até 1986.
RTP
......................................
O escritor e jornalista António Alçada Baptista morreu esta tarde, em Lisboa, aos 81 anos. O "escritor de afectos", "com uma sensibilidade feminina", como um dia disse de si próprio, deixa uma vasta obra na área da ficção e ensaio e uma imagem de defensor da liberdade e dos direitos do homem, como frisaram hoje a escritora Inês Pedrosa ou o deputado socialista Manuel Alegre.
Nasceu em 1927 na Covilhã. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, Alçada Baptista, que apenas exerceu advocacia entre 1950 e 1957, tem uma vasta obra literária publicada. Esteve também ligado ao jornalismo e à edição. Foi ainda cronista.
Admitindo ter “uma sensibilidade feminina”, Alçada Baptista enquadrava-se, segundo o próprio, entre os raros escritores que não tinham “vergonha dos afectos”: "A minha obra escrita vende-se muito por uma razão simples, porque eu sou talvez o primeiro escritor que não teve vergonha dos afectos", disse um dia o escritor sobre a sua obra - ao todo 14 títulos - que percorreu o ensaio, crónica, novela e o romance.
"A Pesca à Linha - Algumas Memórias", obra assumidamente de memórias e recordações, revelou o profundo sentido afectivo que caracteriza a escrita de Alçada Baptista, enquanto em "Um Olhar à Nossa Volta" deixou o testemunho de uma vivência colectiva registada na década de 70 e 80 marcada por inquietações político-sociais.
Mas foi com "Peregrinação Interior - Reflexões sobre Deus" (1971) e "Peregrinação Interior II - O Anjo da Esperança" (1982) que obteve a unanimidade da crítica e do público. Tem uma escrita influenciada pelo cristianismo e por pensadores como Emmanuel Mounier e Teillard de Chardin.
Da sua obra constam ainda "Documentos Políticos" (crónicas e ensaios, 1970), "O Tempo das Palavras" (1973), "Conversas com Marcello Caetano" (1973), "Os Nós e os Laços" (romance, 1985), "Catarina ou o Sabor da Maçã" (novela, 1988), "Tia Suzana, meu Amor" (romance, 1989) e "O Riso de Deus" (romance, 1994).
Em 1961 e 1969 foi candidato pela Oposição Democrática nas eleições para a Assembleia Nacional e, de 1971 a 1974, foi assessor para a Cultura do então ministro da Educação Nacional, Veiga Simão.
Funcionário da Secretaria de Estado da Cultura desde 1978, presidiu aos trabalhos da criação do Instituto Português do Livro, a que presidiu até 1986.
Foi ainda um dos fundadores da revista “O tempo e o Modo”, que marcou gerações. Era ainda editor da Moraes Editora.
O escritor foi condecorado com a Ordem de Santiago, com a Grã Cruz da Ordem Militar de Cristo pelo Presidente Ramalho Eanes, em 1983 e com a Grã Cruz da Ordem do Infante pelo Presidente Mário Soares, de quem foi colaborador, em 1995.
Sócio da Academia Brasileira de Letras, da Academia das Ciências de Lisboa, e da Academia Internacional de Cultura Portuguesa, foi também presidente da Comissão de Avaliação do Mérito Cultural e administrador da Fundação Oriente.
Inês Pedrosa, directora da Casa Fernando Pessoa, lembrou, em declarações à TSF, o “homem de causas”: “Foi um homem de causas, dos direitos do homem e da democracia. Mas temo que seja esquecido enquanto escritor para ser lembrado enquanto pessoa”.
O deputado e poeta Manuel Alegre lamentou também a morte do escritor e amigo António Alçada Baptista, de 81 anos, e descreveu-o como uma "figura marcante da cultura portuguesa".
Em declarações à Agência Lusa, Manuel Alegre sublinhou ainda o papel político do ensaísta e romancista nascido na Covilhã, em 1927, "na luta pela democracia em Portugal".
"Era uma figura multifacetada, com uma cultura vastíssima, e um homem muito afectuoso nas suas relações, com os amigos e a família", recordou o poeta.
Lembrou ainda "o papel importante" no estreitamento das relações de Portugal com o Brasil, e com os países africanos de língua oficial portuguesa.
O jornalista Baptista Bastos recordou Lusa que "conversar com Alçada Baptista era como assistir a um festival de memórias", a propósito da morte do escritor, hoje aos 81 anos.
"Era uma pessoa muito conversadora e terna. Talvez dos poucos escritores portugueses que não tinham inimigos, tal era a sua generosidade", referiu o jornalista.
Baptista Bastos lamentou que a obra de António Alçada Baptista fosse "um pouco esquecida" e apontou o livro "Peregrinação Interior I - Reflexões Sobre Deus" como sendo um dos livros mais importantes dos últimos 50 anos.
"É uma dramática interrogação do que é ser católico que devia ser lido e relido mais do que uma vez", afirmou.
O jornalista recordou ainda uma viagem que fez ao Brasil com Alçada Baptista juntamente com outros escritores e lembrou o amigo como "um excelente contador de histórias" de quem vai ter "muitas saudades".
A escritora Lídia Jorge destacou hoje o estilo de escrita de António Alçada Baptista, porque marcou a diferença pelo "imaginário intimista numa época em que predominava o imaginário social".
Em declarações à Agência Lusa sobre o desaparecimento do escritor de 81 anos, Lídia Jorge salientou que este imaginário diferente, sobre a relação entre as pessoas, "levou alguns a compará-lo a Virgílio Ferreira".
"Tocou-me, por exemplo, porque expunha uma espécie de lado metafísico que não era também comum na altura, e que era muito importante", salientou, comentando que Alçada Baptista "não o fazia com exuberância, mas com recato e delicadeza".
Recordou o impacto que tiveram as obras "Peregrinação Interior - Reflexões sobre Deus" (1971), e "Peregrinação Interior II - O Anjo da Esperança" (1982), sobretudo este último, "único dentro do género".
"A voz dele prolongou-se em romances como 'Os Nós e o Laços'" (1985), acrescentou a romancista, que o conheceu já como presidente do Instituto Português do Livro, nos anos 80 do século passado.
Era "um homem dos livros, defensor dos livros, agregador e embaixador dos escritores, o que foi muito importante na altura, e ainda hoje faz falta", sublinhou ainda a autora.
Público
RTP_Video
Nasceu em 1927 na Covilhã. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, Alçada Baptista, que apenas exerceu advocacia entre 1950 e 1957, tem uma vasta obra literária publicada. Esteve também ligado ao jornalismo e à edição. Foi ainda cronista.
Admitindo ter “uma sensibilidade feminina”, Alçada Baptista enquadrava-se, segundo o próprio, entre os raros escritores que não tinham “vergonha dos afectos”: "A minha obra escrita vende-se muito por uma razão simples, porque eu sou talvez o primeiro escritor que não teve vergonha dos afectos", disse um dia o escritor sobre a sua obra - ao todo 14 títulos - que percorreu o ensaio, crónica, novela e o romance.
"A Pesca à Linha - Algumas Memórias", obra assumidamente de memórias e recordações, revelou o profundo sentido afectivo que caracteriza a escrita de Alçada Baptista, enquanto em "Um Olhar à Nossa Volta" deixou o testemunho de uma vivência colectiva registada na década de 70 e 80 marcada por inquietações político-sociais.
Mas foi com "Peregrinação Interior - Reflexões sobre Deus" (1971) e "Peregrinação Interior II - O Anjo da Esperança" (1982) que obteve a unanimidade da crítica e do público. Tem uma escrita influenciada pelo cristianismo e por pensadores como Emmanuel Mounier e Teillard de Chardin.
Da sua obra constam ainda "Documentos Políticos" (crónicas e ensaios, 1970), "O Tempo das Palavras" (1973), "Conversas com Marcello Caetano" (1973), "Os Nós e os Laços" (romance, 1985), "Catarina ou o Sabor da Maçã" (novela, 1988), "Tia Suzana, meu Amor" (romance, 1989) e "O Riso de Deus" (romance, 1994).
Em 1961 e 1969 foi candidato pela Oposição Democrática nas eleições para a Assembleia Nacional e, de 1971 a 1974, foi assessor para a Cultura do então ministro da Educação Nacional, Veiga Simão.
Funcionário da Secretaria de Estado da Cultura desde 1978, presidiu aos trabalhos da criação do Instituto Português do Livro, a que presidiu até 1986.
Foi ainda um dos fundadores da revista “O tempo e o Modo”, que marcou gerações. Era ainda editor da Moraes Editora.
O escritor foi condecorado com a Ordem de Santiago, com a Grã Cruz da Ordem Militar de Cristo pelo Presidente Ramalho Eanes, em 1983 e com a Grã Cruz da Ordem do Infante pelo Presidente Mário Soares, de quem foi colaborador, em 1995.
Sócio da Academia Brasileira de Letras, da Academia das Ciências de Lisboa, e da Academia Internacional de Cultura Portuguesa, foi também presidente da Comissão de Avaliação do Mérito Cultural e administrador da Fundação Oriente.
Esquecer o autor, lembrar a pessoa
Inês Pedrosa, directora da Casa Fernando Pessoa, lembrou, em declarações à TSF, o “homem de causas”: “Foi um homem de causas, dos direitos do homem e da democracia. Mas temo que seja esquecido enquanto escritor para ser lembrado enquanto pessoa”.
Uma figura marcante da cultura portuguesa
O deputado e poeta Manuel Alegre lamentou também a morte do escritor e amigo António Alçada Baptista, de 81 anos, e descreveu-o como uma "figura marcante da cultura portuguesa".
Em declarações à Agência Lusa, Manuel Alegre sublinhou ainda o papel político do ensaísta e romancista nascido na Covilhã, em 1927, "na luta pela democracia em Portugal".
"Era uma figura multifacetada, com uma cultura vastíssima, e um homem muito afectuoso nas suas relações, com os amigos e a família", recordou o poeta.
Lembrou ainda "o papel importante" no estreitamento das relações de Portugal com o Brasil, e com os países africanos de língua oficial portuguesa.
O jornalista Baptista Bastos recordou Lusa que "conversar com Alçada Baptista era como assistir a um festival de memórias", a propósito da morte do escritor, hoje aos 81 anos.
"Era uma pessoa muito conversadora e terna. Talvez dos poucos escritores portugueses que não tinham inimigos, tal era a sua generosidade", referiu o jornalista.
Baptista Bastos lamentou que a obra de António Alçada Baptista fosse "um pouco esquecida" e apontou o livro "Peregrinação Interior I - Reflexões Sobre Deus" como sendo um dos livros mais importantes dos últimos 50 anos.
"É uma dramática interrogação do que é ser católico que devia ser lido e relido mais do que uma vez", afirmou.
O jornalista recordou ainda uma viagem que fez ao Brasil com Alçada Baptista juntamente com outros escritores e lembrou o amigo como "um excelente contador de histórias" de quem vai ter "muitas saudades".
Um estilo que marcou a diferença
A escritora Lídia Jorge destacou hoje o estilo de escrita de António Alçada Baptista, porque marcou a diferença pelo "imaginário intimista numa época em que predominava o imaginário social".
Em declarações à Agência Lusa sobre o desaparecimento do escritor de 81 anos, Lídia Jorge salientou que este imaginário diferente, sobre a relação entre as pessoas, "levou alguns a compará-lo a Virgílio Ferreira".
"Tocou-me, por exemplo, porque expunha uma espécie de lado metafísico que não era também comum na altura, e que era muito importante", salientou, comentando que Alçada Baptista "não o fazia com exuberância, mas com recato e delicadeza".
Recordou o impacto que tiveram as obras "Peregrinação Interior - Reflexões sobre Deus" (1971), e "Peregrinação Interior II - O Anjo da Esperança" (1982), sobretudo este último, "único dentro do género".
"A voz dele prolongou-se em romances como 'Os Nós e o Laços'" (1985), acrescentou a romancista, que o conheceu já como presidente do Instituto Português do Livro, nos anos 80 do século passado.
Era "um homem dos livros, defensor dos livros, agregador e embaixador dos escritores, o que foi muito importante na altura, e ainda hoje faz falta", sublinhou ainda a autora.
Público
......................................
SIC_VídeoRTP_Video
A máfia no seu blog "OS GRANDES COVILHOCOS", prestou a justa homenagem 3 de Fevereiro de 2007. Queremos aqui deixar uma última homenagem ao escritor António Alçada Baptista
Sem comentários:
Enviar um comentário