sexta-feira, dezembro 07, 2007
Extrawelt e o Neo-Trance
Em pouco mais de dois anos os Extrawelt, projecto de Hamburgo, passaram de incógnitos a embaixadores de uma sonoridade. Poderemos chamar-lhe neo-trance?
Trance. Palavra maldita. Se por um lado activa na memória espectáculos grotescos movidos a evangelismos de Tiesto, por outro, quando ligado a outro termo estigmatizado (o vocábulo “psicadélico”), aí a maldição entra quase no domínio do irracional. Poderia ser assim, ficarmos toldados por interpretações fáceis sobre um tipo de música, não fosse uma nova geração de produtores ter surgido nos últimos anos para desafiar conceitos cristalizados. Um deles foi, precisamente, o de trance.
Nathan Fake foi um dos que desafiou a noção de trance na música de dança. Disse em resposta a um apelo de auto--definição de um jornalista da revista francesa Trax, na edição de Março de 2006 que, “O conceito de crossover é a melhor coisa da nossa época”. Simples e claro. Não admira que o afirme assim orgulhosamente, afinal o seu tema de maior sucesso - «Dinamo» - não é mais do que a personificação do caminho da fusão. Sobre uma base rítmica de house minimal, preenche os espaços com diabruras psicadélicas e uma atmosfera trance é repetida e exercitada até à exaustão.
Mathew Jonson é outro argonauta das interrogações sobre o estado de trance, produtor do tema «Marionette», que está para este decénio do século XXI como «Interstellar Overdrive», dos Pink Floyd, esteve para os anos 60 do século XX.
E os nomes multiplicam-se, podemos ir na direcção de Paul Kalkbrenner, Dominik Eulberg (não será «Harzer Roller» neo-trance por excelência?), Superpitcher (numa inflexão trance carregada de atmosferas românticas), Petter, James Holden, Efdemin ou Fairmont e a editoras como Sender, Areal, Traum ou Border Community. O neo-trance, sinal dos tempos, integra--se em diversos filões: do minimal ao re-emergente deep house, não tem medo de usar as impulsões rítmicas do electro, utiliza as melodias com a sapiência do comedimento e está aberto ao mundo. “Gosto de falar em música de dança melódica em vez de trance”, resumia Nathan Fake à Trax.
Foi no meio deste turbilhão nascido pela desconstrução de conceitos que surgiram os Extrawelt...
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