Telmo Martins realiza Um Funeral à Chuva, a sua primeira longa-metragem da carreira. Com o filme praticamente a estrear nas nossas salas de cinema, estivemos à conversa com o realizador e a descobrir um pouco mais este Um Funeral à Chuva.
Antes de mais, e porque este é um ponto que deixa certamente muitas pessoas curiosas, como é que se faz um filme como «Um Funeral à Chuva» sem praticamente qualquer apoio financeiro?
Telmo Martins (TM): Com muita determinação, crença, amor e trabalho árduo. Com uma equipa de super profissionais e acima de tudo excelentes amigos, disponíveis para chorar e rir num caminho que já se sabe à partida, muito sofrível e desgastante. E ainda com o apoio de outros amigos, empresas e profissionais que também eles, acreditam que sim, é possível.
«Um Funeral à Chuva» nasceu através de uma ideia de vários amigos no qual se insere. Existem no filme situações que marcaram o seu percurso académico e que agora passou para esta história?
TM: Embora o filme não seja autobiográfico, é inevitável que contenha situações que me aconteceram e marcaram, assim como sentimentos e memórias dos quais nunca me conseguirei separar. O percurso académico pode ser um período da vida muito especial e único, que é impossível esquecer.
Quando é que surgiu pela primeira vez a ideia de fazer este filme? Lembra-se onde estava quando isso aconteceu?
TM: Estava nos Açores em férias e procurava um tema para começar a esboçar algumas ideias. Através de uma conversa, por telefone, com o meu amigo e actor Luís Dias, surgiu uma premissa embrionária que deu origem ao guião escrito por Luís Campos.
Uma vez que existe muita tradição no nosso país a nível académico, sente que vai haver uma grande receptividade por parte do público jovem ao seu filme?
TM: Espero que sim. Um Funeral à Chuva retrata a amizade no seu estado mais genuíno e verdadeiro que, neste caso, surge na Universidade e no quotidiano académico. É um filme divertido, bem-disposto, que espero ter a capacidade de fazer com que todos reflictam um pouco sobre a vida. Mas, acima de tudo, é um filme que fala de todos e é para todos.
No entanto, este não é um filme apenas para os mais jovens, correcto?
TM: É um filme para todos. É uma história com camadas de interpretação diferentes, que no final levam à mesma ideia principal e às mesmas reflexões. Os mais novos verão o filme de um modo e os mais velhos de outro, embora, no final, tirem as mesmas conclusões.
Sendo o elenco praticamente todo ele composto por jovens actores, sente que também eles vibraram com esta história de amizade?
TM: Sim, embora alguns não tenham passado por uma experiência académica vibrante, passados poucos dias de rodagem já a sentiam. A amizade e, como não poderia deixar de ser num projecto com estas características, esteve presente entre todos, desde o início.
Pelas imagens que podem ser vistas no trailer oficial, existem certos momentos que parecem fazer lembrar o cinema de autores como Jason Reitman e Wes Anderson. Estes realizadores funcionaram, de certa maneira, como influências?
TM: Inconscientemente, talvez.
O filme ainda não estreou nas salas de cinema mas já tem vindo a mobilizar várias pessoas. Só no Facebook contam com mais de 4.000 fãs e já foram noticiados em diversos sites, jornais e blogues. Para além disto, estiveram também a promover «Um Funeral à Chuva» em várias festas académicas com bastante sucesso. O que é que todo este carinho demonstrado pelos portugueses significa para si?
TM: Esperança. Que o filme tenha um bom percurso comercial e que todos comecem a acreditar. Que deixem de estar acorrentados à ideia de crise e comecem também a lutar pelos seus sonhos e futuro.
Falando agora no cinema português, quais são para si as maiores dificuldades em fazer cinema no nosso país?
TM: O panorama cinematográfico nacional é muito complexo. Fazer cinema, tecnicamente, é bastante complexo e pesado. São sempre necessários muitos recursos humanos e técnicos e, inevitavelmente, algum dinheiro, por muito pouco que seja. O cenário do cinema independente é ainda mais complicado, devido a uma grande dificuldade: A falta de tempo. Tem que ser tudo feito muito rapidamente e sem grande margem para erros. No entanto, fazer cinema até poderia ser muito simples, se os portugueses começassem a gostar de ver obras faladas em Português. Isto permitiria, não só recuperar o dinheiro investido, como também avançar para novos projectos.
Em declarações à Agência Lusa em Dezembro de 2009, referiu que «Um Funeral à Chuva» “não é uma seca de filme português, é divertido. Não quer dizer que seja ‘comercialóide’, sem mensagem.”. Esta afirmação funciona como uma espécie de crítica ao estado actual em que o cinema português se encontra?
TM: Não directamente. Apenas quis dizer que o cinema Português se encontra quase sempre num de dois extremos. Cinema de Autor e Cinema Comercial sem conteúdo absolutamente nenhum. Humildemente, neste filme, tentei localizar Um Funeral à Chuva a meio desta escala.
Se o filme fosse produzido noutro país, acha que a mensagem desta história iria passar da mesma forma?
TM: Sim, acho que sim. A amizade é um tema universal.
Depois da grande aventura que foi realizar este filme, por sinal a sua primeira longa-metragem, o que é que podemos esperar do Telmo Martins futuramente? Está já a preparar um novo filme?
TM: Honestidade, paixão e verdade em todos os trabalhos que, se Deus quiser, farei. A preparar ainda não, mas a pensar, sim.
Gostaria de deixar alguma mensagem especial aos leitores do Ante-Cinema?
TM: Acreditem tanto neste projecto como nós. Embora a uma primeira impressão possa ser difícil de ver, este é um projecto de todos e que, caso seja um sucesso comercial, provará que tudo é possível e que todos os sonhos são concretizáveis.
NOS CINEMAS A 3 DE JUNHO
Site Oficial: www.umfuneralachuva.com
Fotos: Lobby Productions e ZON Lusomundo
3 comentários:
Bom exemplo para outros jovens, que que mostra que apesar dos obstáculos (que neste país vão sendo muitos), devemos lutar sempre para concretizar os nossos sonhos. Com empenho, força, originalidade conseguimos chegar lá!
Fui ver ontem o filme!
5Estrelas, fantástico...
Não é um filme perfeito, porque não o é, mas é um filme que coloca toda uma plateia a rir de início ao fim, um filme que faz recordar, faz viver e reviver e um filme que faz pensar no passado, no presente e no futuro.
Para mim, este filme encontra-se entre os 5 melhores filmes feitos em Portugal.
Qual Soraia Chaves quais Corrupções... Um Funeral à Chuva!!!! Vão ver... divertam-se e ajudem o cinema português de qualidade.
Filme 5 estrelas??? Anónimo das 5:16 PM, só podes mesmo ser amigo do realizador...
Para além de monótono e sem "sumo" absolutamente nenhum, o filme está repleto de gaffes incompreensíveis (nem um amador seria capaz de tamanhas façanhas). Desde a cena em que o morto está no caixão com as pestanas constantemente a mexer (há técnicas para disfarçar estes pormenores, ou será que não??), ao facto de enterrarem um caixão em pleno Covão d'Ametade (não sabem que a lei portuguesa e de qualquer outro país civilizado proíbe que se façam enterros em qualquer local que não seja um cemitério??)...
Mas poderia estar ainda aqui a falar de actores (aquela rapariga morena do grupo de amigos é má demais para ser verdade), só que creio que não vale mesmo a pena perder mais tempo com uma produção deste fraco calibre.
Sem dúvida o dinheiro mais mal empregue que dei nos últimos anos para assistir a uma sessão de cinema!
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