«Apesar do último nevão, as condições de gelo uma vez mais este Inverno não eram as melhores: escasso e de medíocre qualidade.
De facto, apenas a “Cascata Encaixada” do Covão do Ferro e o “Loriga Ice Paradise” no Vale de Loriga, lá está, salvaram a honra do convento e saciaram as afiladas laminas dos piolets e crampons de morderem este efémero elemento gelado.
E desta, ambas as zonas nos surpreenderam. Uma das mais fascinantes características da escalada em gelo, é precisamente esse factor surpresa. Cada Inverno é diferente, cada dia é distinto, cada cascata é desigual a si própria no Inverno ou mesmo no dia anterior. Um mundo efémero em constante mutação. Um mundo frio, gelado, inóspito…mas de um carácter entusiasmante. Cada golpe de piolet é a chave de um enigma, cada patada de crampons é um passo a desvendar.
Em Dezembro de 2001, apesar de não haver um floco de neve a cair do céu, uma vaga de frio assolou o continente. A maioria dos cursos de água da Serra gelaram, e ao não haver neve, sobressaíram perante os olhares mais atentos. Uma esbelta linha gelada marcava a sua presença neste Covão. E porquê nunca havíamos nela reparado? Talvez devido a alguma desatenção, mas principalmente porque em anos de neve considerável ela simplesmente sobrevive soterrada sob o manto branco. Neste já longínquo ano, 12 meses depois do anunciado fim do mundo, na companhia do Nuno Soares “Larau” e do Hélder Massano, abríamos os dois primeiros lances desta cascata e por algumas horas navegamos ao ritmo daquele encaixado mundo. Apesar da tentativa, o 3º lance encontrava-se impraticável, e amargurados tivemos de “fugir” por uma escapatória de ressaltos rochosos, a qual hoje talvez em jeito de inconsciente auto-penitencia, comummente apelidamos de «Escapatória dos Cobardes».
Não sei se quererá dizer algo mais (do que simples azar), ou terá algum mais obscuro significado (cobarde!), mas a verdade é que Inverno após Inverno, nunca encontrei o ultimo largo em condições favoráveis. Inexplicavelmente, no único dia de um fim-de-semana do Inverno de 2005 em que por motivos que não recordo não pude peregrinar uma vez mais à Serra, o Paulo Roxo, a Daniela Teixeira e o Paulo Alves têm a ousadia de encontrar a totalidade desta cascata nas mais e melhores invejáveis condições. Grrrrrrrrr… pouca sorte a minha!
Às 5 da manhã do dia seguinte, apesar de um aumento brusco da temperatura, encontrava-me de novo na base desta Cascata desta vez na companhia do Bruno Gaspar. E para quê? Porque sim…porque é fixe conduzir duas horas que nem um maluco, dormir pouco e mal, despertar de madruga, ver que está uma temperatura de merda, caminhar até à sua base e ao 1º golpe…zás…derrubar quase meia cascata. Muita fixe! Que bela deve ter sido a escalada dos outros três ontem! Grrrrrrrrrr…nenhuma sorte a minha!
Mas…mas no sábado passado tudo se alterou. A temperatura estava alta, o gelo “chorreava” água em abundância, mas nós lá fomos! Um largo (cascata inicial), dois largos (neve e ressalto de gelo), três largos (cascata final encaixada na chaminé), zás! F###-se desta foi de vez.»
De facto, apenas a “Cascata Encaixada” do Covão do Ferro e o “Loriga Ice Paradise” no Vale de Loriga, lá está, salvaram a honra do convento e saciaram as afiladas laminas dos piolets e crampons de morderem este efémero elemento gelado.
E desta, ambas as zonas nos surpreenderam. Uma das mais fascinantes características da escalada em gelo, é precisamente esse factor surpresa. Cada Inverno é diferente, cada dia é distinto, cada cascata é desigual a si própria no Inverno ou mesmo no dia anterior. Um mundo efémero em constante mutação. Um mundo frio, gelado, inóspito…mas de um carácter entusiasmante. Cada golpe de piolet é a chave de um enigma, cada patada de crampons é um passo a desvendar.
Em Dezembro de 2001, apesar de não haver um floco de neve a cair do céu, uma vaga de frio assolou o continente. A maioria dos cursos de água da Serra gelaram, e ao não haver neve, sobressaíram perante os olhares mais atentos. Uma esbelta linha gelada marcava a sua presença neste Covão. E porquê nunca havíamos nela reparado? Talvez devido a alguma desatenção, mas principalmente porque em anos de neve considerável ela simplesmente sobrevive soterrada sob o manto branco. Neste já longínquo ano, 12 meses depois do anunciado fim do mundo, na companhia do Nuno Soares “Larau” e do Hélder Massano, abríamos os dois primeiros lances desta cascata e por algumas horas navegamos ao ritmo daquele encaixado mundo. Apesar da tentativa, o 3º lance encontrava-se impraticável, e amargurados tivemos de “fugir” por uma escapatória de ressaltos rochosos, a qual hoje talvez em jeito de inconsciente auto-penitencia, comummente apelidamos de «Escapatória dos Cobardes».
Não sei se quererá dizer algo mais (do que simples azar), ou terá algum mais obscuro significado (cobarde!), mas a verdade é que Inverno após Inverno, nunca encontrei o ultimo largo em condições favoráveis. Inexplicavelmente, no único dia de um fim-de-semana do Inverno de 2005 em que por motivos que não recordo não pude peregrinar uma vez mais à Serra, o Paulo Roxo, a Daniela Teixeira e o Paulo Alves têm a ousadia de encontrar a totalidade desta cascata nas mais e melhores invejáveis condições. Grrrrrrrrr… pouca sorte a minha!
Às 5 da manhã do dia seguinte, apesar de um aumento brusco da temperatura, encontrava-me de novo na base desta Cascata desta vez na companhia do Bruno Gaspar. E para quê? Porque sim…porque é fixe conduzir duas horas que nem um maluco, dormir pouco e mal, despertar de madruga, ver que está uma temperatura de merda, caminhar até à sua base e ao 1º golpe…zás…derrubar quase meia cascata. Muita fixe! Que bela deve ter sido a escalada dos outros três ontem! Grrrrrrrrrr…nenhuma sorte a minha!
Mas…mas no sábado passado tudo se alterou. A temperatura estava alta, o gelo “chorreava” água em abundância, mas nós lá fomos! Um largo (cascata inicial), dois largos (neve e ressalto de gelo), três largos (cascata final encaixada na chaminé), zás! F###-se desta foi de vez.»
Sem comentários:
Enviar um comentário