Há alguns dias, em conversa com um jovem lamentava o tom anónimo e clandestino de dois Blogs que escrevem sobre a Covilhã: Mafia da Cova e Carpinteira. Respondeu-me o meu interlocutor literalmente que há uma geração que não tem condições para assumir o que diz e sofrer as represálias equivalentes. E isso - o medo das represálias (leia-se o negócio preterido, o emprego recusado)- seriam motivos que justificariam a atitude clandestina e anónima dos fautores deste Blogues.
Repare-se: Mafia da Cova e Carpinteira são dois blogues bem feitos. Não sendo particularmente seguidores dos poderes instituídos também estão longe de manterem o espírito crítico "desligado" no que respeita à oposição (a qual, diga-se bem merece umas aguilhoadas a tempo). São razoavelmente escritos. Por vezes são mesmo muito bem escritos. Têm sentido de oportunidade.
Porém, por princípio, sou contra a escrita que não assume uma assinatura seja ela individual ou colectiva. Até pelos riscos que esse tipo de circunstância quando a matéria é a actualidade. Não sou contra um escritor que escreva sobre pseudónimo, Mas os blogues são, para citar um famoso autor americano que escreve sobre comunicação e política, "proto-jornalismo". Escrevem sobre factos sem revelar fontes, por exemplo.
Apesar dos princípios que enuncio no post anterior, recordo-me da circunstâncias em que que por vezes dei conta do modo como se faz jornalismo no interior: a suposição balbuciada que sem bom comportamento institucional para com o edil se fica privado da impressão do boletim municipal; a história infelizmente esquecida de um elegante autarca que mandara um piparote a um micro atrevido; ou as rádios que ou andam na linha ou não têm renda paga.
Não sou a favor do anonimato, está visto. Mas vislumbro nesse anonimato - e nos muitos comentários anónimos que acompanham estes blogues anónimos - sinais de uma esfera de debate que teme assumir a sua face. E não posso deixar de me interrogar: que condições são estas que fazem com que a opinião e a crítica sejam sobretudo anónimas? Que condições são estas que alimentam o receio?
A dimensão do fenómeno, a quantidade de leitores e comentadores envolvidos neste fenómeno anónimo faz-nos pensar nas condições de democracia e de liberdade de imprensa na esfera publica covilhanense.
Não sou a favor do anonimato, está visto. Mas vislumbro nesse anonimato - e nos muitos comentários anónimos que acompanham estes blogues anónimos - sinais de uma esfera de debate que teme assumir a sua face. E não posso deixar de me interrogar: que condições são estas que fazem com que a opinião e a crítica sejam sobretudo anónimas? Que condições são estas que alimentam o receio?
A dimensão do fenómeno, a quantidade de leitores e comentadores envolvidos neste fenómeno anónimo faz-nos pensar nas condições de democracia e de liberdade de imprensa na esfera publica covilhanense.
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4 comentários:
Então e o Grémio?
Oh é isso ou é a irresponsabilidade e o facilitismo que o anonimato permite.
Irresponsabilidade que o anonimato permite, anónimo "anónimo"?
Vá se catar, néi?!
Nem toda a gente pode ter um bom tacho na UBI como este senhor e vir para aqui falar sobre questões de anonimato quando o que está em causa é uma critica... O anonimato é só para alguns. Isto é como nas relações, o corno é sempre o ultimo a saber...
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