- Criou a Discoteca “&Companhia” há 12 anos, tornando-se num dos locais mais emblemáticos de diversão nocturna da Covilhã. Como surgiu a ideia?
- A discoteca apareceu porque, na altura, havia uma lacuna. Salvo erro, existia a discoteca Número Um, a Fábrica e a EKU. Eu pretendia abrir um bar, porque estava a gerir o Barra D. João, e queria algo maior. Levantou-se a hipótese de o fazer actual na sala Caribe [pista mais pequena da &Companhia]. Esse bar chegou a ser construído, mas, por sugestão do meu senhorio, acabei por tomar conta da totalidade do edifício, pois não eram necessárias muitas obras para a sua adaptação a discoteca. E foi assim que nasceu a “&Companhia”.- Tem sido um negócio de sucesso?
- Ao longo destes 12 anos, o negócio tem resultado. Em média, o número de pessoas na discoteca em cada um dos dias fortes - terças, quintas e sábados - ronda actualmente o mesmo número de 1995, ou seja, entre 700 a mil pessoas. Quando tem só 400, já se diz que é uma noite fraca. Os espaços dos meus concorrentes de profissão são talvez mais acolhedores.
Recentemente optámos por fechar às terças-feiras, até porque o ritmo da noite mudou. Um dos factores que a influenciou foi o Processo de Bolonha, na Universidade da Beira Interior (UBI). Há menos gente na rua durante a semana, ou melhor, há uma concentração em dias específicos, nomeadamente à quinta-feira. Em 1995 e nos anos seguintes, trabalhava-se bem quase todos os dias e hoje isso acontece só à quinta-feira. Provavelmente, os alunos da UBI dedicam-se mais aos estudos do que no passado.
- A vida da universidade influencia a forma como gere o seu negócio...
- Esse é um fenómeno engraçado, porque quando não estão cá os alunos da UBI, vêm os estudantes universitários naturais da Covilhã, mas que estudam fora. Isso leva a que a discoteca funcione praticamente igual ao longo de todo o ano.
- Como são os hábitos de consumo dos clientes?
- No que respeita ao álcool, temos duas hipóteses: vender cerveja ou bebidas «brancas». Fiz a opção de vender mais cerveja, colocando-a a um preço mais competitivo. Logo, essa é a bebida mais consumida. Depois, em termos de quantidade, segue-se a água e a vodka.
- Diz-se frequentemente que a diversão nocturna é um dos motivos para alguma perturbação social, nomeadamente pelo excessivo consumo de álcool. Que comentário lhe merece?
- Eu estou convencido que esse é um mal global, não é da Covilhã, Castelo Branco ou Lisboa. Não vale a pena branquear a questão. O problema que se coloca é este: imaginemos mil pessoas no mesmo espaço, como acontece frequentemente na “&Companhia”. Basta que apenas uma pessoa arranje problemas, levando a que as restantes pessoas pensem «isto está tudo doido». Mas foi só uma 0,1 por cento do total a causar a confusão. Quem já causou distúrbios não volta a entrar. Felizmente, até hoje, nunca houve qualquer incidente muito grave na “&Companhia”.
- É uma área de negócio que necessita de uma constante actualização, nomeadamente a nível musical?
- A evolução informática fez com que houvesse uma alteração muito grande nos últimos anos. Penso que existe uma lacuna legislativa neste campo. Durante muitos anos, deslocava-me com o meu “disk jockey” às principais lojas de discos e gastava-se 500 euros ou mais em música, quase todos os meses. Agora já não gasto dinheiro em música há bastante tempo. Ela aparece e são os “disk jockeys” os responsáveis. Mas, eu tenho a minha pasta de música, porque não coloco cópias. No entanto, há mais actualizações a ter em conta, como, por exemplo, a nível de luzes, a que dou especial atenção.
- A empresa Olá Noite tem sido responsável directa pela organização das recepções ao caloiro e semanas académicas da UBI, através do regime de concessão. Qual o balanço?
- O panorama está de tal forma complicado que um empresário que cumpra todas as regras (pagamento aos funcionários, impostos e segurança social) tem muito pouca margem de lucro. Não enriqueci com este negócio. Considero que eu e a minha família temos um nível de vida razoável.
Quanto à organização dos eventos, prefiro dar a minha opinião pessoal e não de empresário. Os custos de organização pela Associação Académica são muito elevados e, para nós, nem tanto, porque já possuímos uma infra-estrutura para acolher a festa. Nós somos profissionais e isso faz a diferença na gestão dos custos.
Visado em queixa sobre alegada agressão na via pública
“Caso está entregue à Justiça”
- Recentemente, o seu nome fez parte de uma queixa entregue no Ministério Público como tendo protagonizado uma agressão a outra pessoa na via pública, na madrugada de 18 de Abril. Que comentário tem a fazer sobre esta questão? Como afecta a sua imagem pública?“Caso está entregue à Justiça”
- Isso são questões que estão em segredo de justiça e não podem ser faladas. Critico que a imprensa fale deste tema, porque é para ser tratado no local próprio. Ou seja, é um caso que está entregue à Justiça e não tenho de falar dele.
Quanto à minha imagem pública, poderá ter ficado afectada, até ao dia em que tudo fique esclarecido e se chegue à conclusão das razões para que determinadas coisas aconteçam. Nessa altura, a verdade virá ao de cima.
“Combater novidade com novidade”
- Um novo concorrente vai abrir na zona da Estação. Tem algum tipo de estratégia preparada para que os seus clientes não “fujam”?- A resposta é fácil. Não existe nada que possa ser feito contra a novidade. A única estratégia que pode haver é combater novidade com novidade.
- Desde a sua criação, a discoteca “&Companhia” já passou por várias remodelações. Está nos seus planos criar uma nova imagem?
- Sim, uma grande revolução está a ser equacionada. Também já merece, porque as exigências são mais elevadas. Algo que vai ser construído a curto prazo são casas de banho para deficientes motores. A decoração também vai ser completamente alterada.
Diário XXI
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