Apreensão de droga bate recordes no distrito

Em Castelo Branco, haxixe e ecstasy no topo

A quantidade de haxixe e ecstasy apreendida pelas autoridades no distrito de Castelo Branco tem vindo a crescer nos últimos três anos, enquanto que a heroína perde terreno. Em 2006 a quantidade de cocaína, haxixe e ecstasy apreendida disparou, mas há explicações para este fenómeno.

Mais cocaína, mais haxixe e mais ecstasy. As forças de segurança confiscaram no ano passado mais droga que no ano anterior, no distrito de Castelo Branco. A heroína parece ser a única droga em queda, pelo menos tendo em conta o número de apreensões. De 2004 para 2006 a quantidade de heroína apreendida no distrito pelas autoridades caiu quase para metade, passando de 64,971 gramas para 36,740 gramas. Quanto à cocaína, esta substância registou um aumento de apreensões no distrito, passando de 9 gramas em 2005 para quase 319 em 2006. Estes dados fazem parte do relatório da actividade desenvolvida em 2006 na luta contra o tráfico de estupefacientes, apresentado na passada semana na sede da Polícia Judiciária, em Lisboa. Do relatório constam as quantidades apreendidas pela PJ mas também por outras entidades, como a PSP, GNR, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras ou a Direcção Geral dos Serviços Prisionais, entre outras. No distrito de Castelo Branco salta à vista a quantidade de ecstasy apreendido em 2006. Ao todo as autoridades deitaram a mão a 2 922 unidades desta droga sintética, apresentada habitualmente aos consumidores em forma de pastilhas ou comprimidos. Em 2005 foram apreendidas 83 unidades e em 2004 apenas três. A Policia Judiciária é cautelosa na hora de procurar razões para esta subida. Fonte da PJ, contactada pelo Reconquista, explica que este aumento “não quer dizer que Castelo Branco seja um distrito com um grande número de consumidores de ecstasy”, uma droga cuja expansão, diz o mesmo responsável, deriva de “uma realidade urbana e suburbana”. A explicação para este fenómeno, diz a mesma fonte, poderá estar nas apreensões levadas a cabo no mês de Agosto, que coincidiu com o Boom Festival em Idanha-a-Nova. Num único dia, a PJ e a GNR de Idanha-a-Nova apreenderam haxixe, ecstasy, LSD e cocaína “que dariam para milhares de doses individuais”, segundo uma fonte da PJ citada na mesma altura. Nesta operação foram detidos dois indivíduos que utilizavam uma caravana para vender droga no recinto do Boom. Na mesma altura, a 2 e 3 de Agosto, a GNR de Idanha-a-Nova deteve onze pessoas por posse de cocaína e haxixe, durante uma operação stop realizada nas estradas daquele concelho. Mas já a meio do ano, dois meses antes do Festival Boom abrir as portas, a quantidade de cocaína e haxixe apreendida pelas autoridades nos primeiros seis meses de 2006 ultrapassava os valores de todo o ano anterior. Especialmente do haxixe que nessa altura rondava já as 10 mil gramas apreendidas. E em 2004, ano em que o Boom também passou por Idanha, as quantidades de haxixe e ecstasy detectadas pelas autoridades ficaram aquém do registado em 2006. O facto de haver mais droga apreendida não quer dizer necessariamente que o consumo nessas zonas aumentou. Se a análise fosse feita desta maneira, então o concelho de Idanha-a-Nova era um sério candidato a maior consumidor de droga ao longo de 2006 no distrito, devido ao Boom, onde participam milhares de pessoas de vários pontos de Portugal e do resto do mundo, que findo o festival voltaram a casa. O responsável da PJ, ouvido pelo Reconquista, dá outro exemplo. Segundo as estatísticas, uma das freguesias que lidera as apreensões de droga em Portugal é a dos Olivais, em Lisboa. Mas o grosso da droga apreendida nesta freguesia tem uma origem definida: o aeroporto da Portela. E o mesmo acontece no Porto. De regresso ao distrito de Castelo Branco, vale a pena lembrar que em Julho do ano passado, durante uma reunião do Plano Nacional de contra a Droga que aconteceu no Governo Civil, os participantes admitiam que o distrito tinha níveis de consumo de haxixe superiores à média nacional. Na mesma ocasião, o ecstasy era apontado como uma das drogas com tendência de crescimento de consumo na região. Kaminhos