Os malianos Tinariwen praticantes de um rock’n’roll abrasivo, psicadélico, hipnótico e de intervenção, a partir do deserto do Sara, são um projecto de Ibrahim formado no início dos anos 80 num campo de refugiados de tuaregues. Estes músicos chegaram a pegar em armas para combater o governo do Mali numa luta pela autodeterminação da sua tribo.Os Tinariwen são o paradigma dos blues do Norte de África. E «Aman Iman: Water In Life» é um testemunho de rock`n`roll por quem conhece vagamente os Rolling Stones. «Aman Iman. Water In Life» é, aparentemente, fruto do exotismo. Para os menos familiarizados, poderá soar estranho, embora distante de linguagens freak, pela invulgaridade dos sons. Mas será que estamos na presença de uma música tão diferente da ocidental? Produzido por Justin Adams (colaborador e parceiro de Robert Plant), «Aman Iman: Water In Life» revela uns Tinariwen a explorar formatos relativamente convencionais embora utilizando as suas ferramentas. Isto é, são canções com guitarras eléctricas compostas por linhas vocais árabes, e que trocam a bateria pela simples percussão. Os blues do Norte de África conhecem aqui uma aproximação às estruturas mais convencionais que se conhecem (versos, refrões e solos no centro da questão) sem que se perca a genuinidade de uma banda conhecida e reconhecida dentro da grande família world music, com mais de duas décadas de existência. «Aman Iman; Water In Life» é um convite à dança servindo-se das leis do rock'n'roll. É como que retroceder aos tempos de Robert Johnson ou Hank Williams e esquecer que, desde aí, existiram os Beatles e os Rolling Stones. Os Tinariwen são um eterno termómetro de altas temperaturas, em todos os sentidos.
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