quinta-feira, dezembro 11, 2008

Apresentação_"O Movimento Operário da Covilhã - Volume II (1907-1926)" & "Vou Contar Duas Histórias"

A Câmara Municipal da Covilhã informa que no dia 19 de Dezembro, pelas 18:00 horas, vai ter lugar no Salão Nobre dos Paços do Concelho a apresentação de duas obras literárias:

"O Movimento Operário da Covilhã - Volume II (1907-1926)", de António Rodrigues Assunção. Este professor e investigador, que viveu durante dez anos com os operários do princípio do século passado, centra este segundo volume da sua obra nas lutas que se viveram no operariado da Covilhã durante início do século XX.

"Vou Contar Duas Histórias" - A escritora Fátima Vaz apresenta neste livro a história de "Míria - A Estrela da Serra" e "O Menino que queria ser Príncipe".


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António Rodrigues Assunção

HÁ UM novo historiador da Covilhã. O seu nome é Assunção. Ele vive ali para os lados da antiga ponte Mártir- im- Colo e leva uma vida pacata de professor e de investigador mas durante dez anos viveu com os nossos operários do princípio do século XX. Há cem anos os operários morriam de fome na Covilhã. Trabalhavam 18 a 19 horas por dia e diante das máquinas estavam também as crianças de 6 a 10 anos, de noite e de dia. Era também o tempo das greves. Um jornal da época, “A Estrela”, conta a crise: “O chefe da casa, rapaz novo e robusto, não trabalhava há muito. No meio da casa a mulher arde em febre iludindo o estômago com água de café... as três crianças aconchegam-se em volta da bruxa...”. Assunção viveu estas lutas contra a miséria e contra os patrões e depois lá esteve na famosa greve de 1909 contra Thoratier. Este alemão irascível, que tratava os operários de burros e saloios, director técnico da firma “Campos Mello“, despedira o tecelão José Bernardo Gíria por defeitos encontrados no seu trabalho de tecelagem e isto deu origem a uma das maiores greves de que há memória na Covilhã... É desta odisseia extraordinária e de outras de que nos fala o professor Assunção no seu meritório livro “O Movimento Operário da Covilhã “, que saiu agora e que nós todos devemos ter em casa... Se encontrarem na rua o Professor alto e ruço falem-lhe... É que há uma continuação... O professor Assunção sabe e nós também sabemos: os filhos de Adão sempre pecaram, os filhos da Covilhã sempre cardaram...

CRÓNICA - A génese ensanguentada - Manuel da Silva Ramos
Jornal do Fundão

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