quarta-feira, dezembro 27, 2006

Mentira? Não será bem, mas...

O artigo publicado ontem(à umas semanas atrás) na página 108 da Visão tem aspectos deveras interessantes. Veja-se este excerto:
A Turistrela, propriedade de uma família da Covilhã e, em 2%, do estado [...]


Isto é estrictamente verdade. No entanto, ao ler isto, um leitor que não conheça a verdadeira verdade pode muito bem imaginar uma simpática empresa familiar, propriedade de um casal de montanheses, boas pessoas, afáveis e bonacheironas, sentados à soleira, sorridentes, os rostos tisnados pelo sol, a porta sempre aberta e gargalhadas alegres dos filhos pequenos que, vestidos com calções com suspensórios e camisinhas brancas, brincam no prado, entre as cabrinhas. E isto é que já não é bem, bem, verdade. Enfim, um sinal incongruente aparece naqueles 2%, mas trata-se de uma pormenor que facilmente se despreza.
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Ora, o jornalista da Visão responsável pelo "artigo" (se está à altura do nível de referência que a Visão constitui) sabe bem que, ao ler aquele excerto, mais facilmente o leitor imagina esta ficção do que a realidade que passo a descrever: a Turistrela é, nos termos da lei (ver o Decreto-Lei nº 408/86 de 11 de Dezembro), a empresa que detém a concessão exclusiva do turismo e dos desportos no território da Serra da Estrela, ou seja, é (repito, nos termos da lei) um monopólio privado. Foi constituida como um monopólio estatal no tempo do governo de Marcello Caetano (1971), atravessou nessa qualidade o PREC, tendo-se convertido ao sector privado em 1986 (pelo decreto que citei acima). A Turistrela polui gravemente, e de forma desavergonhadamente evidente (como se mostra em várias fotografias publicadas neste e noutros blogs) todos os locais onde actua.
Nada mau para uma simpática empresa familiar...



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